Cap 16 - Passado II

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Maraisa Pereira:

O apartamento está vazio. Já é tarde da noite e Maiara deveria estar em casa, Luísa está de plantão no hospital, o que justifica sua ausência.

Meu quarto permanece do mesmo jeito em que o deixei. Marília insiste que eu vá morar com ela por motivos de segurança, pedi apenas esta noite para que eu possa conversar com minhas amigas e explicar a situação.

Fabrício e Ivan não perturbaram mais e isso está deixando Thon aborrecido, pois não estão conseguindo rastrear nenhuma movimentação dos dois.

Movo o interruptor várias vezes, mas nada acontece, a luz simplesmente não funciona. Caminhando até a sala, tento ligar a luz, mas também não consigo.

Estranho, provavelmente algum problema no gerador do prédio. Costuma acontecer às vezes, é um prédio antigo.

Pego meu celular e ligo a lanterna. Volto para meu quarto e puxo minhas malas sob a cama, colocando-as sobre o colchão. Marília pediu para que eu levasse apenas roupas e produtos de higiene pessoal. Acho que terei que fazer duas viagens, três malas não serão o suficiente para levar todas as minhas roupas, muito menos os calçados.

Ouço meu celular vibrar sobre a mesinha.

"Número desconhecido".

Sinto um arrepio na espinha e uma sensação ruim se apodera do meu corpo.

— Alô? — Mordo o lábio inferior tentando conter a ansiedade.

Olá, Maraisinha.

Minha boca fica seca na hora. É ele, é a voz dele. Meu coração mal fica no peito, parecendo querer sair pela boca. Deixo o celular cair no chão, não tendo força para segura-lo. Minha garganta fecha e sinto as primeiras lágrimas escorrerem pela bochecha.

— Me deixou cair. Me pegue, querida. — Ele fala com carinho, aumentando ainda mais o meu desespero. — Vamos lá Maraisa, vou perder minha paciência.

Agacho-me lentamente e pego o celular nas mãos, tremendo.

— Isso mesmo, agora me leve ao ouvido. — Mordo o lábio tentando não chorar descontroladamente. Ele está aqui, eu o sinto me olhando. Fecho os olhos com força e aproximo o aparelho do ouvido. — Você está bem?

Ando até a cama tentando me manter sobre os pés sem perder as forças. Sento na beirada, olhando para a janela.

— Responda, meu doce. — Sua voz é assustadoramente calma, como era quando ele me ameaçava, calmo, cínico e com aquele sorriso nojento no rosto.

— Sim. — Agradeço a Deus por não ter gaguejado. Preciso ser forte, ele está me testando, quer me apavorar. — Melhor se estivesse morto.

Digo com a coragem que eu não sei de onde saiu, mas sinto meu medo se transformar em ódio. Ele não vai conseguir me apavorar, ele não vai me testar, ele não vai fazer minha cabeça. Ele depende de mim, esse doente nojento nunca me mataria pois isso acabaria com meu sofrimento, e me ver sofrer é o fetiche dele, me ver submissa às suas vontades é o prazer dele, ele não viveria sem mim, pois é o que ele me faz que o mantem vivo.

— Está atrevida. Gosto disso, me faz querer castigá-la. — Ele está sorrindo daquele jeito maléfico, sei disso.

— Onde colocou a câmera? — Questiono. — No meu guarda-roupas? Na penteadeira? Me diga, Fabrício, de qual lugar está me observando? — Sorrio para a janela de onde sai a única luz que ilumina o ambiente. — Você nem ao menos está nos Estados Unidos, não é?

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora