Marília Mendonça:
— Merda!
Levanto-me lentamente da cama. São três horas da madrugada e Gustavo está batendo na porra da porta do meu quarto sem parar. Juro que se for algo fútil, eu o mato por ter me acordado no meio de uma das minhas raras noites de sono.
— O que foi? — Ao abrir a porta, me deparo com Gustavo meio bêbado, machucado e fedendo. — De novo? — Murmuro, cansada.
— Desculpe, dessa vez não foi culpa minha. — Ele entra passando por mim, indo em direção ao meu banheiro. — Eu não ia lutar, o cara que veio para cima.
— Quem te trouxe aqui? — Resolvo não prolongar o assunto. Não estou a fim de me estressar com isso mais.
— Um táxi. — Respiro fundo e solto o ar calmamente tentando manter minha sanidade.
Gustavo é totalmente problemático, não é alcoólatra ou um drogado, mas ainda assim, me dá trabalho. Sempre me deu trabalho.
Ele mudou da água para o vinho quando nossos pais morreram naquele acidente que até hoje não possui explicação.... Bom, não para eles.
Não o culpo, não foi apenas ele que mudou, sua forma de descontar a raiva é em lutas de rua ilegais, claro, isso depois de adulto. Eu encontrei minha escapatória no trabalho, dando cem por cento de mim na empresa, sem relacionamentos afetivos de qualquer tipo além do profissional. Henrique foi o equilíbrio nessa situação toda, um meio termo entre a falta de controle total de Gustavo e o meu controle obsessivo por tudo e todos.
— Posso usar sua toalha? — Reviro os olhos.
— Claro, depois eu jogo no lixo. — Resmungo.
Sei que minha noite de sono já foi arruinada, ir para o escritório e trabalhar é o que posso fazer por agora. Adiantar algumas coisas e me desafogar um pouco na empresa será bom. Há três dias fechei um acordo bilionário com um Sheik em Dubai. Um arranha céu, já construí alguns, mas não um tão ousado.
Será com certeza o maior, com oitocentos e quarenta metros de altura, ultrapassará o Burj Khalifa.
Temos o prazo de um ano para entregar a maquete e todas as plantas, mais seis meses para fazer alguma alteração nas plantas e mais seis meses para fazer o pedido e providenciar todo o material. O prazo para o design do interior da torre é o mesmo, no mesmo intervalo de tempo. Depois dos dois primeiros anos da construção do projeto, teremos cinco anos para entregar o maior monumento já construído por mãos humanas.
Amanhã farei a primeira reunião com meus melhores engenheiros e arquitetos, precisaremos viajar para Dubai. Não confio começar uma obra apenas com números e dados do local. Ir para o Emirados Árabes Unidos e ver o local da obra é o mais sensato a se fazer, é uma obra importante e eu quero acompanhar de perto.
— Você não cansa de trabalhar? — Gustavo se joga no sofá do meu escritório. Ele está usando apenas uma bermuda de moletom que reconheço ser minha.
— Você não cansa de fazer merda? — Ele ri enquanto pega a garrafa de whisky na mesa de centro, virando-a de uma vez na boca.
— Eu não queria fazer o que faço, sei que não faz bem. Mas eu prefiro bater e apanhar do que ser como você.
— Como eu? Empresária bem-sucedida, bilionária, inteligente... O que te faz ser melhor do que eu? — Dou a volta na mesa e caminho lentamente até meu irmão que me olha com pena.
— Não sou melhor que você perante o mundo, você tem razão. — Ele se levanta, ficando a poucos centímetros de mim. — Mas pelo menos eu tenho amigos, pessoas gostam de mim, sou amado. — Reviro os olhos. Quem precisa disso? — Posso não ter o seus status irmã... — Ele toca meu peito com a ponta do indicador. — Mas pelo menos eu não preciso viver de um para ser respeitado.
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A CEO - Malila | G!p
FanfictionMarília Mendonça não é considerada uma mulher simpática. É conhecida por ser ignorante e egocêntrica. A perda de seus pais intensificou ainda mais a personalidade complicada. Ao precisar de uma nova assistente, Marília se vê obrigada a trabalhar com...