Mentiras - VegasPete

26 - Cuidar

Ainda que doa, o amor é essencial. Tocar, cheirar, ouvir e falar são tão importantes quanto amar, chorar, sorrir, enfim, sentir.

A vida pode ser difícil e às vezes uma batalha aparentemente impossível de se sustentar, mas os sentimentos são mais importantes e nos dão o valor essencial que precisamos para seguir. Para viver.

Não desistam, mesmo que o hoje de vocês seja de sentimentos negativos, pois o amanhã pode ser feliz.

E ainda que sintam dor, lembrem-se de que sentir dá o significado da existência.

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Ainda naquela noite, antes de me ajudar a comer, Pete cuidou daquele machucado.

Ele estava bem estressado, porém muito cauteloso ao cuidar do ferimento.

Eu realmente não sei como me cortei.

É bem comum no meu dia a dia.

Acredito que Pete carregue muitas coisas sozinho... Talvez seja por isso que ele não sorri.

Os problemas estão sempre o cercando...

Me sinto mal por ele.

Pete me disse que cuidaria de tudo e que eu não deveria me preocupar, mas como posso ficar em paz se estou sendo mais um fardo para ele?

Então devo cuidar de você como agradecimento.

Ele pode ser bem observador e meticuloso, as vezes me sinto ansioso perto dele, porém também me sinto confortável, seguro desde que tem cuidado de mim.

Pete pode ser extremamente gentil quando quer, e saber disto me deixou muito surpreso!

Mais uma vez ele estava provando ser diferente do que todos julgam, principalmente Sr. Azuma.

Cada dia que passa sinto que tem algo muito estranho nisso, algo que colocou Pete naquela história.

De qualquer forma, ainda acredito que ele não foi uma pessoa má, e se for verdade, sei que teve um motivo.

Me senti um pouco desconfortável quando notei seu olhar analisador na tatuagem em meu pulso, que antes estava coberta pela atadura, enquanto limpava o sangue.

Ele não precisou perguntar nada para que eu entendesse sua curiosidade.

Talvez eu tenha demonstrado, através de minha expressão, que não queria falar sobre e por isso não perguntou nada a respeito.

25/12

Deveria ser o meu aniversário e o de Venice, mas como eu poderia comemorar mais um ano de vida, se essa data também marca a sua morte?

Não deveria mesmo se eu quisesse.

Nunca me permiti querer.

Então cravei a data para nunca deixar de lembrar do que eu não mereço esquecer.

Ah, eu também pedi para que Pete dormisse comigo pelo menos naquela noite.

Ele foi bem relutante no início, mas bastou informá-lo que eu ainda estava assustado com tudo para fazê-lo aceitar.

Ele estava mesmo estressado.

Dormimos no sofá.

E que sofá enorme!

Parecia uma cama bem grande e confortável.

Deitamos um ao lado do outro como fazíamos no hospital.

Por alguma razão, acordei o abraçando e por cima dele.