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Ayla Velasquez 👮🏻‍♀️

Rocinha, Rio de Janeiro.
07 de abril de 2025.

Eu estou até agora sem acreditar que foi o Kako que salvou a minha vida e que a família dele veio me visitar na UPA mesmo depois de tudo e ainda entenderam o meu lado nessa situação, e pelo o que parece, eles estão contra o Maycon.

Principalmente a dona Fátima, ela deixou claro pra mim que não concorda com a atitude dele, e eu confesso que senti pena dela, porque deu pra ver como ela está chateada e também desapontada com o neto. 

Nunca imaginei que isso poderia acontecer, sabe?? Na minha cabeça eles teriam que ter raiva de mim, afinal a identidade do Maycon foi exposta por minha causa e agora ele corre vários tipos de riscos diferentes e a família é quem mais sofre com às consequências disso tudo.

Também estou muito surpresa com a atitude da Dani. Pra mim ela seria uma das pessoas que nunca mais ia querer olhar na minha cara nessa vida, mas me enganei, ela se preocupou comigo e está aqui na UPA como minha acompanhante.

Fiz todos os exames novamente e ela ficou do meu lado o tempo todo. Ainda não conseguimos conversar porém sei que precisamos.

Eu devo explicações pra ela, né?? Enquanto eu estava infiltrada aqui no morro a gente criou uma amizade e eu sinto que foi verdadeira, e eu fiquei muito mal quando fui embora e tive que simplesmente fingir que nada tinha acontecido, isso me afetou e muito.

E eu também devo desculpas pra ela. Eu imagino que tudo que tenha acontecido jo último mês também tenha afetado ela de alguma maneira, afinal ela é muito grudada com os primos.

A enfermeira me trouxe novamente para o quarto que eu estava, me colocou novamente na cama com a ajuda da Dani e em seguida saiu dizendo que já voltava com o meu almoço.

Me acomodei na cama, e a Dani sentou na cadeira que tinha ao lado e um silêncio absoluto se instalou no quarto.

Ayla: Precisamos conversar né?— quebrei o silêncio.

Daniella: É, se você quiser.— suspirou.

Ayla: Primeiramente eu quero te pedir desculpas por tudo que aconteceu.— ela me encarou.

Daniella: Você não precisa me pedir desculpas, você só estava fazendo o seu trabalho.— neguei.

Ayla: Mas eu menti pra você.— ela concordou.— Eu quero que você saiba que a nossa amizade não fez parte do meu trabalho. O meu carinho e sentimento por você é verdadeiro e eu fiquei muito mal quando tive que ir embora daqui e deixar o que estávamos construindo pra trás.

Daniella: Eu só estou aqui agora com você porque também sinto que foi algo verdadeiro Ayla. Não vou negar, fiquei muito surpresa quando soube de tudo e também com muita raiva de você, me senti enganada, sabe? Traída.— concordei.— Só que depois eu percebi que a nossa amizade foi algo que aconteceu naturalmente e que você nunca usou ela para o seu trabalho como policial.— me encarou.— E olha que você teve muitas oportunidades.

Ayla: Não vou negar pra você Dani, assim que eu te conheci, pensei em fazer isso mas não consegui.— encarei ela.— Não sei explicar mas eu não consegui fazer isso com você. Era algo dentro de mim que pedia, sabe?— ela assentiu.

Daniella: Vamos passar uma borracha em tudo que aconteceu?— me encarou e eu assenti.— Agora será que eu posso saber quem você é de verdade?— sorrir concordando.

Ficamos conversando o resto da tarde inteira. Eu contei pra ela tudo sobre a minha vida. Eu poderia fazer isso?? Não. Porém eu sinto que posso confiar na Dani e que ela não irá usar nada contra de mim.

Cada palavra que eu falava, ela abria a boca surpresa, parecia não estar acreditando no que eu estava falando, e eu ficava só rindo das reações engraçadas dela.

Quando estava quase anoitecendo, o médico veio até o meu quarto e me deu alta. Graças a Deus os meus exames não deram nenhuma alteração e por isso eu estava liberada. Só ia ter que manter repouso e continuar tomando os medicamentos para dor.

Daniella: Vou ligar pro Kako e avisar que você já está de alta.— concordei.

Naquele momento eu parei pra pensar. E agora??? O que vai acontecer comigo? Eu vou poder ir embora daqui?

Ela saiu do quarto e voltou minutos depois e o seu semblante parecia preocupado.

Ayla: Está tudo bem Dani?— encarei ela.

Daniella: Tá sim.

Ayla: Eu precisava avisar pra minha mãe que estou bem.— suspirei.— Ela deve estar preocupada comigo.

Já faziam mais de vinte e quatro horas que tinha acontecido a invasão, e que eu estava presa dentro do morro sem dar um sinal de vida se quer. Minha mãe deve estar surtando uma hora dessas e com certeza deve estar deixando todo mundo maluco naquela delegacia.

Daniella: Você quer ligar pra ela?— concordei e ela me entregou o celular.

Disquei o número da minha mãe e no segundo toque ela já atendeu. Senti um aperto no coração quando percebi que sua voz era de choro.

📲[Ligação] +552198067....
Ayla: Mãe?
Viviane: FILHA????— gritou.— Ayla é você meu amor? Onde você está filha? Você está bem? Me fala que você está bem.— falou desesperada.
Ayla: Eu estou bem mãe.— senti o nó na garganta.
Viviane: Onde você está? Me fala. Eu vou te buscar!!!
Ayla: Mãe se acalma.
Viviane: Como eu vou me acalmar Ayla??? Esses marginais estão aí com você né? Eles estão te ameaçando? Eles fizeram alguma coisa contigo? Me fala Ayla!! Eu vou acabar com cada um! Um por um!! Porque você fez isso filha?? Não era pra você ter se entregado no meu lugar, não era!— disse chorando.

Escutei uma gritaria do lado de fora do quarto e reconheci uma das vozes. Era ele!

Ayla: Mãe eu vou precisar desligar agora. Fica calma, eu estou bem e volto a entrar em contato.— desliguei.

Nem deixei ela falar, apenas desliguei a ligação, bloqueei o número e entreguei o celular pra Dani de volta.

Ayla: É o Maycon né?— ela assentiu.

Daniella: Fica calma.— me encarou.— Ele não vai fazer nada contigo.

Ayla: Se eu fosse você não teria tanta certeza.— suspirei.

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