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Maycon|Mike.

Rocinha, Rio de Janeiro.
04 de março de 2025.

Mike: Tô falando contigo Maya, responde porra! Tá fazendo o quê aqui caralho?

Ela me encarava sem piscar mas não falava porra nenhuma, a mina parecia que estava em choque, tá ligado? Não saia uma palavra da boca dela.

Deve ter sido pela situação que ela acabou de passar né? Duvido que ela já tenha passado por um bagulho desse antes. Não é sempre que temos uma arma apontada na nossa cabeça né, pô??

Eu estava descendo pro confronto quando passei pelo beco e vi ela de longe, e papo reto, quando vi o filho da puta mirando na cabeça dela, minha reação foi só de meter bala nele.

O vagabundo caiu do lado dela todo ensanguentado, e eu já fui acionando os menor no rádio pra virem limpar a bagunça.

Mike: Maya, porra! Fala comigo.— balancei ela.

Ayla: Eu tô bem.. tô bem!

Mike: Vem comigo.— puxei ela.— Fica atrás de mim e não saí por nada, tendeu?— ela concordou.

Quem estava invadindo o morro era o filho da puta do Morcego. Ele é do TCP e dono do Complexo da Maré e à anos nós dois estamos em guerra pelo domínio do tráfico no Rj.

Ele está tentando tomar uma parte da minha favela mas isso é um bagulho impossível, tá ligado? Nem sei porque esse filho da puta ainda tenta, ele sabe que nunca vai conseguir esse bagulho, nem mesmo nos sonhos dele!

Minha tropa é a melhor do Rj, tendeu?? Aqui ninguém brinca em serviço no bagulho não!!! Aqui os menor só entram no confronto pra ganhar e derrubam qualquer um que invente de atravessar o nosso caminho.

Era tiro pra caralho e por todo lado, tá ligado? Eu não costumo participar dos confrontos não mas hoje resolvi botar às caras no bagulho pra defender minha favela.

Aquele filho da puta do Morcego vai descobrir hoje com quem tá lidando, tendeu? Mandei os menor passar todo mundo sem dó e sem piedade, e depois vou decepar tudinho e mandar a cabeça pra favela dele de presente.

Saímos de dentro do beco, e tinha dois vagabundos da tropa do Morcego descendo a rua e eu nem tinha visto, foi a Maya que me avisou.

Atirei na cabeça dos dois e eles caíram no chão, conseguimos atravessar pro outro lado da rua e tudo que eu queria no momento era chegar em uma das minhas casas e deixar a Maya em segurança, tá ligado?

Essa mina ajudou à salvar a vida da minha vó, e por isso eu sinto que devo tudo a ela e também acho que tenho a obrigação de proteger ela, tendeu?

Entramos dentro de um beco e tinha três vagabundos da tropa do Morcego, e naquela hora eu pensei... Fodeu!!! É agora que eu vou morrer no bagulho e a garota ainda vai de arrasta junto comigo.

Xxx: Perdeu filho da puta! Perdeu!— falou sorrindo.— Joga a arma no chão caralho... Vai porra, joga a arma no chão!— tirei a bandoleira que estava em volta do meu corpo e joguei no chão.

Mike: O problema de vocês é comigo. Deixa a garota aqui meter o pé!

Xxx: Quer proteger tua marmitinha nova, Mike?

Mike: Ela não é nada minha, é apenas uma moradora da favela.— falei sério.— Deixa a mina ir no bagulho!

Xxx: Bonitinha ela né?— deu alguns passos se aproximando da gente.

Eu conseguia ouvir a respiração ofegante da Maya atrás de mim, que ficava cada vez mais acelerada e de repente senti minha pistola sendo arrancada do coldre da minha cintura e ela atirou nos dois filhos da puta.

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