Cap 14 - Plano

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Fabrício Marques:

Sinto a fumaça do cigarro queimar minha garganta. Nina Simone canta suavemente no toca-discos antigo que achei neste sótão escroto onde Ivan me alojou. O frio da Rússia é fodido, não consigo sentir meus pés.

— Foda-se essa merda. — Resmungo e jogo o cigarro no chão, que se apaga em seguida.

— Se colocar fogo na minha casa....

Viro o rosto para trás, deparando-me com o russo que me encara com raiva. Reviro os olhos e me jogo no sofá velho e empoeirado.

— É mais fácil este barraco congelar do que pegar fogo. — Ivan não diz nada, apenas adentra o ambiente, olhando minha arrumação.

— Parece que já se instalou.

— Não tive outra escolha. — Dou de ombros — Para um mafioso, você deveria ter imóveis melhores.

— Eu tenho. Acha mesmo que eu moraria aqui? — Ergo as sobrancelhas — Não posso te colocar em uma das minhas mansões, seria imprudente. À essa altura, Marília já sabe sobre você e sobre mim.

— Quando vamos agir? Você me prometeu que quand...

— Tenha calma. — Me corta. — Você terá sua vadiazinha logo, mas antes, temos que cuidar dos irmãos Mendonça. Não conseguirá tocar em um fio de cabelo dela se ela estiver sob a proteção dos filhos da puta.

— Eu não tenho medo deles. — Travo o maxilar com raiva. Ivan me olha e ri com deboche.

— Não se iluda. Você é só um viciado doente. Marília acabaria com você sem muito esforço, é por isso que precisamos manter a calma e fazer as coisas corretamente.

— E qual é o plano?

— Sabe o motivo de pessoas como eu e Marília não criarmos laços afetivos com mulheres, Fabrício? — Ivan acende um cigarro e leva aos lábios, soltando a fumaça de forma dramática. — Isso nos deixa fraco. Ela cometeu um erro fatal, se apaixonou.

Ela se apaixonou.... Por ela, Maraisa. Ela é minha. Como essa filha da puta ousa tocar no que é meu? PORRA. VOU MATÁ-LÁ.

— O plano é monitorar a garota. Precisamos dela para pegar Marília e os irmãozinhos....

Depois de uns trinta minutos ouvindo o plano do ruivo, decido me pronunciar.

— E como acha que isso vai dar certo? Ela não me parece suficientemente burra para cair nisso.

— Relaxa. — Ivan perambula pela cabana e olha com certo nojo para minhas coisas.

Qual é a desse cara?

— Quem me tirou da cadeia? — Questiono, curioso. — Não foi você.

— Não... não foi eu. Por mim, você ainda estaria lá. — Assume e sorrio. Idiota. — Mas como estou sendo obrigado à aceitar seu envolvimento no plano, faça o que eu mando, ou eu mesmo te mato se estragar tudo. — Avisa e assinto.

Eu só quero aquela vadia.

Ela vai me pagar por ter estragado minha vida.

E vou cobrar com juros.

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora