O mordomo estava fazendo o nosso ensaio e nesse ensaio tinham muitas bobagens, uma delas eram os votos.
- Vamos cortar esse parte. - disse Rodolffo.
- Não senhor. Isso é uma parte importantíssima.
- Juramentos são coisas muito complicadas para serem feitos em vão.
- Mas se o senhor quer casar, tem que jurar.
Rodolffo segurou na minha mão e repetiu o quê o mordomo lhe dizia e eu gargalhei ao fim.
- A senhora não deve rir. Deve ficar emocionada. - o mordomo me aconselhou.
- Emocionada? Não tem emoção nenhuma. Isso é ridículo. Não é mais fácil dizer apenas "sim" e "sim".
- Pare de zombaria e repita os seus votos. - Rodolffo me alertou.
- Prometo não te amar. Prometo não te cuidar. Prometo não lhe ser fiel. - disse para provocar e isso fez Rodolffo explodir.
- O senhor só volte quando eu chamar. Preciso ter um particular com minha noiva.
O mordomo saiu.
- Por que está fazendo isso?
- Por que o senhor não disse que eu ia ter que mentir tanto. Não gosto de mentiras.
Rodolffo andou em círculos e estava claramente furioso.
- Nunca mais diga que não será fiel a mim. Nem quando quiser me provocar ao máximo.
- Se não será fiel a mim, por que terei que ser fiel a ti?
Vi ele soltar o cinto que usava na calça e pensei no pior.
- Não sou um homem que tolera ser enganado. - ele tinha o cinto na mão. - Se tem coragem de dizer, tem coragem de fazer. Mas eu digo, deixe a sua coragem morrer.
- Se vai me bater, então bata.
- Não vou te bater. Ainda não. Agora comporte-se e vamos fazer as coisas do jeito certo.
O cinto foi deixado na mesa e o ensaio recomeçou. Repetimos os votos e chegou a hora da dança. Eu sei dançar, mas é óbvio que eu fingi que não sabia só para pisar nos pés de Rodolffo.
- Assim vou sair manco desse casamento. - ele disse e eu segurei o riso, mordendo o lábio. - Eu sei que quer rir. - ele também sorriu. - Vamos melhorar. Ainda temos quatro ensaios.
Era a primeira vez que ele abria um sorriso largo e eu pude ver seu rosto se transformar. Ele ficava bonito assim.
...
Tudo acontecia muito rápido. Meu vestido de noiva já está pré fabricado e na manhã seguinte a costureira já veio dá a primeira prova.
- O formato do seu corpo se encaixa perfeitamente em qualquer modelo. Mas esse é lindo para ti e a tua estatura.
- Gostei desse vestido. Mas não diga a ninguém.
- O senhor Bernard encomendou um véu. Estou fazendo do tecido mais branco e mais nobre de toda a Itália.
- Eu não gosto de véu. Tenho medo de cair.
- Como assim?
- Não falo disso com ninguém, mas eu não enxergo tão bem. Na verdade eu preciso de lentes, mas nunca tive como comprar.
- Seu pai não irá te levar na entrada?
- Não. Eu não tenho ninguém. Meu pai e minha mãe já morreram a tempos.
- Eu devo dizer isso ao senhor Bernard. Não vai conseguir enxergar com o véu.
- Por favor, não diga. Eu disse que tinha boa saúde. Não quero voltar a Conques. Darei um jeito.
- Tá bem. Amanhã eu trarei o véu e me dirá se consegue enxergar.
A costureira se foi e eu olhei pela janela. O jardim da mansão estava cheio de pessoas. Eram os preparativos do casamento, cada dia estava mais perto.
...