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Ayla Velasquez 👮🏻‍♀️

Estava cochilando no sofá e despertei com o meu celular tocando debaixo de mim. Quando peguei já tinha parado de tocar, olhei na tela e tinha várias chamadas perdidas da Amanda.
Fiquei preocupada e por isso retornei a ligação e ela atendeu logo no segundo toque.

Ligação.
Amanda: Até que fim cara! Estou desesperada tentando falar contigo.
Ayla: O que foi? Aconteceu alguma coisa?
Amanda: Ainda não mas vai acontecer.
Ayla: Fala logo de uma vez Amanda! Você está me deixando preocupada.
Amanda: VamosinvadiraRocinhahoje.— disse rápido e eu não entendi nada.
Ayla: Dá pra você falar devagar? Não tô entendendo nada Amanda.
Amanda: Vai ter operação na Rocinha hoje para prender o Maycon.— disse nervosa.
Ayla: Que?? Como assim? Do nada?
Amanda: Também fomos pegos de surpresa.
Ayla: Aí meu Deus!!— falei aflita.
Amanda: Só te liguei porque eu achei que você deveria saber.
Ayla: Que horas isso vai acontecer?
Amanda: Iremos sair daqui a uma hora.
Ayla: Obrigada por me avisar e cuidado, tá? Te amo!
Amanda: Pode deixar. Também te amo!— desligou.

Eu não imaginei que uma segunda operação na Rocinha ia acontecer tão de pressa, ainda mais depois na última operação que foi totalmente falha e julgada por todos superiores. Achei que ia demorar mais tempo para isso acontecer mas pelo visto me enganei.

Tenho certeza que essa invasão surpresa não foi uma ordem da delegada Viviane, minha mãe é muito calculista e mediculosa, ela não iria agir assim por impulso, tenho certeza que essa ordem veio de quem está por trás dos bastidores.

Eu sabia que isso poderia acontecer a qualquer momento, o estado quer prender o Maycon de qualquer jeito e eles estão investindo pesado para que isso aconteça o mais rápido possível. É gente que tem muito dinheiro que está por trás do interesse em vê-lo atrás das grades.

Não foi atoa que armaram aquela enorme operação de infiltração, tudo aquilo envolveu muita grana e agora eles querem um retorno. O Maycon preso!

O que eu faço agora???? Me sinto em um fogo cruzado. Uma parte de mim me diz que eu tenho que fingir que não sei de nada mas a outra me manda pegar o telefone agora e avisar o Maycon o que está prestes a acontecer.

E sabe o que é pior?? Eu me sinto totalmente errada tomando qualquer decisão. Por um lado estou traindo tudo aquilo que sempre acreditei e defendi, traindo até mesmo a minha própria mãe. Já pelo outro lado, estou colaborando com algo que prejudique a vida do pai do meu filho para sempre ou até mesmo que acabe com a vida dele de uma vez por todas.

Eu sou policial e sei como funciona a cabeça de muitos policiais. Bandido pra gente é inimigo e o interesse de muitos não é só colocá-los apenas na cadeia e sim abater de uma vez se tiver a  oportunidade. E eu tenho certeza que qualquer policial daquele batalhão mataria o Maycon sem pensar duas vezes.

E caso isso acontecesse, eu me sentiria totalmente culpada... E eu não quero carregar a culpa da morte do pai do meu bebê.

Mandei mensagem pra Dani e pedi o número do Maycon. Eu precisava falar isso diretamente com ele. Não dava pra passar essa informação pra outra pessoa.
Ela ficou sem entender, até achou que eu estava passando mal mas eu dei uma desculpa qualquer e ela pareceu acreditar. Eu não podia falar pra ela o que estava acontecendo, sei bem como a Dani é, ela iria surtar.

Ligação.
Ayla: Maycon?
Mike: Quem te passou o meu número?— falou todo grosso.
Ayla: Será que dá pra você deixar a grosseria pra depois?— bufei.— Preciso falar um assunto sério contigo.
Mike: Qual foi? Manda o papo. Tu tá bem?? É alguma parada com a minha cria?— não sei porque mas sorrir involuntariamente.
Ayla: Não é nada com a gente. Estamos bem!
Mike: Qual é então caralho? Manda o papo logo. Tá achando que eu tenho tempo pra ficar de papinho em telefone?— revirei os olhos.
Ayla: A polícia vai invadir a Rocinha hoje atrás de você.
Mike: Qual foi porra??? Que papo é esse? Tá malucona? Tu tá sabendo disso como caralho?— falou nervoso.
Ayla: Você esqueceu que eu sou uma policial?— bufei.— Acabei de receber essa informação.
Mike: Quem te passou essa informação? Tu não tá de tróia pra cima de mim nessa porra não né Ayla? Eu acabo contigo, tendeu? Acabo paceira!
Ayla: Que inferno!— falei com raiva.— Eu não deveria ter te ligado. Que ódio de mim! Devia deixar você se foder mesmo... Como eu sou burra.— desliguei na cara dele.

Que ódio desse babaca!!! Eu ligo pra avisar e ajudar esse filho da puta se preparar ou até mesmo se esconder e é dessa forma que ele me trata??? Afff, que ódioooooooo. Como eu sou burra!!! Que arrependimento.

Esse idiota não merece um pingo da minha importância, não mesmo! Como ele ainda pode desconfiar de mim?
Eu já deixei claro que o que aconteceu no passado ficou pra trás e que agora às coisas mudaram. Será que isso nunca vai entrar na cabeça dele? Não é possível.

Meu celular começou a tocar, olhei na tela e era ele me ligando. Não atendi. Não quero nem ouvir a voz desse homem. Estou com ranço!!!

O celular continuou tocando e eu fingindo demência, coloquei até no mudo!!! Quero que ele se foda também! Se for preso ou morrer, não estou nem aí. Minha parte eu fiz!

Affff que raiva! Olha o papel que eu estou me sujeitando, ajudando um bandido... Que situação. Nunca me imaginei passando por isso, nunca mesmo!!!!!

O infeliz continuou me ligando e eu pensei melhor e resolvi atender mas não por ele e sim pela minha mãe. Pensei nela, ela vai estar nessa invasão e eu preciso pedir para que ele não faça contra ela e nem contra a Amanda!

Ligação.
Ayla: O que você quer???— falei grossa.
Mike: Esse papo é verídico mesmo pô?
Ayla: Sério mesmo que você acha que eu ia brincar com uma coisa dessas?? Você é patético.
Mike: Tu sabe de mais algum bagulho?
Ayla: Eles vão sair em operação em uma hora.
Mike: UMA HORA?— gritou.— TOMAR NO CU!!! Preciso desligar.
Ayla: Maycon?— suspirei.
Mike: Fala.
Ayla: Não faz nada contra a minha mãe por favor e nem deixa ninguém fazer. Nem com a Amanda, elas são importantes demais pra mim.— falei sentindo um nó na garganta e ele ficou mudo na linha.— Por favor... Faz isso pelo seu filho.
Mike: Preciso desligar Ayla.— desligou na minha cara.

Naquele momento eu senti um aperto grande no meu peito e comecei a chorar. Eu entendi aquele silêncio do Maycon, ele não hesitaria em matar minha mãe se fosse preciso e eu sei que minha mãe também não hesitaria em matar ele se tivesse uma oportunidade.

Eu só queria que tudo isso não passasse apenas de um pesadelo!!!

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