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Ayla Velasquez 👮🏻‍♀️

Rocinha, Rio de Janeiro.
02 de março, de 2025.

Domingou e hoje eu decidi ir curtir um pagode em um barzinho aqui morro mesmo, com a Dani... Ela me convidou e eu resolvi aceitar o convite.

Porque não né??? Vai ser bom pra mim espairecer um pouco a mente, nem tudo é trabalho nessa vida né? Mas eu não nego que irei tentar aproveitar a oportunidade e ver se consigo obter alguma informação.

Às pessoas depois que bebem costumam a ficar mais falantes, e muita das vezes acabam falando o que não querem ou não podem. Não estou dizendo que irei embebedar ninguém, tá??? Só vou aproveitar o momento caso acontecer!

Eu juro que não queria usar a Dani pra isso, só que infelizmente ela é a única pessoa que está mais próxima de mim no momento, e também é uma das pessoas que eu tenho praticamente certeza que sabe de alguma coisa. Não sei porque mas eu tenho esse pressentimento, que ela sabe de muita coisa que acontece por aqui.

Chegamos no tal bar onde ia rolar o pagode, e era um ambiente bem legal, parecia até os bares do Leblon e Copacabana.

Ouvi dizer que "empresários" começaram a investir nesse tipo de ambientes nas favelas para atrair às pessoas de fora, os famosos turistas.

E eu acho que eles conseguiram, porque dava pra perceber que a grande maioria das pessoas que estavam aqui não eram moradores do morro.

Sentamos em uma mesa próximo ao palco, e o garçom veio atender a gente. A Dani pediu um balde de brahma e eu pedi uma caipirinha de limão.

O pagode ainda não tinha começado porém o bar já estava lotado de gente e quase não tinha mais mesa pra sentar.

Ayla: Você vem sempre aqui?

Daniella: Todo domingo mona... Bato carteirinha aqui, é o melhor pagode do Rj! Vou te trazer em um sábado, tem roda de samba e feijoada à vontadeee!

Ayla: Nossa, sério??? A gente já pode marcar pra vim sábado que vem então?— ela riu concordando.

Daniella: Daqui a pouco começa o pagode, quem vai cantar hoje é o Vitinho.

Ayla: Mentiraaaaaa???— falei boquiaberta.— Você tá brincando né?

Daniella: Claro que não pô... Olha o flyer aí, eu te mandei maluca!

Encarei a tela do celular dela, e realmente era o Vitinho que ia se apresentar, fiquei de queixo no chão, sou fã dele desde da adolescente cara, já fui em vários shows desde quando ele era do grupo disfarce, tenho até fotos com ele!

Ayla: Cara, eu amo ele!! Às músicas dele são às melhores.

Daniella: Tu sofre sem estar sofrendo.— concordei rindo.

Enquanto o pagode não começava, continuamos jogando conversa fora, bebendo e também pedimos umas porções. Não dá pra ficar bebendo de estômago vazio né?

Notei uma movimentação de pessoas na entrada do bar e parei pra prestar atenção. Observei que tinham vários homens entrando, e um deles, era o primo da Dani, o proprietário da casa que eu aluguei.

A única vez que eu vi ele foi no dia que a avó deles passaram mal e ele entrou na casa desesperado, porém me recordei, tenho uma ótima memória fotográfica!

Confesso que eu esperava que ele fosse uma pessoa bem mais velha, quando vi o anúncio da casa no Facebook era de um perfil com a foto do flamengo. Até fiquei meia assim de confiar e fazer a transferência do depósito, desconfiei que podia ser algum tipo de golpe né? Mas ele conversou comigo por ligação, me passou confiança e eu tive que arriscar porque a localização da casa era perfeita e perto de uma das minhas rotas de fuga também.

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