Eu via a quantidade de bebida que Rodolffo estava bebendo e se ele continuasse com aquilo daqui a pouco tempo entraria num estado de sono profundo.
- Vamos entrar? - disse tirando a garrafa de perto dele.
- Eu não quero entrar. - ele disse com a voz um pouco vacilante.
- É melhor que entre comigo, do que arrastado por seus funcionários. As pessoas estão querendo isso. Elas querem ver a sua desgraça.
As pessoas que estavam no nosso casamento, em sua maioria, não gostavam do meu marido, isso era visível. Só viviam a comentar e a rir, com ele bêbado tudo ficava maior e eu tinha medo dessa falta de consciência dele por que as pessoas poderiam se aproveitar dessa fragilidade.
- Vem... Eu cuido de você.
Disse o ajudando a levantar. Eu tinha habilidades com bêbados. Meu pai também era um homem grande e eu sempre trazia ele para casa quando ele bebia demais, o quê acontecia com bastante frequência. Até que a bebida te adoeceu e destruiu sua vida.
- Consegue sentir as pernas ainda?
- Consigo.
Rodolffo era bem mais forte que meu pai. Ele não estava tão decadente e tinha bebido um absurdo. Passamos por algumas pessoas e eu acenei para elas enquanto entrava em casa.
Os funcionários que geralmente estavam ali, simplesmente não estavam e eu preferi não arriscar em subir na escada com Rodolffo. Levei ele ao escritório e o ajudei a deitar no enorme sofá que tinha ali. Ele só gemeu e instantes depois estava de olhos cerrados.
Observei sua respiração por um tempo e decidi ir trocar de roupa. Eu voltaria para ficar com ele. Sai do escritório e dei de cara com Joseph.
- Eu sinto muito por isso. - ele disse se aproximando de mim.
- Ele vai ficar bem. É só dormir um pouco, tomar um café forte e amanhã ele estará melhor.
- Não me importo com Rodolffo. Ele já passou da hora de morrer. Meu tio deveria ter matado ele também quando matou a esposa.
- Não diga isso. - eu retruquei e aquelas palavras eram cheias de ódio.
- Eu me importo contigo. - ele tentou tocar meu rosto e eu dei um tapa na sua mão. - Estou encantado por sua pessoa Juliette. Posso dizer que te amo a primeira vista.
Aquilo me deixou indignada.
- Me ama? Está louco. O senhor está na festa do meu casamento. Eu sou uma mulher casada, me respeite.
- E cadê o seu marido? Está bêbado virado. Por que não pode aceitar a mim na sua cama?
- O senhor saia da minha casa antes que eu peça a meus funcionários que te tirei daqui a pontapés.
- Não tem ninguém nessa casa. - ele segurou firme o meu braço. - Eu me certifiquei. E nessas paredes de pedra ninguém pode ouvir um grito seu.
- Joseph, me solte. Eu não estou gostando da forma como tem falado. Siga o seu caminho e me deixe em paz.
Ele sacou de uma faca, pequena e de ponta fina.
- Vai comigo até o seu quarto e terá suas núpcias, não com seu marido, mas comigo. - ele disse passando o cabo da faca no meu rosto.
- Rodolffo matará nós dois.
- Ele morrerá primeiro, tenho certeza.
Joseph começou a me puxar e eu tentava me soltar.
- Se tentar resistir será pior.
- Socorro! Socorro! - eu comecei a gritar enquanto ele me empurrava por cima dos degraus.
...
Despertei com os gritos. Tentei entender quem gritava, mas minha cabeça estava confusa demais. Depois compreendi que os gritos eram de Juliette.
Eu estava tonto e para me sentar foi difícil, mas consegui me reerguer.
...