CAPÍTULO 29

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ALERTA GATILHO ⚠️⚠️⚠️
Esse capítulo contém cena de abuso sexual
Se você for sensível a esse tipo de conteúdo, recomendo que não leia. ⚠️

AMELIE

Assim que o avião aterrissou em São Luís, meu coração apertou ainda mais. Eu estava feliz demais, sabia que a qualquer momento tudo iria desabar.
Peguei o primeiro ônibus e fui em direção a minha cidade.
Assim que cheguei procurei um hotel e liguei pra minha irmã. Já era quase 9h da manhã quando consegui falar com ela.

- Oi, onde será o enterro? - falei segurando o choro

- Você veio? Será onde enterraram nosso avô, a partir das 10h

- Vejo você lá. - respirei fundo quando as lágrimas começaram a cair

- Obrigada por vir, imagino como deve tá sendo difícil pra você. - não respondi, não conseguia - Ela te amava, do jeito dela. Ficou muito agradecida quando contei que você pagou toda a despesa médica. Ela queria muito o seu perdão.

- Não posso. Não posso perdoa-lá ainda.

- Eu sei. - ficamos em silêncio por um momento - Ele vai estar lá. Mas não sairei do seu lado.

- Obrigada. Preciso desligar pra tomar um banho e daqui a pouco vejo você, baixinha.

- Tudo bem. Te espero.

Encerrei a ligação e fui pra debaixo do chuveiro. Seria tão bom se a água limpasse o interior também. Eu me sentia tão suja, usada, traída.
Ignorei as ligações e mensagens do Thomas, não conseguia lidar com todas essas dores juntas agora. Precisava enfrentar uma de cada vez.
Me arrumei e fui ao local que minha avó seria sepultada. Estava a ponto de enfrentar o meu maior medo.

Quando cheguei todos me olharam surpresos, assim que meus olhos encontraram os da minha irmã senti uma ponta de alívio, ela correu em minha direção e se jogou nos meus braços, nosso choro se misturou. Não conseguíamos falar nada, mas partilhamos da mesma dor.
Meu pai me viu e também veio na minha direção.

- O que ela está fazendo aqui? - falou baixo pra que mais ninguém além de nós ouvisse.

- Para, pai! Aqui não é hora e nem lugar. - Dani falou

- Você a abandonou, não tem o direito de estar aqui - falou apontando o dedo pra mim

- Ela pagou todo o tratamento da vovó, tem mais direito de estar aqui do que você que só sabia se afundar no álcool. - ele me olhou parecendo estar surpreso.

- Por favor, pai. Se não tem respeito por mim, peço que tenha pelo corpo da sua mãe. - falei o fazendo se afastar

Dani voltou a me abraçar chorando, sua mãe também veio lhe dar consolo e aproveitei para ir ao banheiro, precisava de alguns minutos sozinha.
O momento do enterro foi o mais difícil. Minha avó foi a única figura materna que conheci. Eu a amava. Era um pedaço da minha história que eu estava enterrando.
Quando todos deram seu último adeus eu o vi. Aquele de quem eu fugia. Estava ao lado da sua esposa perfeita, com seus três filhos perfeitos e com sua pose perfeita.
Ele me encarou por um tempo e eu continuei com minhas postura firme.
Quando acabou me despedi da minha irmã e voltei ao hotel.
Passei o restante do dia por lá, estava tão cansada, mas não conseguia dormir. Quando a noite chegou ouvi batidas na porta, a única que sabia onde eu estava era minha irmã, mas para minha infelicidade quando abri não era ela, e sim ele, o responsável pelos meus pesadelos, o monstro que me destruiu por completo, a pessoa que toda a família defendia pelo dinheiro que podia oferecer, aquele que se dizia ser meu tio.
Senti um frio na espinha, minhas pernas fraquejaram. Tentei fechar a porta mas ele foi mais rápido que eu e entrou no quarto.

CASAMENTO POR CONTRATOOnde histórias criam vida. Descubra agora