Maju:
Playboy tinha passado aqui hoje de tardezinha. Eu chorei muito e só queria o abraço dele,mas,ao mesmo tempo, eu queria ficar sozinha.
Ele falou umas coisas que me fez pensar muito. Será que eu estou sendo egoísta? Estou sendo egoísta por me isolar e esquecer que tem gente lá fora sofrendo também?
É que dói muito. É uma dor que nem com as melhores palavras do mundo, eu iria conseguir explicar a dor que sinto.
Eu só sei que eu sinto e sinto muito.
Vem flashback na minha mente com ele. Nossas risadas. Nossas discussões. Nossos bailes juntos. Nossos conselhos. E,o principal de tudo,a nossa irmandade
Eu cheguei a pedir para ele sair dessa vida enquanto ainda tinha tempo,mas ele não saiu.
Flashback on:
Patinho: o crime não compensa, tá ligado? - olhei para ele que estava com os olhos fechados- vários bagulho acontecendo.
Maju: já falei pra tu meter o pé dessa vida enquanto ainda tem tempo e não tem nenhuma polícia no seu pé.
Ele riu pelo nariz e virou o rosto na minha direção, abrindo os olhos e negando.
Patinho: só saio dessa vida morto - neguei- tu sabe como o bagulho funciona.
Flashback off:
E ele realmente só saiu morto. E é isso que me dói.
Levantei da cama e fui ao banheiro,me olhei no espelho e vi o quanto eu estava acabada.
Meus olhos estavam fundos e cheios de olheiras. Eu estava mais magra,com certeza perdi todos os quilos que havia ganhado.
Passei as mãos no cabelo vendo o quanto oleoso ele estava.
E só de me olhar assim,através desse espelho, já me dá uma vontade enorme de chorar novamente.
Passei uma água no meu rosto e saí do banheiro olhando a casa toda. Ela não estava bagunçada,até porque eu só vivo no quarto e indo ao banheiro.
Mas eu precisava arrumar ela,tirar todas as poeiras e deixar o vento natural entrar.
Amarrei meu cabelo em um coque alto e respirei fundo indo pegar a vassoura. Varri toda a casa,tirei a poeira de todos os móveis, passei pano,lavei o banheiro e por último fui arrumar o meu quarto.
A mala ainda estava no canto, tinha algumas roupas fora dela e o forro da cama já arrastava no chão.
Mordi os lábios e percebi o quanto desleixada eu fiquei esses dias. Eu nunca iria deixar minha casa e meu quartinho ficar assim. Sempre gostei de tudo organizado.
Troquei os forros da cama e fui organizar minhas roupas, separei as que estavam sujas e deixei no cesto. Passei um pano embaixo da cama e da cômoda e saí do quarto levando o cesto para a laje.
Assim que subi e vi as casas e algumas pessoas sentadas na calçada, crianças brincando e pessoas voltando de seus trabalhos,eu só consegui perceber mais uma coisa.
A vida não para. Mesmo que você tenha perdido o seu emprego, perdido a sua casa e perdido uma pessoa importante,a vida vai continuar.
O relógio vai continuar andando,o tempo vai continuar passando e o mundo vai continuar girando. Não importa o tamanho da sua dor,a vida nunca vai parar.
Vai entrar e sair pessoas, algumas boas e outras ruins,mas a vida sempre vai continuar. É você que acha que não, mas continua.
Soltei um suspiro e enxuguei as lágrimas que já estavam descendo. Separei as águas e fui separando as roupas de cores das outras,esfreguei as roupas e enxaguei.
Deixei elas de molho no amaciante e reaproveitei a outra água para lavar aqui em cima,que estava cheio de areia e algumas balas pelos chão.
Eu não fazia ideia de que horas já eram,mas eu já tinha terminado de estender as roupas e as pessoas que estavam na rua já tinham entrado e agora só estava passando os meninos do movimento.
Desci da laje e entrei em casa,peguei uma nova toalha e fui direto ao banheiro tomar um banho de verdade.
Assim que a água caiu em minha cabeça, eu não consegui conter o choro. Eu chorei,chorei como todos os outros dias e naquele momento eu só queria que toda aquela dor descesse pelo ralo,assim como essa água.
....
Terminei de pentear meu cabelo,passei perfume e peguei meu celular ligando ele. Peguei a chave abrindo a porta,deixei aberta para entrar um pouco de vento e abri o portão ficando na frente de casa.
A rua estava deserta. Não passava uma alma. Olhei para o outro lado da rua,mas em específico para a casa do playboy e mordi meus lábios querendo ir falar com ele.
Olhei meu celular vendo que ele já tinha ligado e vi que já era 23:47. Começou a chegar várias mensagens e meu celular travou,não tava conseguindo nem colocar a senha.
Coloquei ele no bolso do meu short e atravessei a rua indo na casa do playboy. Pensei bem se iria fazer aquilo mesmo e comecei a chamar por ele.
Demorou um pouco, eu já estava quase desistindo quando a porta foi aberta e vi ele. Playboy me olhou por completo e parou o olhar no meu rosto, em seguida dando um sorriso.
Playboy: veio dormir comigo? - perguntou com um sorriso todo descarado e joguei minha cabeça pro lado- tava preocupado contigo, papo reto.
Me puxou dando um abraço e me arrepiei todinha quando ele cheirou meu pescoço. Abracei a cintura dele e por um momento senti um pouco daquela dor sumir.
Maju: tá doendo muito- falei baixo e senti ele concordar passando a mão no meu cabelo- eu vi na televisão a exata hora em que atiraram nele. Eu vi ele morrer,Isaac.
Playboy: tô ligado,pô - se afastou e segurou meu rosto limpando minhas lágrimas- vou te ajudar a passar por isso, tá entendendo?
Concordei e bem na hora vi uma pessoa parar atrás dele. Me afastei um pouco e olhei melhor vendo uma mulher só de toalha e com os cabelos molhados.
Xxx: quem é,Isaac? - perguntou e assim que me viu fechou a cara - quem é essa?
Senti meu coração acelerar e minha mente parar por uns segundos. Olhei para a cara do playboy e ele estava olhando sério para a mulher.
"Não importa o tamanho da sua dor,a vida nunca vai parar." - a vida dele realmente não parou.
Me afastei dele e senti meus olhos encherem de lágrimas. Mas eu não iria chorar, não iria chorar na frente deles.
Comentem e deixem sua estrelinha, bjs!!

VOCÊ ESTÁ LENDO
a força do destino.
FanfictionMaju,uma menina simples, que desde pequena foi criada pelo seu pai e que sempre sobrevivia com o pouco,com seus 18 anos conhece playboy, gerente da boca e uma das pessoas de confiança do chefe. Com o passar do tempo eles começam a se envolver com m...