a força do destino.

72.

Maju:

Alguns meses depois...

Continuei dentro da cela e fiquei olhando as fotos das crianças. Elas estavam enormes e isso fazia meu coração apertar de saudades.

Já são quase 7 meses no trancado pagando por uma coisa que eu não tenho e nunca tive nada a ver.

7 meses sem poder ver meus filhos, sem acompanhar o crescimento deles. Dói muito tudo isso, porque eu nunca me imaginei afastada deles,ainda mais por uma coisa que estou sendo acusada até hoje sem nunca ter feito.

Semana retrasada a Clara veio me visitar e disse que iria colocar o Ravi na escolinha, que ele estava muito esperto. Fiquei muito feliz, mas quando ela foi embora e eu voltei para dentro da cela e chegou à noite, eu chorei, chorei muito.

Chorei de orgulho do meu bebê e também por saber que não vou está levando ele à escola. Que não fui eu quem acompanhou ele no primeiro dia de aula dele,da sua primeira escolinha.

Eu sinto muita saudades das minhas crianças. Clara disse que a Hellena também estava toda esperta, fala mais que a própria boca e é toda gaiata. Eu queria muito estar acompanhando cada desenvolvimento da minha menina.

Sophia também está esperta e o Brian nem se fala. Sinto saudades do meu calvo. Não tenho quase nenhuma notícia dele e pelo o que a Clara falou, ele só recebe visitas do advogado.

Se está difícil para mim que ainda recebo visita da Clara e da Carol,imagina para ele que ainda por cima pegou bem mais anos de cadeia do que eu.

Titi: vai ficar socada aí dentro? - se jogou na cama e me olhou.

Maju: acho que hoje não vem ninguém- guardei as fotos embaixo do colchão e olhei para ela.

Hoje era dia de visita,mas eu não sabia se alguma das meninas iriam vir,porque querendo ou não, a vida delas são corridas e às vezes pode acontecer algum imprevisto que não dê para elas virem.

Titi: que nada- resmungou - a irmã da magrinha lá disse que viu uma das meninas na fila para entrar.

Assim que ela terminou de falar,dei um sorriso alegre e a titi só revirou os olhos.

Titi é uma das meninas que dividem cela comigo. Está presa por tráfico e homicídio,quando cheguei aqui ela não foi muito com minha cara,mas agora somos bem mais próximas.

Gosto da amizade dela,ainda mais por ela ter respeito aqui dentro e assim ninguém mexe comigo.

Maju: então eu vou lá pro pátio- me levantei - não quer ir comigo? - ela fingiu que nem escutou e se virou para a parede cantando alguma música. - eu trago comida então.

Avisei e saí. Ela não recebe nenhuma visita,a única pessoa que ela tem é a mãe,mas a mãe dela é doente e não pode ficar vindo. Então divido minhas coisas com ela.

Cheguei no pátio e me sentei em um dos bancos de cimento, olhei ao redor e não vi nenhuma das meninas, então fiquei só quieta esperando. A Clara e a Carol dividem para vir me visitar, uma semana uma vem e não outra a outra vem.

Semana passada era para a Carol vir,mas o Brian acabou adoecendo do nada e ela não pôde vir,então nessa quem vem é a Clara.