Epílogo I

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Maraisa Pereira Mendonça:

— Elena, minha filha, por favor, a mamãe está cansada. — Ela faz o bico mais fofo que já vi, mas o cansaço fala mais alto. Odeio ter que fazer isso, ter que negar um tempo a elas pois não estou aguentando mais um segundo de olhos abertos. 

— Mas mamãe, a Selena viajou com a mama e eu não tenho ninguém para brincar. — Suspiro, desistindo da ideia de tentar dormir. — O Léo ainda é um bebê, então não posso brincar com ele. 

— Tudo bem, mas podemos brincar aqui na cama? — Olho para ela de maneira esperançosa. Ela assente animadamente e sai correndo pela porta, imagino que em direção ao seu quarto pegar suas arminhas de brinquedo. 

Não me julguem, eu juro que tentei dar bonecas, carrinhos, tudo que possam imaginar, mas a influência dos padrinhos que estão no velho continente falou mais alto. Elena e Selena simplesmente são fascinadas por armas, videogames de guerra e carros esportivos. Mas ainda são como qualquer outra garotinha da idade delas, amam ir ao shopping e são duas Barbies rosas ambulantes, quem olha nesses rostinhos perfeitos e meigos, não imaginam o quão sagazes e maliciosas elas são. 

Elas estão a minha cara, tirando que os olhos são de Marília. Os cabelos são castanhos escuros e formam grandes cachos nas pontas, elas amam pegar sol e irem na piscina, então são bronzeadas. Parecem que vivem na Califórnia, não em Seattle. E Marília, bom, louca. Ela está ainda mais ciumenta e eu tenho pena dos futuros pretendentes. 

— Mamãe, o Léo acordou. — Elena chega, segurando as mãozinhas do meu bolotinha de um aninho. Léo é todo a Marília, completamente, até na personalidade. Ele não me dá muito trabalho, é um garotinho quieto e bastante observador. — Ele está com um cheirinho ruim, mãe. — Elena avisa antes de colocar o irmãozinho sobre na cama. O pego no colo e viro sua bunda para mim, cheirando. 

— Parece que alguém fez cocô. — Suspiro e a vejo fazer uma careta de nojo. — Quer me ajudar a trocá-lo? — Ela nega veemente e acabo rindo. 

Levanto-me com ele no colo, que resmunga querendo ir para o chão. Depois que Léo aprendeu a andar, não quer mais saber de mim, na verdade, não quer mais saber de ninguém. Marília se dá melhor com ele, mas também ficou chateada quando percebeu que o filho é bastante independente para a idade. 

O coloco no trocador e começo o trabalho sujo. Não faz nem trinta minutos que o dei banho e o coloquei para dormir. Ele estava resmungando um pouco e imaginei que estivesse com dor de barriga, e eu estava certa. 

— Filha, pega outra fralda para mamãe. — Elena faz o que eu peço, entregando-me o que pedi. Assim que meu filho já está limpinho e cheiroso novamente, o coloco no berço junto ao seu ursinho de pelúcia, presente da Maiara, ele não se desgruda mais desse bicho. 

Léo dorme sozinho, ele não precisa que o fiquem ninando. Ele pede quando quer dormir, pede quando quer comer e pede para tomar banho. Isso me preocupa, quero que ele seja uma criança, amadurecimento precoce não é muito saudável. Não demos nenhum motivo para ele criar esse tipo de hábito, mas acredito que seja algo natural dele, puxou Marília em todos os aspectos, menos os olhinhos, que são escuros como os meus.

O observo fechar as pálpebras e voltar a dormir tranquilamente. Queria tanto niná-lo. 

— Podemos brincar agora, mamãe? — Elena segura em minha mão, puxando-me em direção à porta. Deixo que ela me guie até meu quarto.  

[...]

Beijos.... 

Beijos nas minhas costas... 

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora