Marília Mendonça:
— Mas isso não é possível. Eu juro que revisei três vezes antes de enviar o pedido. — Carla diz exasperada, suas mãos estão tremendo e vejo o terror em seus olhos.
Carla é minha décima assistente em três anos. Eu estou passando um sufoco para encontrar alguma ou algum assistente que substitua minha esposa de maneira plena, mas nenhum deles se comparam com ela. Eu estou com um problemão agora, tudo pois a ruiva na minha frente acabou de enviar dois arquivos com as medidas erradas de um dos projetos da empresa para um dos nossos fornecedores.
— Você tem noção do quanto vai custar esse erro? — Digo de maneira fria, sem olhar para ela, enquanto brinco com a tampa de uma caneta. — Terei que descartar duas toneladas de hastes de ferro e encomendar outras, terei que adiar a data da entrega da construção, fora a mão de obra... — Suspiro e olho para ela. Seus olhos estão cobertos de água e suas pernas finas estão tremendo levemente. — Seu erro vai me custar 4,8 milhões de dólares, senhorita Jones.
— Sinto muito, senhora. Não foi minha intenção, eu deveria estar distraída e não reparei nas medidas. Minha mãe faleceu recentemente e....
— Minha empresa não tem nada a ver com isso. Sinto muito por sua perda, mas se você sentia que estava incapacitada de trabalhar, deveria ter pedido um tempo, eu entenderia. Mas não fez isso, e agora o seu luto acabou de gerar um prejuízo que eu terei que cobrir.
— Entendo se me demitir. — Ela sussurra, claramente chateada consigo mesma.
— Se isso tivesse acontecido há alguns anos, você nem nesta sala estaria mais. Porém, agora, recomendo que vá para casa e cuide do seu emocional, te darei duas semanas de luto. — Jogo a tampinha da caneta sobre minha mesa e suspiro, cansada. — Eu vou tentar arranjar um destino para o material, um que não seja o lixo. Pode ir, senhorita.
— Não vai me demitir? — Ela questiona, surpresa, com seus olhos arregalados e a voz consideravelmente mais fina.
— Não, não vou. — Por incrível que pareça, não estou com raiva dela, apenas chateada com a situação. O cliente não vai gostar muito de saber que teremos que adiar a data da entrega do prédio, mas não posso fazer nada. O material novo levará alguns meses para ficar pronto, então só nos resta esperar.
— Obrigada, senhora Mendonça, de verdade. — Apenas sorrio e ela vira às costas para se retirar, mas antes que ela saia, a impeço.
— Ah, senhorita Jones. — Ela me olha, com as mãos travadas ao lado do corpo. — Não pense que sou uma chefe compreensiva, apenas tive empatia devido à morte da sua mãe. Mas, na próxima vez que pensar em cometer um erro, principalmente um como esse, estará na rua, não importa quem morrer. Fui clara?
— Como água, senhora.
— Ótimo, saia. — Ela sai às pressas e quando finalmente estou sozinha, deixo a cabeça pender para trás, derrotada.
[...]
Assim que desligo o telefone, fecho os olhos e prendo a respiração, contando até dez, como aconselhou minha lindíssima mulher para situações que eu venha me estressar profundamente.
Ouço a porta bater com força no meio da minha tentativa de relaxamento.
Deus, o que eu te fiz?
— Saia agora, ou eu não responderei por mim. — Aviso, sem nem abrir os olhos. Eu não quero saber, pode ser o presidente, não estou com saco para ninguém, a não ser...
— Mama! — Ouço as vozes doces e agudas das minhas filhas. Abro os abraços à tempo de recebê-las. Selena e Elena estão sorrindo abertamente e sentadas uma em cada perna minha.
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A CEO - Malila | G!p
FanfictionMarília Mendonça não é considerada uma mulher simpática. É conhecida por ser ignorante e egocêntrica. A perda de seus pais intensificou ainda mais a personalidade complicada. Ao precisar de uma nova assistente, Marília se vê obrigada a trabalhar com...