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Ayla Velasquez 👮🏻‍♀️

Rocinha, Rio de Janeiro.
21 de fevereiro, de 2025.

Hoje completa uma semana que estou infiltrada dentro do Morro da Rocinha, e por enquanto tudo está seguindo conforme o plano que foi arquitetado pelos chefes investigadores da delegacia.

Às primeiras semanas são apenas de adaptação, afinal eu tenho que agir como realmente fosse uma nova moradora para não levantar suspeitas sobre mim.

Busco sempre interagir com os meus vizinhos, e estou tentando fazer amizades porque só assim conseguirei adquirir informações concretas.

Ainda estou tentando me acostumar com essa nova vida, e não está sendo fácil porém acho que estou lidando bem com à situação, achei que seria mais difícil, sabe?

Já estou trabalhando aqui na UPA do morro, e por incrível que pareça estou gostando de atuar como enfermeira, vocês acreditam nisso? Nunca imaginei!

Se nada der certo na Polícia, eu posso seguir com a minha carreira de Enfermeira pelo menos né? Rsss.

Por enquanto estou ficando na triagem da upa, então não tem muito segredo, eu confiro os sinais vitais dos pacientes, anoto no prontuário tudo que o mesmo está sentindo e encaminho para o atendimento médico.

Realmente foi uma ótima decisão eles terem me colocando como enfermeira aqui da upa do morro, se um dia eu critiquei essa ideia maluca não me lembro!

Trabalhando na upa eu tenho contato direto com praticamente todos os moradores do morro, inclusive com os próprios bandidos.

E assim se torna mais fácil se enturmar, se aproximar das pessoas, e também fazer amizades.

Não posso negar que eu me sinto mal fazendo isso, sinto que estou usando às pessoas, sabe? Mas infelizmente é o meu trabalho e é necessário, e o que eu quero no final é ajudar essas pessoas, tirar a favela da mão desses traficantes que só querem saber de dinheiro e não estão nem aí para os moradores.

Eu já tinha chegado do trabalho, tomado banho e estava jogada no sofá assistindo televisão. Escutei alguém gritando meu nome e batendo palma no portão, estranhei mas levantei pra ver quem era.

Olhei pela cortina da janela e era uma mulher que estava me chamando. Observei que ela era nova, devia ter uns vinte e dois anos mais ou menos, negra, magra, cabelo cacheado, bem bonita e parecia estar muito aflita porque não parava de bater os pés no chão enquanto me chamava no portão.

Se eu não me engano já vi essa garota umas duas vezes essa semana, aqui na rua de casa mesmo, acho que ela é filha de uma das minhas vizinhas.

Ela não parava de me gritar e eu resolvi sair para ver o que estava acontecendo, mesmo não entendendo nada e também sem entender como ela sabia meu nome. Já fiquei logo desconfiada, né?

Ayla: Oi, tudo bem??? Aconteceu alguma coisa?

Xxx: Mona pelo amor de Deus, me ajuda!— falou desesperada.— Minha avó tá lá em casa desmaiada, ela começou a sentir um dor no peito e desmaiou do nada!— falou chorando.— Me ajuda por favor... Falaram que você é enfermeira! Me ajuda!

Ayla: Qual é sua casa???

Xxx: Aquela ali...

Ela apontou e nós duas saímos correndo em direção a casa. Quando entrei, a vó dela estava desmaiada no sofá e tinha uma mulher mais velha ao lado dela e ela chorava bastante.

Ayla: Preciso que vocês me ajudem a colocar ela no chão.

Colocamos a senhora no chão, tentei ver a pulsação dela e já comecei a fazer a massagem cardíaca, ela estava infartando!

Às duas mulheres se abraçaram e elas me olhavam em prantos, estavam completamente desesperadas.

Ayla: Ela precisa ir agora pra UPA!!!— falei enquanto ainda fazia a massagem cardíaca.— Liga pra emergência agora!

Meus braços já estavam doendo mas eu continuava fazendo a rcp, eu não podia deixar aquela mulher morrer nas minhas mãos de jeito nenhum!

Dez minutos depois a pulsação dela voltou, e a senhora despertou e naquele momento eu senti um alívio tão grande que nem sei explicar a sensação.

Xxx: Ela acordou!!! Vó, vó a senhora tá bem?? Fala comigo vó!

Dava pra perceber que a senhora estava desnorteada, sabe? Ela ficava encarando a gente mas não saia uma palavra se quer da boca dela.

Xxx: Mãe pelo amor de Deus, fala comigo! Por favor!! Fala comigo mãe!

Ayla: A gente precisa levar ela pra upa agora, ela ainda não está bem e pode ter outra parada cardíaca. Vocês tem carro??

Assim que terminei de falar, um homem atravessou a porta da casa desesperado e gritando pela senhora.

Xxx: Cadê minha vó caralho? Vó, mano...— ele já começou a chorar.— O que ela tem pô? Fala comigo vó!— se jogou no chão ao lado da vó.

Xxx: A gente precisa levar ela pra upa agora filho!!!!!

A mulher mais velha falou aflita, o homem pegou a senhora do chão com cuidado, e eu ajudei eles levarem ela até o carro que estava estacionado na frente da casa.

Xxx: Obrigada, eu nem sei como te agradecer... Maya né?— assenti.— Muito obrigada mesmo, de coração!

Xxx: Valeu aí mona.— a garota mais nova falou.

Ayla: Imagina... Me mandem notícias.

Todos eles entraram dentro do carro, e o homem que estava no volante saiu em alta velocidade.

Meu Deus... Que loucura!

Acabei de salvar a vida de uma pessoa... Nem sei explicar o que estou sentindo agora, só sei dizer que é um sentimento muito bom.

Nós que somos policias sempre temos que estar preparados pra tudo, e quando eu falo tudo, é tudo mesmo. Só que não é sempre que temos que fazer uma ressuscitação né??

Várias pessoas estavam na rua e todo mundo me olhava curioso, com certeza eles escutaram a garota me chamando e também perceberam a movimentação estranha na casa.

Xxx: Aconteceu alguma coisa com a Dona Fátima?— uma vizinha perguntou.— Vi o neto dela colocando ela dentro do carro.— falou curiosa.

Ayla: Ela passou mal mas já levaram ela pro hospital.

Xxx: Aí meu Deus! Espero que ela fique bem, a dona Fátima é um amor de pessoa.

Ayla: Ela vai ficar bem sim.

Sorrir simpática, e entrei pra dentro de casa. Me joguei no sofá novamente, e fiquei pensando naquela senhora e em tudo que tinha acabado de acontecer. Espero de coração que ela fique bem!

Não sei porque mas senti no meu coração que eu tinha que orar por ela, e por isso ajoelhei ali no chão da sala, apoiei meus cotovelos no sofá e orei pela vida dela.

Ayla: Que o senhor guarde e proteja aquela senhora. Interceda pela vida e pela saúde dela papai... Amém!

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