Eu olhava cada detalhe da minha pequenina menina. Como pode ser assim tão perfeita? Com seus 3,200 kg e seus 47 cm, ela era uma miudinha muito linda. Seu rostinho tinha muito da mãe, principalmente a boca que era a miniatura da de Juliette.
Sorri feito um bobo observando ela, mas minutos depois também chorei. Não era um choro de tristeza, mas sim de alegria e emoção. Era algo novo que eu não sabia lidar direito e era inevitável não refletir sobre toda a minha vida.
Essa criança veio para trazer mais significado a minha existência e sei que a de Juliette também. Juntos decidimos que se fosse menina ela teria um nome duplo, a união do nome da minha mãe e do nome da mãe de Juliette, então ela se chama Elisa Haydée.
Quando fui até minha esposa ela estava dormindo, toquei no seu rosto e senti que ela estava um pouco fria. O clima estava realmente frio e eu a agasalhei com mais cobertas. Lhe dei um beijo suave na testa o quê foi suficiente para despertá-la.
- Cadê a Elisa? - perguntou minha esposa com a voz fraca.
- Está dormindo e daqui a pouco a parteira vem te trazer algo para que coma.
- Não estou com fome. Sinto frio.
- Eu sei. Mas eu acho que é normal. O clima esfriou muito.
- Trás ela para ficar comigo. Por favor, amor.
- Trago sim.
Tirei a Elisa do seu dormitório e trouxe para os braços de Juliette, de modo que o corpo delas estivesse colado.
Juliette sorriu e deu um cheiro na cabeça da pequena.
- Ela saiu de mim mesmo?
Eu sorri e acenei positivo com a cabeça.
- Ah meu Deus. Como consegui?
- Você é forte e segundo a parteira teve um parto impecável. Nasceu natural e sem esforço nenhum.
Juliette ficou emocionada e lágrimas molharam o seu rosto.
- Graças a Deus. Eu também tinha medo.
- E eu pensei que ia morrer de antecipação. O coração galopava.
- Acho que mudei os planos... - ela disse me olhando.
- Quais meu amor?
- O de ter mais filhos. Elisa nos é suficiente e você garantiu que é possível que tenhamos nossos momentos de intimidade sem gerar um novo filho.
Aquelas palavras de Juliette me deixaram um pouco preocupado, antes ela falava que queria no mínimo três crianças, mas eu tentei não me abalar por isso. Era normal, ela sofreu as dores do parto e tudo seria um processo.
Também não era momento de pensar em nossos futuros momentos íntimos, teríamos tempo e talvez com o tempo eu pudesse lhe dizer que a forma mais eficiente para não gerarmos outra vida era de verdade a abstinência e não o coito, mas essa não seria fácil para nenhum de nós dois.
Quando a criada de quarto chegou no quarto, junto dela veio a parteira e essa alegou que iria banhar Juliette, portanto não era adequado que eu estivesse ali.
Sai com o coração partido pela separação, mas não quis relutar. Era melhor assim.
- Elas estão bem filho?
- Graças a Deus sim. Mas acho que Juliette está um pouco triste.
- Não é tristeza Rodolffo, é cansaço.
Meu padrinho era um homem muito sábio então eu resolvi acreditar nele unicamente.
...
No quarto de Juliette.
A parteira arrancou com brutalidade Elisa dos meus braços e me puxou da cama para o quarto de banho.
Ela trazia uma água fumaçante para me banhar.
- Está muito quente. Eu não aguento nessa temperatura.
- Lá fora está frio. A água está ideal e precisa se lavar.
- Eu sei tomar banho sozinha e não quero ninguém comigo.
- Acaso tem vergonha de mim sua estúpida? Não deveria. - ela falou arrogante. - Antes tivesse do vosso marido que lhe viu parindo. Está preparada para ele não tocar mais em você, não está?
Eu não respondi.
- Ele te viu no pior momento da vida de uma mulher. O parto é humilhante e a senhora não percebeu que ele estava com nojo de tudo que viu.
- Isso não é verdade. Meu marido não tem nojo de mim.
- Tem sim senhora. Quem não teria? Eu mesma tenho nojo de sentir o cheiro das recém paridas, imagina um homem.
As palavras daquela mulher me atingiram tão forte que comecei a chorar.
Ela quase me arrancou a roupa que eu usava e me empurrou dentro da banheira. Me senti tão menor, tão frágil e incapaz.
Depois do meu banho, eu fui dá de mamar a bebê e dessa vez eu tinha um pouco mais de leite.
- Tem que massagear para produzir mais.
- Não me toque. - eu disse afastando sua mão de mim.
- Mas que mulher mais cheia de besteira. Se não quer ajuda, tudo bem, a senhora quem sabe.
Eu sentia algumas dores incomodas nos mamilos e a neném mamava devagar então era mais demorado. Depois fiquei com ela e ela arrotou dormindo em seguida.
- Já pode me deixar sozinha. - eu pedi.
- Não posso. Estou cuidando de vocês e seu marido pediu para que eu ficasse.
- Eu quero que ele venha ficar conosco.
- Senhora seu marido saiu de casa.
- Saiu para onde?
- A senhora é mesmo inocente ou se faz?
- Rodolffo não é de sair de casa a noite. Isso não faz sentido nenhum.
- Hoje ele precisa comemorar senhora. - ela disse maldosa e eu esperei que tudo aquilo fosse mentira.
Rodolffo viria ficar conosco e nada disso faria sentido.
...
Jantei e fui subindo para o quarto. Era a primeira noite de vida da minha filha e era evidente que eu queria dormir com as minhas meninas, mas assim que cheguei a porta do quarto fui surpreendido pela parteira.
- Elas estão dormindo senhor. Não vá acordar. Estou lhe pedindo para o bem.
- Não vou acordar. Só quero está junto.
- Sabia que a esposa pode tomar ódio ao marido no resguardo? Então não faça por onde senhor. Procure outro lugar para estar.
- Tudo bem. Vou para o quarto ao lado.
Eu fiz que iria, mas só entrei nele e esperei a parteira descer as escadas. Nada me impediria de dormir junto delas e também eu nunca fui obediente, mesmo na minha idade ainda sou rebelde.
...