Capítulo 05

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O mordomo estava fazendo o nosso ensaio e nesse ensaio tinham muitas bobagens, uma delas eram os votos.

- Vamos cortar esse parte. - disse Rodolffo.

- Não senhor. Isso é uma parte importantíssima.

- Juramentos são coisas muito complicadas para serem feitos em vão.

- Mas se o senhor quer casar, tem que jurar.

Rodolffo segurou na minha mão e repetiu o quê o mordomo lhe dizia e eu gargalhei ao fim.

- A senhora não deve rir. Deve ficar emocionada. - o mordomo me aconselhou.

- Emocionada? Não tem emoção nenhuma. Isso é ridículo. Não é mais fácil dizer apenas "sim" e "sim".

- Pare de zombaria e repita os seus votos. - Rodolffo me alertou.

- Prometo não te amar. Prometo não te cuidar. Prometo não lhe ser fiel. - disse para provocar e isso fez Rodolffo explodir.

- O senhor só volte quando eu chamar. Preciso ter um particular com minha noiva.

O mordomo saiu.

- Por que está fazendo isso?

- Por que o senhor não disse que eu ia ter que mentir tanto. Não gosto de mentiras.

Rodolffo andou em círculos e estava claramente furioso.

- Nunca mais diga que não será fiel a mim. Nem quando quiser me provocar ao máximo.

- Se não será fiel a mim, por que terei que ser fiel a ti?

Vi ele soltar o cinto que usava na calça e pensei no pior.

- Não sou um homem que tolera ser enganado. - ele tinha o cinto na mão. - Se tem coragem de dizer, tem coragem de fazer. Mas eu digo, deixe a sua coragem morrer.

- Se vai me bater, então bata.

- Não vou te bater. Ainda não. Agora comporte-se e vamos fazer as coisas do jeito certo.

O cinto foi deixado na mesa e o ensaio recomeçou. Repetimos os votos e chegou a hora da dança. Eu sei dançar, mas é óbvio que eu fingi que não sabia só para pisar nos pés de Rodolffo.

- Assim vou sair manco desse casamento. - ele disse e eu segurei o riso, mordendo o lábio. - Eu sei que quer rir. - ele também sorriu. - Vamos melhorar. Ainda temos quatro ensaios.

Era a primeira vez que ele abria um sorriso largo e eu pude ver seu rosto se transformar. Ele ficava bonito assim.

...

Tudo acontecia muito rápido. Meu vestido de noiva já está pré fabricado e na manhã seguinte a costureira já veio dá a primeira prova.

- O formato do seu corpo se encaixa perfeitamente em qualquer modelo. Mas esse é lindo para ti e a tua estatura.

- Gostei desse vestido. Mas não diga a ninguém.

- O senhor Bernard encomendou um véu. Estou fazendo do tecido mais branco e mais nobre de toda a Itália.

- Eu não gosto de véu. Tenho medo de cair.

- Como assim?

- Não falo disso com ninguém, mas eu não enxergo tão bem. Na verdade eu preciso de lentes, mas nunca tive como comprar.

- Seu pai não irá te levar na entrada?

- Não. Eu não tenho ninguém. Meu pai e minha mãe já morreram a tempos.

- Eu devo dizer isso ao senhor Bernard. Não vai conseguir enxergar com o véu.

- Por favor, não diga. Eu disse que tinha boa saúde. Não quero voltar a Conques. Darei um jeito.

- Tá bem. Amanhã eu trarei o véu e me dirá se consegue enxergar.

A costureira se foi e eu olhei pela janela. O jardim da mansão estava cheio de pessoas. Eram os preparativos do casamento, cada dia estava mais perto.

...

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