Cap 6 - Ameaça

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Marília Mendonça:

Minha cabeça está um caos. Nunca me senti tão estressada como me sinto agora. Meus dedos apertam fortemente o volante do Audi, tentando recuperar o controle que perdi há muito tempo.

Uma ligação inesperada no início da madrugada me acordou, obrigando-me a sair da cama. Era Ivan Nikolai, um russo maldito. Há dez anos meus pais morreram em um acidente de carro que infelizmente tive o desprazer de presenciar. A partir daquele dia, esse russo vem perseguindo a mim e aos meus irmãos, falando que meu pai o devia dinheiro e que agora é responsabilidade nossa pagar.

Os pneus do carro cantam ao frear abruptamente. A casa de Henrique fica no meio do nada, nunca entendi o fetiche por morar afastado da cidade. Os portões da mansão se abrem dando espaço para que eu passe com o carro. Lembro-me quando compramos esse terreno. Henrique pediu para que eu desenhasse a planta e supervisionasse a obra, foi um pouco depois de ter concluído minha segunda faculdade. Henrique já era de maior.

Paro o carro junto aos outros de Henrique. Ele sempre foi um amante dos clássicos, já eu, prefiro os esportivos. Porém, maior do que meu gosto por carros, é o meu por motos. Saio do R8 e ando em passos rápidos até as portas dos fundos. Liguei para Henrique antes de sair de casa, avisando que estava indo até ele. Não disse o motivo.

Passo pela copa e subo a escadaria principal que leva aos quartos e ao escritório. Henrique está sentado no sofá de couro avermelhado, os pés sobre a mesa de centro e um copo de whisky na mão. Provavelmente para o manter desperto. Assim que entro, seu rosto vira para mim, descontente.

— Eu espero que seja algo importante. — Sua voz está rouca de sono, jogo a carteira sobre a mesa, sentando-me no sofá do lado oposto ao de Henrique.

— Ivan. — Com o simples mencionar de seu nome, Henrique se põe de maneira mais alerta.

— Achei que tivéssemos dado jeito nesse russo há nove anos. — Estalando a língua no céu da boca, nego com a cabeça.

— Pelo jeito o desgraçado foi solto, pois me ligou há... — Olho para o Rolex que cintila seus diamantes em meu pulso. — Exatamente duas horas. — Suspirando, movo a coluna para frente a fim de pegar a garrafa do Macallan 55 que dei a ele de aniversário.

— Veio com o mesmo papo novamente? — Nego. Tomo o líquido e sinto minha garganta queimar.

— Não, dessa vez ele ameaçou. — Acabo rindo de pena. Henrique ergue as sobrancelhas. — Disse que não está mais sozinho. — Dou de ombros — Deve ter achado alguém para compactuar de dentro da cadeia.

Meu irmão se mexe de maneira desconfortável.

— E isso não te preocupa? Quer dizer, não duvido do cara. É um lunático. — Mordo a boca por dentro. — Claro que será difícil nos pegar, já que sempre andamos com escolta, mas Gustavo não. — Fecho os olhos e tento canalizar minha paciência. Não tinha pensado nisso antes. Gustavo é bem mais vulnerável que eu e Henrique.

Liguei para Gustavo mais cedo, porém caiu na caixa postal. Imaginei que ele estivesse dormindo então não insisti. Mas acabei de me lembrar que o filho da mãe tem briga hoje. Pego meu celular e vou para meus contatos, apenas meus irmãos, Thon e a senhorita Pereira estão salvos nele. O restante deixo no celular executivo. Não sei o motivo de ter salvo o número pessoal de Maraisa aqui, acho que em algum momento pode ser útil. Clico no nome de Gustavo que atende após alguns toques.

— Está em casa? — Digo logo de imediato. O escuto gemer e logo fico alerta. — Gustavo, você está bem? — Meu irmão apenas faz um barulho com a garganta

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora