CAPÍTULO 13: Casa nova, pessoas novas, encontros novos e dores antigas

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Acho que esqueci como ser feliz
Algo que não sou, mas que posso ser
Algo pelo qual espero
Algo para o qual fui criada
What Was I Made For?,
Billie Eilish

...

ATUALMENTE

Y A S M I N

— O que seria isso exatamente, André? — Meus olhos escrutinham com atenção a construção majestosa a minha frente, mas não consigo ter uma reação a mais que a dúvida.

Claro que a casa é linda num misto de moderno com revestimentos rústicos que trazem uma sensação de conforto e ascenção, além da arborização perfeita ao redor, como a grama bem aparada, as altas árvores retorcidas para dar um contraste e os canteiros de plantas silvestres abaixo das janelas e paredes externas. Para completar, se localiza mais ao longe dos grandes prédios de Floripa em um dos condomínios mais bem protegidos e novos da cidade, financiado pela minha empresa. Isso, sem contar com o cheiro de floresta nativa misturado ao café recém-coado por algum vizinho que me agrada muitíssimo...

O homem usando uma calça de alfaiataria, blusa gola polo branca e sapato social coloca as mãos na cintura e sorri de um jeito convencido.

— Sua nova casa, gata!

Ergo uma sobrancelha e o olho, desconfiada.

Fazia pouco mais de três semanas que havíamos nos conhecido, e André se demonstrou ser alguém bastante comunicativo e sociável ao ponto de eu já saber que ele tem trinta anos, veio de uma família pobre de Alagoas, deu a volta por cima na vida, tem gostos preferenciais por roupas de grife, usa maquiagem todo santo dia, é bastante perfeccionista e persistente no trabalho como corretor de imóveis, tornou-se um pseudoarquiteto nas horas vagas, mora com o noivo num apartamento no centro da cidade e é um dos melhores no ramo que atua aqui na região.

— E por que eu vou querer uma nova casa?! Acredito que a minha atual está ótima. — Pergunto retoricamente, mas André não parece se importar ao dar de ombros.

— Meus anos de experiência com clientes insatisfeitos ou tristes por algum motivo me disseram que você não quer, mas precisa.

Engulo em seco discretamente.

Depois do que aconteceu na semana passada com o pedido oficial de divórcio por parte de Bruno, cada cômodo daquele lugar me remete a memórias boas e dolorosas.

— Portanto, fiz uma análise das coisas que mais te interessam e encontrei esta mansão mediana, já que o exagero não combina com a sua personalidade. — Sorri de lado. — Aceite a casa, chefe. Fará bem para você e ainda é por conta da empresa, não irá arrancar seu braço...

Cruzo os braços na frente do peito nem um pouco satisfeita, enquanto um vento fresco bagunça meu cabelo solto e desalinha os fios escovados para trás do homem ao meu lado.

A GIC também é responsável pela venda de casas previamente prontas e alguns móveis ficam a gosto do cliente, ou seja, é nessa área que André Miranda entra, mas isso não quer dizer que eu poderia desfrutar de tal fato. Porém, antes que possa contestar, meu braço direito dentro da empresa me guia com delicadeza para dentro da casa e fala sobre como isso poderia ser vantajoso para mim, além de um exemplo vivo para as pessoas de fora.

— Está vendo?! Há muitos pontos positivos nisso tudo, chefe! Imagine como os nossos clientes ficariam satisfeitos em saber que a própria dona da GIC é uma moradora das próprias construções! — Sorri com os dentes perfeitos e, então, me leva até a sala de estar.

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