Capítulo 7

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— Mal posso acreditar que isso esteja acontecendo! — disse Dylan contemplando seu novo saxofone. — Agradecer novamente não é o bastante.

— Toque muito jazz, isso com certeza é o melhor agradecimento — eu disse sorrindo e meu amigo sorriu em resposta.

Me sentia realmente feliz por poder fazer aquilo por ele. Não que eu tivesse mais alguém no mundo para presentear. Na verdade eu tinha, mas ela havia se mudado após o colegial para seguir seu sonho de fazer faculdade. Independente disso, eu me regozijava com essa sensação, pois Dylan era o mais próximo de uma família que eu possuía agora.

Durante muito tempo me senti sozinha no mundo, bem tecnicamente eu era, mas o meu amigo e a música me ajudaram a suprir a dor de ser órfã.

— Temos que batizar seu novo sax! — Interrompi meus pensamentos de .

Dylan assentiu em concordância sem desviar os olhos do seu novo sax, agora pensativo. O que quer que lhe veio à mente o fez sorrir satisfeito.

— Que tal Jimmy?

— Jimmy está perfeito! — concordei.

Então um carteiro entrou na loja interrompendo nossa conversa. O que era estranho, eu não estava esperando nenhuma entrega, ainda assim lá estava ele segurando uma caixa média nas mãos.

— Pois não? — indaguei com a minha curiosidade já em ebulição.

— Vim realizar uma entrega na livraria ao lado, mas ela ainda está fechada. Eu poderia deixar a caixa aqui na sua loja com você? — perguntou ele.

Eu estreitei os olhos. Aquele inocente pedido me colocava na boca do lobo, ou, em outras palavras, nas mãos do pirata. Não que eu pudesse deixar de vê-lo para sempre, entretanto eu gostaria de adiar isso ao máximo. Porque, quando meus olhos pousavam sobre ele, algo estranho acontecia. Naquele momento, a simples lembrança me causava um frenesi incoerente.

— E você não pode simplesmente voltar depois?

Foi a vez de Dylan estreitar os olhos para mim. Dei de ombros em resposta, afinal ele não estava a par do meu dilema que, por acaso, tinha 1,80m de pura perdição somado a um ar intelectual absurdamente sexy.

— Essa atitude não parece ser da pessoa de bom coração que me presenteou agora há pouco com um instrumento.

Caminhei a contragosto em direção ao carteiro e estiquei ligeiramente os braços para pegar a caixa. O peso inesperado quase me derrubou, porém tratei de me aprumar mais do que depressa. Isso não impediu que o carteiro risse de mim. Fuzilei-o com os olhos. Ora, mesmo contrariada eu estava lhe fazendo um favor.

Assim que ele partiu, Dylan pigarreou para chamar minha atenção, ao que parecia ele não deixaria aquela minha atitude passar despercebida.

— Qual o problema em prestar um favor ao dono da livraria, Esther?

— Pode parecer exagero o que vou lhe dizer, mas, acredite, ele é a forma humana do problema.

Dylan deu uma sonora gargalhada.

— A última vez que alguém se referiu a uma pessoa do sexo oposto assim, sabe o que aconteceu?

— O quê? — perguntei interessada.

— Eles acabaram se casando cerca de dois anos depois. — Arregalei os olhos com a resposta. — Bem, a manhã já está quase indo embora e eu preciso trabalhar. Até mais!

Dizendo isso, ele saiu da loja assobiando alegremente como se não tivesse me deixado em pânico. Afinal, o que eu sentia pelo pirata não podia ser classificado como interesse. Era, no máximo, um ligeiro deslumbre, eu disse tentando convencer a mim mesma.


Pessoal conto com vocês para curtir e comentar. Espero que estejam gostando da leitura, até mais!! 

Jazz, livros e o amor no meio dissoOnde histórias criam vida. Descubra agora