Cap 18 - Noite do pijama

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Marília Mendonça:

— Vai contar para ela? — Henrique se escora na parede de vidro da sala enquanto alivia sua tensão jogando uma moeda para o ar repetidas vezes. 

— Maraisa sabe que eu estava lá. — Meu irmão para de jogar a moeda e me encara com seriedade. 

— Contou para ela e não para mim? Você ia me contar em algum momento? — Com um gesto negativo, arqueio as sobrancelhas. — Ela sabe além disso? 

— Não. — Prendo meu olhar no de Henrique. — Maiara não deveria ter te falado nada, e não descobriu tudo, na verdade, ela ou o FBI não sabem nem da metade. O que ela te contou é o que qualquer pessoa com um crachá policial descobriria. 

— Mali, o Thon foi do FBI, nunca nos contou isso. — Travo o maxilar. 

— Conheci Thon quando ainda era o investigador da morte dos nossos pais. — Suspiro. — Eu confiei nele logo de cara, contei tudo que havia acontecido naquela noite. No dia seguinte, Thon encerrou o caso e deu como caso não solucionável. 

— Por que? Se ele era investigador, não deveria ter colocado você como principal suspeito? Já que estava na cena do crime? 

— Porque não era para eu estar na cena do crime. Thon entendeu que nada daquilo era minha culpa e percebeu que a coisa toda era ainda maior do que pensávamos. Eu era muito nova para saber lidar com aquilo, Thon me ajudou. 

— Acha que papai tinha algum envolvimento com coisa errada? — Henrique me olha com insegurança. 

— Eu não falarei mais nada. Não sei o que nosso pai tinha, mas se nos deixou no escuro, era para nos proteger, assim como fiz com você e com Gustavo. — Minto. 

Henrique bufa e leva as mãos ao coro cabeludo, puxando os fios com raiva. 

— Não preciso que me proteja. Eu sei que disse que nosso pai pediu para não contar nada, mas agora eu descobri que nossos pais se mataram, estavam fugindo de algo e eu preciso saber o que está acontecendo. Não percebe que nos deixando no escuro, estará nos deixando mais vulneráveis? 

— Henrique. — Falo com calma. — Se pegarem vocês, os forçarão a falar coisas, e vocês não saberão de nada. 

— E seremos mortos por isso. 

— E ficarão vivos por isso! — Me levanto perdendo a paciência. — Não era para aquela intrometida falar nada a você. Ela te expôs. Eu não guardei esse segredo por anos para que venha uma policial de merda e coloque o dedo onde não foi chamada. Você não saberá mais de nada, não falarei mais nada e você não buscará respostas, fui claro? — Henrique solta um riso de indignação e me olha, negando. 

— Você acha que manda em mim, Marília? Você não manda, é só a porra da minha irmã, você não é meu pai ou minha mãe. Eu tenho tanto direito de saber quanto você e... 

— EU AMO VOCÊS. — O interrompo. Henrique me olha chocado com minhas palavras. — Eu faço o que faço porque eu amo vocês. Nosso pai nos escondeu porque amava a gente. Você deveria entender. E posso não ser seu pai ou a sua mãe, Henrique, mas cuidei de você como se fosse, posso não mandar em você, mas no mínimo me respeite. — Praticamente cuspo as palavras. 

Henrique se aproxima em passos rápidos. Seus braços rodeiam o meu corpo e me apertam. Nunca falei que os amava antes, claro que eles sabem que os amo, mas nunca falei. Meus irmãos se tornaram minha maior prioridade quando nossos pais morreram. Nossa diferença de idade me fez assumir um papel ao qual não estava pronta, quando mamãe e papai se foram, Henrique tinha quatorze anos e Gustavo, doze. Foi para mim que eles correram, é para mim que correm quando algo dá errado, sempre me procuram pedindo ajuda ou conselho, eu assumi o papel responsável e não estou disposta a deixar esse papel de lado. 

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora