Cap 29 - Injustiça

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Marília Mendonça:

Assim-assim que abro os olhos, ouço um grito agudo vindo de dentro do quarto. Desespero-me, com tudo. 

O que eu vejo me tira o chão.

Ela abriu os olhos.

Maraisa Pereira:

Jesus, parece que fui atropelada por um caminhão. Minha cabeça está explodindo, nunca senti minha boca tão seca em toda minha vida. 

Não me lembro de absolutamente nada. 

— O que aconteceu? — Minha voz está tão fraca. Por que estou assim? Marília está segurando meu rosto entre suas mãos. Agora posso vê-la com mais clareza. 

Seus cabelos estão bagunçados e moldam seu rosto, suas olheiras estão evidentes e ela está mais magra. Ela parece estar tão mal quanto eu. Franzo o cenho, confusa. Por que ela está me olhando assim? Por que ela está assim? 

— Por que está chorando? — Tento levar minha mão para tocar seu rosto, mas mal consigo movê-la. — O que aconteceu comigo? — Arregalo os olhos, assustada. Minha barriga está enorme, enorme mesmo. 

— Preciso que se acalme, senhorita Pereira. — A enfermeira diz ao ver minha expressão. Ela também está chorando. Por que todos estão chorando? — Vou chamar o médico. — Ela diz e sai às pressas. 

— O que aconteceu comigo, Mali? Por que minha barriga está deste tamanho? 

— Não se lembra de nada? — Nego. Marília sorri em meio ao choro e beija a ponta do meu nariz. — Espero que eu não esteja sonhando. Eu sabia que ia voltar para mim. 

— Voltar? — Eu morri? Marília abre a boca para falar, mas é interrompida pelo barulho da porta. Viro o rosto lentamente em direção ao clarão, forçando um pouco as vistas. 

— Não pode ser possível. — Um homem se aproxima, olhando-me em choque. 

Definitivamente algo aconteceu, e eu estou completamente perdida. 

— Senhorita Pereira, sabe quem é esta mulher? — Ele aponta para Marília. Ele realmente me perguntou isso? 

— Claro que sei, é minha namorada. Agora vai me explicar o que aconteceu? — Pergunto, começando a ficar irritada. 

— A senhorita sofreu um acidente de carro e bateu forte com a cabeça. Teve algumas fraturas e seu pulmão foi perfurado pela costela. Passou por algumas cirurgias. — Arregalo os olhos. Mas... que porra. É por isso que estão me olhando assim? Como eu sobrevivi a isso? 

Meus bebês... 

— Amor, você entrou em coma. — Marília diz com cautela, ainda me olhando com o maior carinho do mundo. — Dormiu por seis meses. 

Seis meses.... Eu fiquei apagada por seis meses... 

Isso definitivamente explica minha barriga. Quer dizer que meus bebês sobreviveram e.... PORRA, EU VOU PARIR AGORA? Não, eu não estou pronta não, eu nem fiz a aula para mães de primeira viagem, não sei trocar uma fralda! 

Marília está aqui. É por isso que ela está acabada? Uma acabada linda de morrer, mas parece ter envelhecido dez anos. Ela está aqui.... 

Por que ela está aqui? Por que está me olhando assim? 

— Você me esperou esse tempo todo? — Sussurro, desacreditada. 

Devo estar horrível, e ela é uma mulher bem ativa.... Tentem me entender, eu dormi por meses, provavelmente não estou na minha melhor aparência e ela é uma mulher linda, deve ter várias enfermeiras lindas neste hospital, as mulheres belíssimas que a rodeavam, e eu... eu virei um vegetal. Certamente não a crucificaria se decidisse me abandonar. 

A CEO - Malila | G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora