Cap 20 - Surto

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Marília Mendonça:

Vou ser mãe! 

Provavelmente, eu e Maraisa concebemos esse bebê em uma das nossas primeiras transas. Mesmo que ela tenha esquecido de aplicar o anticoncepcional, fui descuidada tanto quanto ela. 

Decidimos não usar camisinhas e ela me alertou do risco. 

Jogo um pouco de água no rosto e fico me olhando por alguns minutos no espelho. Eu ainda não sei o que pensar, a ideia de ser mãe não está totalmente clara na minha cabeça ainda, é assustador, principalmente para uma mulher que nunca sonhou com nada do tipo. 

A palavra família na minha vida estava restrita apenas à mim e aos meus irmãos, e agora... uma namorada e um filho. Eu estou feliz, muito, eu poderia não pensar em criar uma família antes, mas minha querida namorada mudou muito dos meus dogmas quando apareceu na minha vida. 

A ideia de que vou ser mãe, por mais assustadora que pareça, também é linda. 

Mas estou preocupada para caralho, e estou fazendo um esforço descomunal para que Maraisa não perceba meus temores e acabe se afetando por eles. Ela precisa ter uma gravidez calma e sem muitas preocupações, o que já está me frustrando pois sei que não vou conseguir dar isso a ela devido a situação em que nos encontramos, e tudo que ela menos precisa é de uma namorada surtada.

Ivan está aqui, está perto, provavelmente o lunático do Fabrício também. O peso que sinto nas costas é enorme, antes eu só precisava proteger a mim e aos meus irmãos, agora eu tenho uma mulher e ela está grávida. Amanhã cedo os guarda-costas de Maraisa chegarão, contratei dois para andar junto com ela e dois ficarão apenas vigiando de longe. Pelo menos ela é compreensiva e aceitou bem, o que é menos dor de cabeça para mim. Ficarei mais tranquila se souber que ela está segura. 

Ouço vozes diversas vindo de fora do quarto. Eles chegaram. Seco o rosto e ando até o closet, visto uma das cuecas novas que a Maraisa me comprou, são boxer, como todas as que eu já tinha, porém são menores. Ela disse que me deixa ainda mais gostosa. 

Visto uma calça jeans e uma t-shirt branca lisa. Decido ficar descalço mesmo, afinal, estou na minha casa.

Saio do quarto e ando sem pressa para nossa sala, onde vejo todos sentados no sofá, menos Maraisa, que chega logo depois com uma garrafa de café e várias xícaras em uma bandeja. Ainda não compreendo esse equilíbrio dela. Eu já teria deixado tudo cair sem nem se quer dar dois passos. 

— Amor, pode pegar os bolinhos para mim? Deixei-os na bancada. — Ela pede sem me olhar, continuando a servir meus irmãos e as amigas. 

Mesmo sem vontade, apenas concordo e sigo em direção à cozinha. Os bolinhos são de bacalhau e parecem uma delícia. Minha mulher sabe cozinhar incrivelmente bem, eu dei sorte, amo quando ela faz a janta, sempre é algo diferente, mas muito bom. Lembro quando ela fez arroz, feijão, purê de batata e bife. Fazia tanto tempo que eu não comia algo tão simples, estava tão bom que eu quase chorei. 

Deixo os bolinhos sobre a mesa de centro e me aconchego ao lado da morena, que nervosamente fica girando seu anel no dedo. 

— E então, Mali? Do que se trata a conversa? — Pergunta Henrique. — Parecia nervosa no celular. Se for sobre o Ivan, nós já sabemos, Jader me avisou assim que o russo foi visto. 

Jader é o guarda-costas pessoal de Henrique, é como o Thon é para mim. 

— Não tem nada a ver com Ivan. — Começo. Maraisa permanece quieta e sem fazer contato visual com ninguém. — Nós chamamos vocês para dar uma notícia. 

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora