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Maycon|Mike.

Rocinha, Rio de Janeiro.
04 de fevereiro, de 2025.

Kako: Pensei que não ia vim trabalhar hoje pô.— me encarou assim que entrei na boca.— Três horas da tarde já.— falou olhando o relógio no pulso dele.

Mike: E desde quando eu tenho horário pra trabalhar nessa porra?— encarei ele.— Tu tá parecendo que é minha mulher mané, só cobrança, solta minha blusa pô.— ele riu.

Kako: Tá nervosinho patrão?

Mike: Fica de deboche mesmo Kako, tô esquentando minha cara contigo, coé!?

Kako: Toma aí.— jogou uma pasta em cima da mesa.— A lista com os fornecedores que tu pediu.— assenti.

Estou no comando da Rocinha faz seis anos, desde quando meu coroa faleceu e eu tive que assumir tudo por ser o filho mais velho. Eu não era obrigado aceitar, até mesmo porque eu nem era envolvido com o crime, meu coroa sempre fez questão de deixar a família longe de tudo.

Quando ele morreu, eu estudava direito em uma universidade particular na pista, desde menor eu falava que ia ser advogado e meu coroa sempre apoiou, tá ligado?

Ele falava que ia ser o Doutor Maycon Dias... Ele tinha orgulho pra caralho, só de lembrar me dá uma vontade de chorar, ele faz uma falta tão grande que eu nem sei explicar.

A vida que meu pai levava nunca encheu meus olhos, pelo ao contrário, eu tinha muito medo porque eu sabia que a qualquer momento ele podia sair e não voltar mais pra casa. Eu sempre quis distância de tudo que ele era envolvido e tinha o sonho de sair da favela e levar toda minha família comigo, inclusive ele.

Só que infelizmente a vida não é como a gente quer e não somos nós que escolhemos o nosso destino, e no caso o meu já estava traçado desde quando eu nasci.

Tudo aconteceu como tinha que ser, entrei pra vida do crime pra vingar a morte dele, nela estou até hoje e só saio quando eu morrer!

A minha missão não era só vingar a vida dele, tá ligado? Também era honrar e continuar com o legado dele!

E até hoje o legado dele segue vivo, sigo honrando e cuidando de tudo que ele construiu um dia e sinto que estou fazendo um bom trabalho. Tenho certeza que da onde ele estiver, está orgulhoso de mim e também do Kako, que é meu braço direito e esquerdo nessa favela.

Eu nunca quis envolver meu irmão nessa vida, e tentei fazer tudo que estava ao meu alcance pra ele ficar longe mas infelizmente isso era um bagulho que estava fora do meu controle, tá ligado?

O Kako desde menor falava que queria ser igual o nosso coroa, e a revolta também consumiu ele, assim como me consumiu, e ele também escolheu a vida do crime pra ele.

Meu coroa costumava a falar que ser bandido era um bagulho que estava no sangue dele, tá ligado? Que não adiantava ele fugir dessa parada não, porque tudo ia ligar ele com a vida do crime de alguma forma ou jeito.

Meu bisavô era bandido, meu avô, meu pai... É, acho que ele estava certo, essa parada está no nosso sangue mesmo, papo reto! Não tem como fugir, tendeu?

Paulinho: Boa meus parceiros.— fez o toque com a gente.

Mike: E aí irmão, tranquilo?— ele concordou.— Conseguiu resolver aquela parada?

Paulinho: Claro né pô... Tá achando o quê? Nenhuma missão é impossível pra mim, coé? Respeita!

Kako: Ala... Tá se achando mesmo tu né menor?

Paulinho: Me acho não mané, eu sou no bagulho!— rimos.

Paulinho é comédia pura, com ele não tem tempo ruim, tá ligado? Esse menor tem um coração puro demais, e é como um irmão pra mim, meu fechamento e um dos poucos que eu confio nessa vida!

Se conhecemos desde menorzinho, crescemos juntos. Eu, ele e o Kako. Quando a gente era menor aprontava pra caralho e deixava minha vó de cabelo em pé, saudades daquele tempo!

Ele entrou na vida do crime novo também, antes de mim até e vários bagulho que eu aprendi foi porque ele me ensinou, tá ligado? Quando eu decidi que queria essa vida maluca pra mim, ele foi uma das únicas pessoas que esteve do meu lado mesmo não apoiando minha decisão.

Paulinho: Marquei a reunião para às meia noite.— assenti.

Mike: Só quero ver se esse fornecedor tem às paradas boa mesmo Paulinho. Tá ligado que se eu for lá só perder meu tempo, vou esquentar minha cara contigo né, parceiro?

Paulinho: Coé!? Já decepcionei alguma vez no bagulho?— neguei.— Então confia pô, parada finíssima, top de linha, última geração, tendeu? Armamento direto do exército estrangeiro pô, papo de guerra, se ligo?

Kako: Só queria entender como tu consegue arrumar esses contatos com essa sua cara de mané, papo reto.— disse rindo e ele mostrou o dedo.

Mike: Jaé então, meia noite nós mete o pé pra verificar se essa parada é de qualidade, e se o bagulho for bom mesmo, a gente fecha com esses gringos aí.— ele assentiu.

Kako: E quanto vai custar essa brincadeirinha?

Paulinho: Uma milha.

Kako: Caralho... Essa parada aí tem que ser coisa fina mesmo Paulinho, coé, um milhão pô? Tá maluco parceiro!

Paulinho: Vamos pensar que é um investimento pô. Precisamos ter um armamento de qualidade. Várias favelas estão investindo nessa parada, e a gente não pode ficar pra trás não, coé?

Mike: Paulinho tá certo, a gente não pode dá mole no bagulho não, tendeu?

Kako: E vocês acham que esses menor vão saber lidar com esse tipo de armamento? Se for essas paradas aí mesmo que o Paulinho mandou o papo, é armamento pesado demais pô.

Mike: Se eles não sabem, vão ter que aprender e vai ser tu.— apontei pra ele.— Que vai ensinar.

Kako: Eu?— ele apontou pra si próprio.

Mike: Quem é o melhor atirador de elite dessa favela? Não é tu caralho? Então é você mermo que vai ensinar eles!— ele balançou a cabeça negando.

Paulinho: E agora mudando de assunto, o fardado lá, entrou em contato?

Mike: Entrou, e por enquanto segue tudo tranquilo, sem nenhuma ameaça de invasão mas ele falou que qualquer parada me aciona.

Paulinho: E você confia nesse filho da puta pô?

Mike: Claro que não né Paulinho, tu acha que eu sou trouxa no bagulho? Se liga mané... Não confio nele mas ele tá ciente que se estiver de vacilação pro meu lado, a família dele vai conhecer o inferno mais cedo, tendeu?? Não brinco em serviço não parceiro!

Kako: E o informante lá na Maré?

Mike: Até agora nenhum retorno.— suspirei.— E esse bagulho já tá começando à me deixar bolado, tá ligado? Já era pra ele ter entrado em contato com nós.

Kako: Será que passaram ele?

Paulinho: Se tivessem passado já tinham mandado a cabeça dele pra gente dentro de uma caixa de presente.

Mike: Tu é vacilão, papo reto.

Paulinho: E eu tô mentindo?

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