Capítulo 4

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THOMAS

Vim pra empresa de táxi e deixei Antônio com a moça sem nome no hospital. Ela parecia tão frágil, não podia deixá-la sozinha.
Entrei já um pouco atrasado pra reunião da nova coleção, eu odiava atrasos. Mas não iriam começar sem mim.
A maior empresa de joias da América Latina estava nas minhas mãos, meu pai passou pra mim quando decidiu se aposentar e curtir o casamento com minha mãe. Eu admirava o relacionamento deles. Invejava.

- Boa tarde a todos. Peço perdão pelo atraso, tive um imprevisto. - eu odiava quando me davam essa desculpa. E agora sou eu falando isso. Que patético.

Assisti as apresentações das 3 opções de novos modelos que tínhamos. Eram lindas, mas ainda sentia que faltava algo. Não tinham nada de especial.
Acabamos escolhendo a última como principal por enquanto, até que alguém trouxesse uma ideia melhor.

No final do dia Antônio já me esperava na frente da empresa. Ele era o motorista do meu pai, e acabou ficando comigo depois. Era um bom homem. Casado, tinha 4 filhos. Nunca se metia na minha vida, era o que eu mais gostava nele.

- Ola, senhor. Dia cansativo?

-  Você não imagina o quanto! - falei enquanto me acomodava no banco, tirando a gravata e e subindo as mangas da camisa. - E a moça que desmaiou? Está tudo bem com ela?

- Ah sim, a senhorita Amelie está bem. Ela não se alimentava desde ontem, acredita? Por isso desmaiou. Depois que recebeu alta a levei pra casa. - ele parou de falar e logo abriu a boca de novo - não era bem uma casa, ela mora numa pensão. Disse que não tinha família aqui. Ela pediu seu número, senhor. Queria lhe agradecer.

- E você deu? - perguntei levantando a sobrancelha.

- Eu disse que o senhor me mataria. - falou sério e eu ri, ele achava mesmo isso? - Mas peguei o número dela. O médico passou umas vitaminas, mas duvido que ela vá comprar. Até porque deixou a receita aqui no carro.

- Então compre e leve pra ela, por favor. E diga que não precisa agradecer. - ele apenas assentiu com a cabeça.

O resto do caminho finalmente tive silêncio, tudo o que eu mais queria.
Cheguei em casa e Marta já havia colocado a mesa, ela era uma senhora de cara fechada que dificilmente ria. Nunca me incomodava. Chegava cedo e só ia dormir depois que tirava a mesa do jantar. Então eu comia logo pra poder libera-la. Depois de jantar subi pro quarto.
Tomei um banho demorado. A água quente escorria pelo meu corpo me fazendo relaxar.
Então o rosto dela me veio a mente. De novo. E de novo. Como todos os dias.
Nós tínhamos tanta vida juntos. Pelo menos foi o que eu pensei. Até vê-la beijando outro na nossa cama.

Depois de sair do banho mandei mensagem pro Henrique, marquei de encontrá-lo na boate de sempre. Precisava me aliviar. So isso.

CASAMENTO POR CONTRATOOnde histórias criam vida. Descubra agora