Prefiro me sufocar com minhas más decisões
Do que carregá-las para o meu túmulo
Always,
Gavin James...
NOVE MESES ANTES
B R U N O
Está tudo indo de mal a pior.
Se antes eu pensava que minha relação com Yasmin estaria melhorando após a nossa briga no dia em que saí de casa para correr como um lunático pela noite, me enganei completamente. Mesmo não forçando a barra ou tentando extrair alguma fração de verdade (mesmo querendo muito), agi da forma mais humana possível pela nossa filha que está prestes a nascer — o que só me rendeu uma esposa que me ignora vinte quatro horas por dia e um afastamento por parte minha. Se Yasmin não quer que eu respire perto dela, ela não terá.
E assim, estamos a quase duas semanas comigo dormindo no chão do quarto, enquanto ela tem insônias durante a noite pelo estresse o qual já me acostumei. Entretanto, ainda permaneço ali, ao seu lado, para ajudá-la a calçar os sapatos pela barriga enorme, para segurar seu cabelo quando a ânsia de vômito vem ou para ficar atento ao mínimo sinal de que Safira esteja querendo nascer. Muitos diriam que sou idiota por estar agindo como um capacho (inclusive eu mesmo); mas, ainda sim, algo dentro de mim me pede para ficar ali ao menos até a situação se tornar insustentável.
— Só espero que isso não chegue aonde estou cogitando que chegará... — Aperto as pálpebras com os dedos, cansado física e mentalmente.
Nos últimos tempos, fazer um pedido divórcio está se tornando uma possibilidade cada vez maior, mesmo com toda a questão das crianças, divisão de bens e etc. Minha saúde mental está por um fio e não duvido que, na menor das crises, talvez eu exploda. Carregar meu casamento nas costas é uma realidade dura e angustiante e, sinceramente, não sei mais o que fazer.
— Deus, me dê um sinal... Por favor... — Suplico com as mãos no cabelo, bagunçando os fios loiros no processo sem me importar em como eles ficarão. O cansaço é tão grande que nem me importo de receber algum paciente nessas circunstâncias.
Alguém bate na porta da minha sala.
— E falando na minha sentença... — Resmungo baixo, mas logo coloco minha melhor expressão profissional e simpática no rosto para receber o próximo paciente. Provavelmente é a senhora Rosa Santos, uma mulher idosa de setenta anos que todo dia vinte do mês vem fazer um checagem geral nos exames cardiovasculares.
Toco a maçaneta da porta para recebê-la, mas meu sorriso morre ao ver quem realmente é.
— O que faz aqui? — Fecho o semblante. — Já disse que não queria ver seu rosto nem pintado de ouro, Bella. Saia antes que chame algum segurança e você seja arrastada à força para fora do hospital.
A ruiva sorri numa falsa timidez, algo que me deixa p da vida.
Depois do que aconteceu naquele bar, cortei todas as nossas relações, excluí e bloqueie seu número na minha lista de contatos e obriguei Flávio a dar o recado de que ela nao deveria me procurar, nem mesmo se precisasse de ajuda médica. Há outros cirurgiões por aqui, não sou o único em Florianópolis.
Posso estar com meu casamento fadado ao fracasso, mas devo ao menos o respeito por Yasmin enquanto ainda tivermos essa aliança no dedo. No mais, resolveremos o resto quando Safira estiver grande o suficiente para aguentar uma separação dos pais... Será um processo complicado, mas necessário. Quando ficamos adultos, não descobrir que a vida pode te destruir por aquilo que mais ama é uma dádiva para poucos.
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Corações & Erros || ✔
Romance"E se nós tivéssemos tentado mais? Será que seria o suficiente?" O mundo não é somente feito de juras à beira-mar e sonhos de um casamento perfeito. Ele também é feito de desencontros, brigas, palavras que não deveriam ter sido ditas, traições... En...