AMELIE
Abrace as oportunidades. Se não aparecerem, crie-as. Ouvia isso sempre do meu avô.
Quando vi o desespero nos olhos de Thomas com a visita da mãe, não pensei. Só agi.
Ele já tinha sido tão gentil comigo, seria minha forma de retribuir.
Finalizei o contrato com Henrique e assinei antes de pensar demais e desistir.* Teria que acompanhar Thomas nas festas da empresa
*Não podíamos contar sobre nosso contrato pra ninguém.
* Andaríamos de mãos dadas e se fosse preciso ele me beijaria em público (não consegui contestar esse)
* Moraríamos na mesma casa, mas ficaríamos em quartos separados, a não ser quando recebêssemos visita.
* Cada um podia ter outros relacionamentos, contanto que fosse longe dos olhos da imprensa.
* Em caso de agressão o contrato poderia ser quebrado. (Ele se fez de ofendido quando pedi pra colocar esse ponto, mas ele não é mulher e não sabe o que nós enfrentamos)
* Em caso de quebra de contrato sem motivo a multa seria de R$250.000 (Eu jamais quebraria porque não tenho nem 10% desse dinheiro)
* Ficaríamos casados por 6 meses.
* Eu receberia 50% do valor no dia do casamento e o restante após o divórcio.Combinamos de enviar por e-mail informações sobre nós que seria importante sabermos. Henrique iria marcar o casamento e avisaria a data.
Thomas combinou de me encontrar a noite, precisávamos parecer um casal e seria bom começarem a nos ver juntos.
Voltei pra pensão e passei o resto da tarde dentro daquele minúsculo quarto. O e-mail de Thomas chegou e estudei cada informação sobre ele.
Tinha 32 anos, enquanto eu tinha 23. Fez faculdade em Londres, enquanto eu só fiz o ensino médio. Falava 4 idiomas, enquanto eu falava portugues e enrolava no inglês graças a um curso que fiz por 2 anos. Cada item que eu lia percebia o quando éramos completamente o oposto. Ele parece ter uma família perfeita, pais que se importam e uma irmã mais nova que o ama. E eu? Nem sei se posso dizer que tenho família.Quando a noite chegou tomei um banho, arrumei o cabelo com algumas ondas e coloquei um macacão verde com uma blusa de manga longa branca por baixo. Estava frio. Fiz uma maquiagem bem leve e desci quando recebi uma mensagem de Thomas. Havíamos trocado contato após a assinatura do contrato.
look Amelie
"Já estou aqui embaixo, não demore por favor."
Vi o carro luxuoso do outro dia e fui até ele.
- Boa noite. - falei assim que sentei no banco do carona.
- Boa noite, Amelie.
- Pra onde nós vamos?
- Você já jantou? Pensei em te levar pra comer. Seria um ótimo local pra conversar e se tivermos sorte alguém nos veria.
- Ainda não. Comer seria ótimo. - ele apenas assentiu.
O carro tinha um cheiro ótimo, igual a de sua sala. Devia ser o seu perfume. Ele mantinha o olhar fixo no trânsito. Estava diferente de como o vi mais cedo. Sem terno, vestia uma calça jeans e uma camisa polo preta que marcava bem os seus braços.
- Gosta do que vê? - ele falou sem olhar pra mim com um sorriso de canto. Acho que fiquei vermelha como um pimentão.
- Só estava pensando, você não tem ninguém? Porque se casar com uma desconhecida? Você parece ser alguém que tem várias mulheres nas mãos.
- Não quero envolvimento. E você não é mais tão desconhecida. Não quero romance. A maioria das mulheres que pego acabam se apaixonando rápido demais. Isso não seria bom. E você não vai ser uma dessas mulheres, não é?
- Jamais. - falei rápido - você não faz o meu tipo.
Ele só podia ser louco se achava que eu cairia babando aos seus pés. Ele era gato, muito gato. Mas não me interesso só por isso.
Chegamos a um restaurante com uma fachada tão linda, era italiano. Quando saimos do carro ele pegou minha mão. Foi estranho, mas um estranho bom.- Está pronta?
- Não. Mas vamos lá.
O garçom nos direcionou pra uma mesa afastada e nos entregou o cardápio.
- Você disse no e-mail que não era daqui. A quanto tempo está SP? E porque mora naquela pensão? - ele perguntou sem rodeios. Pensei um pouco antes de falar e ele levantou a sobrancelha como se me desse um comando pra responder.
- Estou aqui há 15 dias. Sou de uma cidade do interior do estado do Maranhão, vim tentar a sorte na cidade grande, quero estudar e crescer aqui. E estou na pensão até conseguir um trabalho e alugar um apartamento. Pelo menos esse era o plano inicial.
- Veio tentar a sorte e acho que acertou em cheio. - ele falou dando o maldito sorriso lindo de canto. - E sua família? O que vai dizer a ela? Que vai casar com um cara que conheceu há 2 dias? - Falar sobre minha família seria mais difícil do que pensei.
- Minha família não tem nada a ver com minhas escolhas e minha vida. E agradeceria se você não perguntasse sobre eles.
O clima ficou um pouco tenso depois da minha resposta. Mas eu não estava pronta pra falar, ainda mais com um quase desconhecido.
- Ok. Como quiser.
O garçom chegou para anotar os pedidos e pedi um talharim ao molho branco com camarões e ele um gratinado com filé.
- Acha que consegue ficar na pensão até o dia do casamento? Vou preparar um quarto pra você, como combinado.
- Sim. Contanto que não demore tanto. Não estou trabalhando ainda, então o dinheiro tá indo embora mais rápido do que eu possa controlar.
- O que acha de trabalhar comigo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
CASAMENTO POR CONTRATO
RomanceEm uma cidade nova, sozinha e sem muito dinheiro, Amelie tenta fugir do passado. Ela é uma moça doce, inteligente e mais forte do que qualquer um pode pensar. Mesmo cheia de traumas, medos e segredos, mantém um sorriso que afasta qualquer tristeza d...