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MARATONA INICIADA.
1/4.

Ayla Velasquez 👮🏻‍♀️

Horas já tinham se passado e eu acompanhava tudo que estava acontecendo na Rocinha, ao vivo pela televisão.

Todos os jornais só falavam sobre isso, na internet e até nos perfis de fofocas de outras favelas. Os olhos do Rio de Janeiro inteiro estavam direcionados pra Rocinha e até do Brasil se bobear, porque a operação já tinha virado notícia nacional.

Pela televisão eu conseguia ver os policiais subindo o morro pelos becos e também os bandidos fortemente armados pulando às lajes com seus rostos cobertos com camisetas.

Eu estava super nervosa e também muito preocupada. Minha cabeça só estava na minha mãe, na Amanda, nos meus colegas de trabalho e também na família do Maycon e nele próprio inclusive.

Até o momento ainda não teve nenhuma atualização sobre mortes e eu espero que continue assim.
Espero de coração que ninguém saia machucada dessa guerra, e muito menos morto. Só de imaginar que a minha mãe está lá no meio daquele tiroteio, sinto um aperto enorme no meu peito e um nó na garganta.

Eu já tinha tentado ligar pra Amanda várias vezes mas era óbvio que ela não ia me atender. Ela está no meio daquele confronto. Até pensei em ligar pra minha mãe mas sei como ela é, ela odeia ser atrapalhada no meio do trabalho e ela também ia estranhar o meu interesse por notícias da operação.

Eu estava aqui desesperada sem notícias de ninguém, a minha vontade era de sair daqui e ir pra Rocinha. Mas eu não podia fazer isso, infelizmente. Agora eu não posso pensar só em mim, né?? Tenho que pensar no meu bebê.

Cogitei até ligar pro Maycon, mesmo sabendo que ele não iria me atender também. Tô surtando de preocupação cara! Preciso de notícias.

O barulho do plantão do jornal chamou minha atenção, sentei no sofá e encarei a tv.

Meus olhos se encheram de lágrimas quando vi o Delegado Geral dando entrevista para o repórter na frente da delegacia. Naquele momento eu já sabia que alguma coisa tinha acontecido com a minha mãe. Sempre é ela que dá entrevista para os repórteres.

Peguei meu celular que estava jogado em cima no sofá e cliquei no contato do Maycon. Liguei e caiu direto na caixa postal. Que ódio!

Eu juro do fundo do meu coração que se aquele desgraçado tiver feito qualquer coisa com a minha mãe, eu mato ele. Mato!!!

Liguei novamente pra Amanda e só chamou, então entrei em contato com um dos meus colegas da delegacia e surtei com a informação que ele me passou. O Maycon tinha feito minha mãe e a Amanda de refém. Às duas estavam presas no morro da Rocinha.

O que esse maluco está pensando cara?????
Eu não estou acreditando que ele fez isso, não estou! Cara, eu pedi pra ele. Pedi. Como ele teve coragem de fazer isso comigo meu??? Eu estou grávida de um filho dele!

Quer saber??? Eu vou ir pra Rocinha!!!! Ele só vai fazer alguma coisa contra a minha mãe, se ele tiver coragem de fazer contra mim e o filho dele primeiro.

Fui até o meu quarto, vesti a primeira roupa que eu achei no guarda-roupa e saí do meu apartamento igual uma maluca.

Entrei dentro do meu carro e saí do meu condomínio cantando pneu. Furei todos os faróis vermelhos possíveis, tudo que eu queria era chegar na Rocinha o mais rápido possível.

Quando eu estava me aproximando da entrada do morro, vi de longe a movimentação intensa da imprensa, repórteres, policiais e por isso estacionei o meu carro bem distante deles. Ninguém pode me ver aqui.

E agora??? Como eu vou entrar dentro do morro sem ser vista por ninguém??? A entrada está lotada de policiais. Que inferno!

Fiquei dentro do carro observando o movimento e tentando pensar em uma maneira de entrar sem ser vista por ninguém.

Pela entrada principal sem chances, os policiais estavam parando e revistando qualquer pessoa que tentasse passar. Eu vou precisar entrar pela mata. É o único jeito!

O foda é que eu fiquei sabendo pela Dani que o Maycon tinha fechado e mudado todos os acessos ao morro. Vou ter que arriscar mesmo assim. Não tenho outra escolha!

Dei partida no carro e dirigi até o matagal que dava acesso a parte alta da Rocinha. Eu conhecia esse caminho porque era uma das minhas rotas de fuga, quando eu estava infiltrada.

Demorei uns quinze minutos até chegar na estrada de terra, estacionei o carro um pouco afastado, peguei minha arma dentro do porta luvas e desci do carro. 

Entrei dentro da mata e senti um arrepio por todo o meu corpo. Uma sensação ruim, sabe??

Meu coração estava acelerado, minha respiração estava ofegante e eu também estava sentindo muito medo, muito mesmo.

Eu precisava achar a trilha que dava acesso ao morro porém estava me sentindo completamente perdida. Tudo que tinha sobre a minha volta eram árvores e muito mato.

Ayla: Aí meu Deus. E agora?— falei pra mim mesma.

Eu estava caminhando dentro daquele matagal já fazia mais ou menos uns vinte minutos e eu estava com a sensação de estar andando em círculos.

Ayla: Cadê o inferno dessa trilha.— bufei de raiva.

Escutei um barulho de passos se aproximando, então me agachei e me escondi atrás de uma pedra porém foi em vão.

Xxx: Joga a arma no chão sua vagabunda!— senti o bico gelado do fuzil na minha cabeça.

Sabe quando você paralisa??? Fiquei desse jeitinho, paralisada.

Xxx: Tá surda porra???— bateu com a arma na minha cabeça.— Joga essa porra!

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