CAPÍTULO 27

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AMELIE

Sabe quando você acorda mais cansada do que quando foi dormir? Foi como acordei essa manhã. O pesadelo dessa noite parecia tão real que me deixou com um embrulho no estômago, acordei sentindo ânsia de vômito.
Estava exausta. Thomas insistiu que eu ficasse em casa, mas preferia me distrair com o trabalho.

O dia foi bem puxado, parece que resolveram me dar a demanda da semana inteira em um único dia. Fiz o melhor que pude, depois fui para a faculdade. Quando o sinal da segunda aula soou e eu caminhava em direção a sala, meu celular tocou, tentei ignorar mas ele continuou. Olhei a tela do celular, era o número da Dani

- Oi irmãzinha, estou um pouco ocupada agora, posso ligar pra você depois? - falei chegando na porta da sala e vendo o professor já dentro dela.

- Ela morreu. - sua voz foi como um sussurro, mas alta o suficiente pra que eu ouvisse - ela morreu e eu não sei o que fazer sem ela. - então ouvi seu choro alto.

Dei dois passos pra trás e o professor falou

- Vai entrar ou não?

Mas eu não conseguia responder, então ele apenas fechou a porta. Procurei o banheiro mais próximo enquanto as palavras da minha irmã ecoavam na minha cabeça

- Amelie? Você tá aí? Fala comigo! - ela falou como uma súplica - não me deixa sozinha agora, eu preciso de você.

- Eu to aqui. Quando aconteceu?

- Faz apenas 1 hora que me ligaram do hospital. Ela estava melhorando, eu acreditei que ela ficaria bem. - então voltou a chorar e soluçar - por favor, volta.

- Estarei aí amanhã, tá bem? - as lágrimas estavam escorrendo e eu tentava manter minha voz firme, precisava ser firme pra ela. Por ela.

- Tá bem, preciso desligar, o papai acabou de chegar.

- Tudo bem, sinto muito. - então ela desligou

Uma crise de pânico começou a me atingir, tentei ligar pra Thomas mas chamava e ele não atendia, devia tá ocupado. Então peguei um táxi e fui direto pra casa.
Quando cheguei em frente a nossa casa vi o carro de Thomas, que bom que ele estava ali, eu precisava dele. Entrei e estava tudo em silêncio. Marta não estava, então subi e vi a porta do nosso quarto aberta, antes de entrar vi uma roupa feminina no chão, era um vestido? Não parecia com nada meu. Assim que entrei, pra minha total decepção vi o que jamais imaginei que veria.
Uma loira só de calcinha e sutiã com os braços ao redor do pescoço de Thomas enquanto sua boca estava no pescoço dele. As mãos dele estavam na cintura dela. Foi como um soco no estômago. As lágrimas que já estavam descendo se intensificaram e soltei um soluço.

- Amelie. - ele falou me olhando com um olhar desesperador. Com o olhar de quem acabou de ser pego. - Não é nada do que você tá pensando, meu amor. - falou a afastando e vindo na minha direção.

Eu estava em choque, apenas alternava o olhar entre os dois. Ela ria. Uma raiva tomou conta de mim quando ele estendeu uma das mãos até mim.

- NÃO ME TOCA. - gritei

- Meu amor, por favor. Deixa eu explicar. - ele pediu

- Acho que já esta tudo claro. Mas não se preocupe, só vou pegar minhas coisas e sair. Não quero atrapalhar mais do que já atrapalhei. - entrei indo até o closet e puxando algumas roupas.

- Thomas, vamos sair daqui. - a vadia loira falou

- Cala a boca Caroline! Cala a porra da sua boca e vai embora.

Era ela. A Caroline dele. Ela passou por mim indo até ele.

- Sabe onde me encontrar, estarei te esperando quando acabar esse contrato idiota.

Ela sabia do contrato? Ele contou a ela?

- Amelie, por favor. Não aconteceu nada! Ela chegou aqui e foi tirando a roupa e aí veio até mim...- não conseguia continuar ouvindo.

- Sai daqui, Thomas. Por favor, sai daqui! Eu não quero ouvir sua voz. Só me deixa sozinha

- Não faz isso por favor. - falou tentando tocar no meu braço

- EU JÁ FALEI PRA NÃO TOCAR EM MIM!

Gritei indo em direção ao banheiro. Assim que entrei tranquei a porta. Eu estava sozinha de novo, eu era sozinha. Me sentei no chão colocando a mão na boca. Queria gritar. Então uma crise de pânico me atingiu. O ar parecia que não vinha, estava sufocando, mal enxergava por causa dos olhos cheios de lágrimas. Tudo estava embaçado. Thomas bateu na porta por um bom tempo e depois desistiu.
Consegui me levantar e meu peito parecia queimar. Em desespero comecei a socar o espelho até ver o sangue escorrer. E então senti a dor física, mas não foi maior que a dor que estava sentindo por dentro.
Não havia nada pior que a sensação que eu estava sentindo. Peguei um pedaço do espelho que caiu e comecei a passá-lo pelas pernas e braços, então senti meu corpo todo arder pela dor e o sangue escorrer pelo banheiro. Eu já havia feito aquilo antes, foi meu espace por muito tempo.

Quando consegui me controlar entrei debaixo do chuveiro, limpei o máximo que consegui e então saí do banheiro.
Thomas não estava no quarto, aproveitei pra me vestir e coloquei uma calça e uma camisa de manga longa, precisava me cobrir por completo. Terminei de arrumar a mala e quando estava fechando ele entrou. 

- Não vai embora, por favor. Não me deixa, meu amor. - Eu não respondi. - Eu imploro, Amelie! Eu preciso de você

- Claro que precisa. Mas cumpro minhas responsabilidades. Irei cumprir seu contrato idiota, não se preocupe. Só não espere mais nada além disso.

- Eu não to nem aí pra merda desse contrato. Pode rasgar ele se quiser. Eu preciso de você! - ele falou chorando. Ele estava chorando. Mas suas lágrimas idiotas não me importavam.

- Ficarei fora por uns dias. Peça a Marta pra levar minhas coisas de volta ao outro quarto, assim o seu fica livre pra trepar com quem quiser.

- Não fala assim, eu só quero você, não vai! - ele falou me abraçando por trás. Eu paralisei com seu toque.

- Acabou, Thomas. Agora você é meu patrão e eu sou só sua empregada. Como deveria ser. Volte pra sua Caroline.

- Ela não é nada pra mim. É você que eu amo.

- Você me acusou de falar do contrato, mas quem fez isso foi você. Hipócrita.

Me soltei dele e sai arrastando minha mala. Ele ficou parando me vendo sair.
Fui até o aeroporto e comprei a primeira passagem disponível para o Maranhão. 4h depois embarquei.

CASAMENTO POR CONTRATOOnde histórias criam vida. Descubra agora