CAPÍTULO 19

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AMELIE

Eu parecia uma criança encolhida no chão do banheiro. Meu choro não cessava. O medo me fazia estremecer. Quando Thomas tocou meu pescoço não consegui me controlar, o medo era maior que o prazer.
Seu olhar pra mim foi de desespero enquanto perguntava se tinha me machucado. Queria gritar "não foi você, Thomas. Foi outra pessoa" mas não consegui.
Eu não devia ter permitido que chegássemos até aquele ponto. Eu estava me envolvendo demais. E sabia que não estava pronta ainda.

Passei o resto da noite no quarto, ele não tentou falar comigo. Eu devo tê-lo assustado.
Mal consegui dormir, tive pesadelos a noite toda.

Pela manhã saí do quarto e fui até a cozinha com dificuldade, meu pé ainda estava doendo.

- Oi, bom dia.

- Oi, estou preparando o café. Pode se sentar. - ele respondeu enquanto cortava algumas frutas. - Seu pé está melhor?

- Não muito. Dói quando piso. E preciso trocar o curativo porque acabou sujando todo ontem.

- Posso ajudar após o café, se você quiser, claro.

- Obrigada. - ficamos em silêncio, ouvindo apenas o som da faca na tábua. - Thomas, sobre ontem... - ele me interrompeu antes que continuasse

- Tá tudo bem, Amelie. Não precisa falar disso se não quiser. Eu realmente não sei o que fiz, mas peço desculpas do fundo do meu coração. Jamais foi minha intenção machucar você.

- Eu sei e você não machucou. Você não fez nada errado, ok? Não foi culpa sua. O problema sou eu. Não devia ter avançado tanto sem estar pronta.

- Você é virgem?

- Não. Não sou. Mas não tenho uma boa experiência com sexo.

O silêncio se instalou de novo. Ele colocou as coisas sobre a mesa e sentou ao meu lado.

- Prometo não tocar mais em você. A menos que você queira. Vamos esquecer a noite de ontem, tá bem? - Apenas assenti com a cabeça - Temos um passeio de lancha daqui a pouco, mas vou entender se não quiser me acompanhar.

- Não quer que eu vá?

- Adoraria qualquer minuto na sua companhia, meu bem. Mas se não estiver bem, vou entender.

- Eu vou. Acho que vai ser bom, só não vou conseguir nadar com o pé assim.

Tomamos café, ele me ajudou com o curativo e depois fomos à praia, uma lancha já estava nos esperando. Ele me ajudou a subir, fizemos um trajeto incrível até uma ilha onde fizemos várias fotos. Não trocamos muitas palavras, ele parecia pisar em ovos comigo, mas não o culpo. Almoçamos nessa ilha e depois voltamos.
O resto do dia seguiu essa mesma linha, cada um no seu canto, a noite pedimos o jantar e ele comeu no quarto.
Iríamos embora pela madrugada. Eu não consegui dormir. As 4h da manhã um carro foi nos buscar, entramos no mesmo avião que viemos.

- Quer que eu segure sua mão? - ele perguntou assim que o piloto anunciou que iríamos começar o voo.

- Sim, por favor.

Ele me passava tanta segurança, era gentil.
Quando o sinal de soltar os cintos surgiu continuamos de mãos dadas. Ele logo dormiu e eu também.
Acordei sentindo um peso no meu ombro, Thomas acabou encostando enquanto dormia. Mas não tirei, deixei ele daquele jeitinho e voltei a dormir.
Quando chegamos fomos direto pra sua casa.

- Seu quarto é o do final do corredor. Vou precisar ir a empresa e depois levar nossos documentos ao consulado junto com Henrique para dar entrada no visto. Se quiser comer algo a Marta prepara pra você, qualquer coisa pode me ligar também.

- Tá bem. Quando eu começo a trabalhar?

- Amanhã, hoje você pode descansar.

- Ok, obrigada e tenha um bom dia de trabalho.

Passei o dia dentro do quarto, era um pouco menor que o dele, mas tão elegante quanto. As paredes eram brancas e bege, tinha um pequeno closet, banheiro, uma escrivaninha também.
Não vi mais Thomas aquele dia, deve ter trabalhado até tarde depois desses dias de folga.
No dia seguinte Antônio me levou até a empresa, não vi Thomas novamente. Comecei o trabalho, era muita coisa pra aprender, mas eu estava super empolgada. Todos cochichavam sobre mim, a "senhora Schneider".
A semana foi toda foi a mesma coisa, cheguei a trocar mensagem com Thomas quando ele justificava que ficaria até tarde porque estava fechando alguns trabalhos.
No fim de semana seguinte, o encontrei em casa pela manhã.

- Bom dia. - falei e ele virou com uma xícara de café na mão

- Bom dia, Amelie. Como você está?

- Bem, o pé nem está doendo mais. Já posso até correr.

- Que bom! Eu vou precisar fazer uma viagem hoje a tarde e só volto no outro fim de semana, vou a Portugal fechar alguns contratos.

- Tudo bem, espero que faça uma boa viagem.

- Obrigada. Está gostando do trabalho?

- Muito! Já estou pegando a prática, todos são muitos bons e estão sendo super pacientes. Ser a mulher do chefe tem seus benefícios. - falei o fazendo rir

- Fico feliz por te proporcionar regalias, senhora Schneider. - eu ri de volta - Vem, tome café comigo.

Sentei a mesa com ele e tomamos café juntos, depois de vários dias sem contato, era bom ficar ao seu lado.

CASAMENTO POR CONTRATOOnde histórias criam vida. Descubra agora