AMELIE
Já era noite, me sentia bem melhor. Passei o resto da tarde me recuperando na cama não tão macia que meu dinheiro conseguia pagar.
Estava deitada quando meu celular começou a vibrar. Eu já sabia quem era. Ignorei e desci pra comer alguma coisa.- Olá, Amelie! - o que ele estava fazendo aqui?
- Olá, Antonio. Tá tudo bem? - ele estava sem seu terno e com uma senhora loira ao lado.
- Está sim! Essa é minha esposa, Cecília. Viemos apenas lhe trazer essa vitamina. O patrão pediu que eu trouxesse pra você. - ele estendeu uma sacolinha de farmácia.
- Que cabeça a minha! Acabei esquecendo a receita. Não precisava se incomodar. E muito prazer senhora, seu marido é muito gentil! - falei abraçando a Cecília - eu faço questão de pagar, quanto custou?
- De jeito nenhum! Mas pode passar na empresa e agradecer o patrão pessoalmente.
- Não sei. Pode ser. Talvez. - eles riram da minha incerteza.
- Tome, esse é o endereço. - ele falou me entregando um cartão com sua assinatura e um endereço- Acho que o patrão iria gostar de vê-la bem. Agora precisamos ir, tenha uma boa noite, senhorita!
O vi entrar em um carro bem inferior aquele que me trouxe mais cedo.
Depois de comer subi para o quarto novamente. Peguei meu celular confirmando o que já suspeitava. Tinham 5 ligações com o ddd da minha cidade natal. Mais um número que bloqueei. Me joguei na minha cama e senti as lágrimas esquentando meu rosto. Me sentia tão fraca por chorar pelo mesmo motivo. Eu era fraca, por isso fugi.Não sei quanto tempo fiquei daquele jeito, mas acabei pegando no sono. No dia seguinte acordei me sentindo um caco. Depois de um bom banho e um café reforçado, coloquei uma saia mídi marrom, um blusa bege, alguns acessórios e meu bom e velho all star.
Pesquisei o endereço que tinha no cartão que Antônio me deu e fui pra parada de ônibus.
Ainda não sabia andar muito bem aqui, mas estava me virando.
Quando cheguei em frente ao grande prédio na cor cinza, com grandes janelas de vidro de cima a baixo vi o letreiro escrito: Gold Tower
Igual ao cartão.
Entrei e me apresentei na recepção pra uma loira com cabelos curtos e maquiagem perfeita. Falei que queria ver Thomas Schneider.- Você tem horário marcado?
- Não. Mas preciso falar com ele. - tirei o cartão da bolsa e mostrei a ela. - o motorista dele me entregou ontem, você pode por favor falar que é a moça do hospital? Ele vai saber quem é. - pelo menos era o que eu esperava
Ela fez uma ligação rápida e logo me mandou subir. 15 andar, porque tinha que ir pra um andar tão alto?
Quando as portas do elevador abriram sai direto numa ala tão linda, cheia de quadros de paisagens. Fui até a recepção e me apresentei. A moça me pediu que esperasse 10 minutos.
Meia hora depois e nada, já estava impaciente. Será se um agradecimento valia tanto meu tempo assim?
Parece que ela leu meus pensamentos- Você já pode entrar, o senhor Thomas irá te receber.
Aleluia! Fui direto para a sala com uma grande porta de madeira. Bati 2 vezes e ouvi uma voz rouca dizer "entra" do outro lado.
A sala era grande, com algumas prateleiras cheias de livros e alguns itens chiques de decoração. As paredes eram em um tom de azul marinho e partes em madeira.E o cheiro, maravilhoso. Cheirava a perfume caro.- Olá, gostou da sala? - A voz grave e rouca que veio da mesa no canto me chamou a atenção - Você deve ser a Amelie. Estou certo?
- Certíssimo. Muito prazer senhor Thomas. - falei me aproximando de sua mesa. Ele tinha um rosto que parecia ter sido feito a pincel. Olhos tão azuis que daria pra mergulhar dentro deles. Seu cabelo escuro e barba bem feita lhe davam um ar tão sexy. Com certeza é bem diferente do que eu imaginei.
Ele levantou e estendeu sua mão.
- O prazer é meu. - Peguei em sua mão e senti meu corpo todo reagir ao seu toque. - o que deseja? Estou um pouco ocupado.
- Eu não vou tomar muito seu tempo, só queria lhe agradecer. Por tudo. Por ajudar uma desconhecida na rua, por ter pago o hospital luxuoso mesmo sem obrigação de fazer. Pelos remédios também. - ele me olhava sério. Ele estava sério desde que entrei - mas quero devolver o dinheiro. Não agora porque não tenho. Mas se aceitar aos poucos, faço questão de devolver.
- Não precisa. Não fiz esperando receber de volta.
- Eu faço questão. - falei decidida
- Não seja teimosa. Já falei que não precisa. - percebi um tom de chateação na sua voz.
- Na verdade, tem um jeito melhor de você pagar. - me virei assustada com a voz que veio do outro lado da sala. Como eu não percebi que tinha outra pessoa ali? E do que ele tá falando?
- O que está insinuando, senhor?
- Não é o que você está pensando. Quer dizer, só se quiser. Sou Henrique, amigo e advogado do Thomas. - ele respirou fundo e fez a pergunta mais sem cabimento que já ouvi - O que acha de se casar com ele? - a minha gargalhada foi involuntária.
- Você tem um ótimo senso de humor. - continuei rindo, e ele permaneceu bem sério.
- Adoraria estar brincando, mas não estou. Thomas esta com um pequeno problema e preciso que se case em menos de 1 mês. Você o ajudaria muito assim, e ainda seria bem paga por isso, o que acha? Uma mão lavando a outra.
- Qual é Henrique, essa sua ideia não daria certo. - Thomas respondeu
- O que você acha que eu sou? Que por acaso me casaria com qualquer um por dinheiro? Posso não ter dinheiro, mas tenho dignidade.
- Tem toda razão, Henrique enlouqueceu, ignore o que ele acabou de dizer. - Thomas disse ainda mais sério que antes.
Antes que eu respondesse uma senhora elegante entrou na sala.
- Como assim você perdeu a renovação do seu visto? Seu pai vai matar você!
- Mãe? O que faz aqui?
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CASAMENTO POR CONTRATO
RomanceEm uma cidade nova, sozinha e sem muito dinheiro, Amelie tenta fugir do passado. Ela é uma moça doce, inteligente e mais forte do que qualquer um pode pensar. Mesmo cheia de traumas, medos e segredos, mantém um sorriso que afasta qualquer tristeza d...