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Maycon|Mike.

Rocinha, Rio de Janeiro.
14 de fevereiro, de 2025.

Xxx: Patrão!? Tem uma garota aqui querendo subir, passou a visão que é moradora nova da Rua dos Elíseos, casa 101. Maya o nome dela, procede a informação? Posso liberar?

Kako: Procede, pode liberar a garota!— falou no rádio.

Mike: Alugou teu barraco?— encarei ele que concordou.— Tu não acabou de reformar a parada e ia meter o pé pra lá porque não aguentava mais morar comigo? Colfoi, viu que não consegue viver sem mim e desistiu né?— debochei.

Kako: Tomar no cu pra lá rapá... Desisti mesmo mas só porque não quero ficar longe da minha vó, tendeu? Se fosse só por tu, eu já tava longe era faz tempo.

Mike: Tu não me engana não moleque, você não vive sem mim no bagulho que eu tô ligado.— ele mostrou o dedo do meio pra mim.— E essa moradora nova aí, quem é? Puxou a ficha? Não é mais nenhuma maluca não né? Tu tá ciente que a gente tem que ficar ligado em tudo aqui né? Quem entra e quem saí..

Kako: Claro que puxei pô, sou responsável pela parada, tu acha que vou fazer o bagulho errado? Jamais!

Mike: Os últimos moradores que você liberou tu disse a mesma coisa e a gente só teve problema, tá ligado né?

Kako: A garota é enfermeira mané, vai trabalhar aqui na upa do morro. Só tá se mudando pra cá por causa do novo emprego, tendeu?

Mike: É velha?

Kako: Sei não pô, acho que ela tem uns trinta anos.

Mike: Como você não sabe porra? Tu não acabou de falar que puxou o fundamento da garota e ainda alugou tua casa pra ela caralho?

Kako: A gente só se falou pelo whatsapp pô, ela passou os dados dela, puxei a ficha e nada constou.— balancei a cabeça negando.

Só espero que essa garota aí não me traga nenhum tipo de problema, tá ligado? Se não vou descer a madeira nela e no Kako também pra ele deixar de ser vacilão e fazer os bagulhos de qualquer jeito.

Não sei porque ainda deixo essa parada dos moradores novos na responsa dele, ele só deixa doido vim morar aqui, papo reto. Os últimos moradores que ele disse que puxou o fundamento deram maior trabalho pra gente, uma era usuária de drogas, ficou sem pagar aluguel vários meses do barraco e ainda ficou devendo na boca, o final dela foi vala porque eu não tenho dó. A outra abandonou o filho refém nascido aqui e meteu o pé, o outro matou a mulher esfaqueada. Tá vendo aí, só maluco porra!

[...]

Mike: Desce dois baldes de Brahma aí pra nós seu João!

Seu João: É pra já Mike.

Brotei no bar do seu João com meus faixas, todo final de plantão é de lei brotar aqui pra tomar uma cervejinha e trocar um papo com os parceiros, tá ligado?

E também pra assistir o jogo do meu mengão porra, que inclusive está ganhando de 2x0 do Vasco. Nada muda!

Paulinho: Roubando é fácil nessa porra!

Falou bolada porque o juíz impediu o gol do Vasco, geral aqui é flamenguista, ele sofre na nossa mão, papo reto!

Kako: Só quero saber do meu dinheiro Paulinho.

Paulinho: E o jogo acabou por acaso porra? Relaxa aí caralho!— falou bravo e a gente riu.

Mike: Aceita Paulinho, teu time não aguenta com nós não vagabundo.— falei rindo.

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