CAPÍTULO 21: Inevitável

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Desculpe-me por ter sido tão cega
Eu não pretendia abandonar você
E tudo aquilo que tínhamos [...]

Minha ignorância ganhou mais uma vez
Eu não pude perceber isso desde o início
E te machuquei tanto
Sorry,
Halsey

...

ATENÇÃO ⚠️
Este capítulo conterá pensamentos depressivos, cuidado com a leitura.

ATUALMENTE

Y A S M I N

O arrependimento é como se milhares de navalhas perfurassem sua carne, atingissem sua alma e te dilacerassem por fim, mas acho que nem isso chegaria perto do que sinto, pois é uma dor tão indescritível que se torna inevitável não se considerar um lixo humano.

Fecho os olhos com força e coloco as mãos na frente do rosto.

— O que foi que eu fiz? — Sussurro a pergunta que vem me perseguindo na última semana como um fantasma do passado do qual não consigo me livrar.

Sentir-se culpada por algo que já deveria ter superado é como se afundar nas profundezas da própria mente, uma vez que o mundo não se resume ao agora. O passado faz parte de quem você é, ele te construiu, edificou e dilacerou, enquanto o futuro é apenas algo incerto, pois a qualquer momento podemos morrer e nem fizemos tudo aquilo que queríamos, como pedir perdão a alguém que você ama... Se há algo que eu pudesse consertar, esse algo seria nunca ter entrado naquela boate.

Solto uma lufada de ar e, por entre as frestas dos dedos, observo o pé de oliveira da minha antiga e primeira casa, deixando que uma lágrima escorra.

São tantas lembranças...

Uma boa família, mas uma mãe morta...

Um casamento dos sonhos e dois filhos perdidos...

Um bom futuro, mas uma doença terminal...

— Como pude ser tão burra? — Nesse momento, eu não passo do projeto de um carrossel de decepções que chora copiosamente no jardim dos fundos da casa onde o sonho de um casamento feliz acabou. Meus lábios tremem tanto que pareço estar tendo mais um ataque de pânico, mas não passa de mais um dia de frustações.

Bruno esteve do meu lado nos meus piores momentos e, ainda sim, eu fui orgulhosa o suficiente para acreditar que ele seria mais feliz sem mim. Entretanto, eu não tenho mais certeza de nada.

Eu não fui obrigada ou chantageada a dormir com Leonardo. Foram as minhas escolhas que me levaram àquele lugar, àquela situação, àquela humilhação e agora, não sabendo o que fazer, eu fugi. Fugi como uma covarde da minha própria família, porque não aguentava mais olhar nos olhos dos meus filhos ou do meu pai e me sentir uma traidora barata que não sabe administrar os próprios sentimentos, ou melhor, que vem mentindo para a própria família por meses. Meses!

— Mas como eu poderia olhar para eles e dizer que... Q-que eu estou..? Meu Deus, por que eu? — O choro que sai das minhas entranhas é tão forte que meu coração parece querer quebrar minha caixa torácica ao meio, enquanto a respiração é irregular e dolorosa. 

Eu esperei durante toda a minha infância e parte da minha adolescência conseguir conviver com o peso de saber que minha mãe iria morrer a qualquer instante! Eu só queria que meus filhos não crescessem com o mesmo peso e que Bruno não precisasse presenciar a própria esposa definhando pouco a pouco... Era só isso! Só isso! Nunca passou pela minha cabeça magoá-lo daquele jeito, mas, como disse antes, eu sou uma completa decepção.

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