Cap 8 - Festa

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Marília Mendonça:

— Marília, que bom que veio. — July Anderson é uma senhora de setenta anos extremamente conservada e sagaz, muitos a consideram uma mulher à frente do seu tempo. Exemplo, ela não está se importando muito em estar usando um vestido cujo o decote mostra seu umbigo. — Achei que arranjaria uma desculpa para não vir este ano. 

— Este ano eu não consegui pensar em nada. — Digo com humor, mas ela não precisa saber que não passa da pura verdade. Faltei a este evento e a alguns outros que esse casal organizou nos últimos três anos, motivo: odeio conversas sociais e mais intimas, coisa que eles apreciam muito. 

— Adoro sua sinceridade. — Ela sorri, mas percebe Maraisa ao meu lado logo depois que a mesma murmura alguma coisa com sua melhor expressão de tédio. — E trouxe alguém... — July mede minha acompanhante dos pés à cabeça, isso não parece intimidar em nada a morena. — O que estava dizendo agora pouco? 

— Estava dizendo que Marília não é sincera, é mal educada. — July arregala os olhos e vira o rosto para mim, não sei dizer se está impressionada ou horrorizada. — E meus parabéns pelas bodas de diamante, desejo felicidades a vocês. — Maraisa sorri, parecendo sincera nas suas felicitações. 

— Obrigada, querida. Seu nome é? 

— Maraisa Pereira. — Elas apertam as mãos e July parece estar realmente fascinada por minha assistente. 

— Pereira... dá família do Francis Pereira? 

— Não, não... eu não sou uma milionária. — Maraisa sorri e atrela seu braço ao meu, encostando sua cabeça em meu ombro. — Sou assistente dessa coisa aqui. — Provoca e reviro os olhos, entediada, mas July parece adorar. 

— Assistente? 

— Infelizmente. — Murmuro e me desvencilho de Maraisa, empurrando-a para o lado, mas sem machucá-la, claro. 

— Entendo. — July intercala seu olhar entre nós e um sorrisinho brota nos cantos de seus lábios vermelhos de batom. — Me convidem para o casamento. 

— O que? — Do que essa senhora maluca está falando? 

— Eu jamais me casaria com isso aqui. — Maraisa aponta o dedo para meu rosto e bato em sua mão, irritada. Por que ela continua descartando nosso relacionamento desse jeito? Não que eu queira essa mulher, mas me sinto ofendida com essa recusa dela sem ao menos pensar duas vezes. 

— Sei. — Ela pisca para nós e vira as costas. — Aguardo o convite. — Diz sobre seus ombros e se vai, provavelmente para conversar com outros convidados. 

Encaro Maraisa e suspiro, realmente preciso conversar sobre essa atitude dela. Isso não tem cabimento. 

Seguro em sua mão e a puxo, buscando com os olhos algum lugar deste salão que esteja vazio e que nos dê privacidade para conversarmos sem sermos escutadas. 

Assim que avisto uma pilastra, noto um espaço vazio atrás dela, a pessoa mais próxima daquele local está à uns dez metros de distância, então será ali mesmo. 

— Marília... — Ela resmunga, mas continuo andando e a trazendo comigo. — Por que estamos aqui? 

— Precisamos conversar. — Cruzo os braços e olho seriamente para ela. — Você não pode me chamar de mal educada na frente de outras pessoas, ainda sou sua chefe, se prefere faltar com respeito comigo, tudo bem, sei que virou uma coisa nossa, mas não na frente de outras pessoas, Maraisa. — Rosno. — Fui clara? 

Ela cruza os braços e aperta os olhos, pensando, por fim, seu corpo relaxa e ela suspira, assentindo. 

— Tudo bem, tem razão, desculpe. — Ela murmura e assinto, aceitando as desculpas. 

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora