Cap 19 - Segurança redobrada

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Maraisa Pereira:

O barulho dos meus saltos soa pelo corredor branco enquanto carrego uma xícara de café em uma mão, e diversos papéis em outra. As vozes das pessoas começam a ficarem audíveis assim que viro o corredor em direção a sala em que a maquete está sendo construída. 

Sinto minha cabeça rodar um pouco e paro para respirar com mais calma. Estou me sentindo estranha há uns dias, tenho passado por muito estresse transparecer estar bem, mas estou longe de estar. 

Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. 

Eu ainda não sei como não surtei. 

Eu não posso sair do apartamento de Marília porque meu ex maníaco está atrás de mim, junto à mafiosos russos. Há um segurança me acompanhando até no banheiro, minha namorada está paranoica e só falta de enrolar em plástico bolha. 

Eu estou me sentindo extremamente sufocada. 

E acho que essa pressão toda está começando a afetar minha saúde. Eu ando enjoada, com muitas tonturas e com a fome de um leão. E não vou nem tocar no fato de andar extremamente nervosa, além de ter criado uma compulsão sem medidas pelo corpo de Marília. 

Eu poderia dar para ela o dia todinho. 

Entro na sala ampla e rodeada de maquetes por toda parte, obras que já foram concluídas, obras que ainda estão em andamento, e agora, o mais novo bebê da Mendonça Tower, o arranha-céu do Sheik árabe. 

Minha chefe, os engenheiros e arquitetos estão parados em volta da mesa onde será construída a maquete do edifício, vários modelos feitos em 3D estão estirados sobre a mesa, o Sheik nos entregou como base para a construção, poderemos mudar, mas não fazer algo muito diferente da ideia original. 

Deixo os papéis sobre uma mesa qualquer e me aproximo de Marília, esticando a xícara de café para ela, que a pega sem olhar para mim. Uma ruga se encontra entre suas sobrancelhas e seus olhos estão totalmente focados nas fotos 3D do prédio, totalmente concentrada em seu trabalho. 

— Recrie essa ilustração no programa, algo está me incomodando e quero saber o que é. — Marília se estica sobre a mesa e coloca as fotos uma do lado da outra. As fotos se tratam do arranha-céu visto de todos os ângulos. — Está muito simples, parece um prédio comum, só que com mais andares. 

— E se torcermos ele? — Acabo pensando alto. Todos viram o rosto para mim, menos Marília, que permanece vidrada nas ilustrações. 

— Torcermos ele? — Um dos engenheiros pergunta com um tom sutil de deboche na voz. 

— Sim. Se torcermos ele, não ficará nada simples, e se quiser ousar mais, podemos fazer o meio do prédio em um formato redondo, talvez colocar uma grande área verde nesse centro. Os elevadores poderão ser de vidro, totalmente transparente e passará bem no meio dessa bola, seria uma vista bem futurista. 

— Isso é só em filme, morena. Deixe os profissionais trabalharem, por favor. — Abaixo a cabeça e me afasto alguns passos. Marília finalmente retira a atenção das ilustrações e levanta a cabeça, sorrindo. 

— Eu gostei. — Franzo o cenho. — Gostei da ideia, senhorita Pereira. 

— Sério? — O engenheiro pergunta parecendo desacreditado. 

— Sim, isso não existe apenas em filmes, senhor Davis, na verdade, muitos prédios já possuem designe parecido, mas a ideia da senhorita Pereira foi ousada, e é algo possível de ser feito se alterarmos algumas coisas. — Algo que nunca senti antes brota em meu peito, algo parecido com orgulho misturado com felicidade, não sei explicar. — Gostei da parte do jardim e do designe torcido, faremos isso. — Marília encara o engenheiro arrogante. — Já que é um dos profissionais, como você mesmo disse, quero que pegue essa ilustração e jogue para o programa, torça a estrutura o tanto que achar possível e quero algo ecológico. Pode escolher algum arquiteto dessa sala para ajudar. Apresentará a nova ilustração em um mês. 

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora