Decidimos voltar caminhando para a casa. Dylan se ofereceu para nos escoltar, porém antes me repreendeu por entrar em confusão. Ora, não era culpa minha se o Brad ainda continuava sendo um babaca racista.
Argumentei com meu amigo, é claro, mas ele tinha uma visão um tanto quanto defensiva quando o assunto era racismo. Dylan usava sempre o mesmo discurso: "Aja naturalmente perto de policiais, deixe as mãos onde possam ver, seja sempre educada e nunca corra".
Eu já estava cansada de saber de tudo isso. Aprendi desde cedo que essa era a regra básica para sobreviver. Por isso, apenas assenti em resposta ao seu puxão de orelha.
Quando paramos em frente à minha casa, os convidei para tomar um café, satisfeita por ter feito compras recentemente.
— Não liguem para a bagunça! — disse mantendo a porta aberta para que entrassem.
Fechei a porta e passei por eles, que continuavam de pé na pequena sala observando emudecidos a minha bagunça. Roupas no sofá, louças na pia, a cama sem arrumar. Nada de novo sob o sol ao menos para mim. Kate e Dylan se encontravam visivelmente chocados.
— Esther, fico me perguntando como você não se perde na sua bagunça — falou Dylan arredando algumas peças de roupa no sofá e se sentando.
Em Nova York, você não duraria um dia sequer no alojamento — Kate completou.
Segui para a cozinha achando graça do assombro dos dois. Liguei a cafeteira e lavei rapidamente a louça, uma vez que todas as minhas canecas se encontravam sujas. Aproveitei para recolher algumas caixas de comida vazias aqui e ali. Coloquei o pote de cookies, waffles e mel na mesa e revirei as gavetas em busca do meu único jogo americano. Depois de montar uma mesa de café decente em tempo recorde fiz sinal para que viessem comer.
Conversamos animadamente e mais tarde, quando foram embora, nenhum dos dois estava convencido de que eu não me perdia na minha "pequena" desordem.
***
Chovia naquela manhã, mas eu estava muito bem-humorada para me aborrecer com isso. Na verdade, a chuva chegava a ser revigorante, pensei, enquanto caminhava com meu guarda-chuva amarelo pela Bourbon Street.
Notei uma Harley Davidson estacionada em frente à minha loja. Fazia tempo que eu não vinha para o trabalho pedalando. Isso seria um problema, porque era exatamente ali que eu costumava deixar minha bicicleta.
A livraria já estava aberta quando cheguei, não que fizesse alguma diferença. Depois da noite passada, eu tinha certeza de que o abismo entre Thomas e eu era gigante.
E não havia atração no mundo capaz de mudar isso, ainda que fosse uma atração arrebatadora daquelas de deixar as pernas bambas e as ideias fracas. Entrei na loja, virei a plaquinha sinalizando que a loja se encontrava aberta e coloquei uma música alta a fim de exorcizar o "demônio" da loja ao lado.
Oi pessoal, tudo bem com vocês? Espero que sim! Não deixem de curtir e comentar o que estão achando da história até aqui a opinião de vocês é muito importante para mim, vocês são meu termômetro para saber se estou seguindo no caminho certo com essa história!
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Jazz, livros e o amor no meio disso
RomanceEsther Blossom respira música, já Thomas Castillo inspira livros. O que esses dois têm em comum além de traumas do passado? Esther é uma mulher forte que já sofreu muito e encontrou nas divas do jazz um reconhecimento e uma fonte de inspiração. Vivi...