Cap 2 - Entrevista

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Maraisa Pereira:

— Maraisa Pereira. — A recepcionista finalmente diz meu nome.

Levanto-me e ajeito a saia que subiu um pouco. Peguei emprestado com Luísa, o que parece não ter sido uma boa ideia. Eu tenho mais corpo, a saia virou uma segunda pele.

Estou esperando há mais de trinta minutos do horário marcado para a entrevista. De acordo com a secretária do homem que me entrevistará, ele está preso no trânsito. Paro em frente ao balcão e a moça, que pelo crachá se chama Dafne, me olha por cima dos óculos de grau garrafais.

— O senhor Fernandes não irá entrevistá-la mais. — Sinto meu brilho sumir gradativamente.

— Ela será remarcada, então? — Por favor, fala que sim. Não posso perder essa vaga.

— Não. A senhorita será entrevistada por outra pessoa. Vá para o trigésimo nono andar e diga seu nome para Alex, ela saberá do que se trata.

— Alex?

— É a secretária do Mendonça. — Sinto meu estômago gelar assim que escuto o sobrenome da cretina.

Na hora nem lembro de seus irmãos.

— A senhora Mendonça irá me entrevistar? — Tento manter a pose o mais profissional possível, mas meu desagrado é facilmente detectado em minha voz.

— Não é a chefona. — Ela sorri. — Relaxa. Agora vai. — Ela faz um sinal com a mão para que eu vá andando. Agradeço e saio.

Se não é a Marília que irá me entrevistar, é um dos irmãos. Talvez o Gustavo, já que fora ele quem me enviou aquele e-mail.

As portas do elevador se fecham e aperto o penúltimo andar.

Meu coração bate um pouco mais rápido a cada número que sobe na telinha do elevador. Finalmente ele para e as portas se abrem.

Fico admirada com a vista.

É uma sala ampla e totalmente branca, uma parede de vidro está ao lado oposto à do elevador, dando uma visão panorâmica de Seattle assim que as portas de aço se abrem. Caminho pela sala meio abobada, dois sofás enormes e brancos estão encostados na parede, e acima deles, dois quadros com pinturas abstratas.

Ando até o balcão onde está sentada uma mulher. Imagino ser a secretária de Gustavo, ela está sentada e com fones de ouvido. Ela parece bem concentrada em algo na tela do computador.

Olho para seu crachá e o nome "Alex Smith" está escrito.

— Com licença. — Assim que a chamo, seu corpo dá um pequeno pulo na cadeira e ela me olha assustada. Tira os fones e leva a mão ao coração.

— Meu Deus, que susto. — Seguro a vontade de rir. — Desculpe, eu estava muito concentrada em algo...aqui. — Aperto os olhos. Com certeza não era trabalho.

— Tudo bem. — Abro um sorriso social. — Então, meu nome é Maraisa Pereira, a Dafne me pediu para subir, disse que eu seria entrevistada por um dos... Mendonça. — O mais novo, espero.

— Ah, sim. O senhor Mendonça já está esperando pela senhorita. — Alex dá a volta no balcão de madeira maciça e escura. — Pode vir.

Sigo-a até uma porta dupla feita do mesmo material do balcão de Alex.

Alex bate algumas vezes e gira a maçaneta, colocando apenas a cabeça para o outro lado da porta.

— A senhorita Pereira está aqui.

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora