Capítulo 6

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- CURTE E COMENTA MUITO PARA INSPIRAR ESTA AUTORA!!


A caminho da loja avistei Dylan sentado em um banco fitando a Catedral St. Louis. Ele me pareceu aborrecido, então resolvi me aproximar. Uma das vantagens em se ter seu próprio negócio era poder protelar para abri-lo vez ou outra.

— Olá, Dylan! — cumprimentei-o me sentando ao seu lado.

— Olá! — respondeu ele sem o entusiasmo de sempre.

Com certeza, algo estava errado e meu instinto me disse para desvendar o mistério.

— Como você está nesta manhã radiante? — perguntei forçando um sorriso.

— Esther, você é péssima tentando ser sutil.

— Ok! — Levantei as mãos em sinal de rendição. — Mas há algo acontecendo e não venha me dizer que não, pois o seu semblante amuado revela isso.

Ele suspirou ruidosamente antes de começar a falar:

— É o Louis, ele estragou. Problemas com as estopas que estão ressecadas além de algumas chaves que estão enferrujadas.

Dylan havia batizado seu saxofone com o nome de uma das lendas do jazz, o que eu achava muito poético. Confusa, eu o fitei sem entender qual era o problema, afinal ele era o cara mais de bem com a vida que eu conhecia e aquilo era fácil de resolver, bastava ele levar Louis a um luthier e o problema estaria resolvido.

— Eu já levei Louis a um luthier, se é o que está se perguntando. E ele disse que meu instrumento foi exposto a variadas temperaturas por eu me apresentar na rua e que sua vida útil chegou ao fim.

— Sinto muito, sei que foi um presente do seu pai —comentei apertando carinhosamente sua mão.

— Eu também, por isso e pelo fato de que, no momento, não posso me dar ao luxo de comprar outro. Sendo assim, não tenho como trabalhar.

— Ora, não me ofenda, se esqueceu de que sou dona de uma loja de instrumentos? — questionei.

— Qual a parte de "não posso comprar outro" você não entendeu? — ressaltou ele.

— Mas eu não estava pensando em lhe vender um sax e sim lhe presentear com um.

Dylan arregalou os olhos emudecendo por alguns segundos.

— É muita gentileza sua, mas não posso aceitar.

— Claro que pode, para que servem os amigos?

Me levantei e o puxei pela mão logo em seguida, sem deixar margem para discussão. Eu lhe ofereci meu braço e ele acabou por aceitar deixando escapar um sorriso, o primeiro desde que começamos a conversar e assim seguimos para a loja admirando os belos cavalos que puxavam carruagens, que remetiam ao século XVIII para a diversão dos turistas.



Luthier: Profissional especializado na construção e no reparo de instrumentos de corda com caixa de ressonância (guitarra, volino etc.), mas não daqueles dotados de teclado.



Jazz, livros e o amor no meio dissoOnde histórias criam vida. Descubra agora