Capítulo 30

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- Estava aqui a quanto tempo? - Juliette me disse com um jeito contrariado.

- Vamos até o nosso quarto. - eu pedi segurando sua mão. - É melhor para nós...

Ela não resistiu, mas parecia contrariada. Quando entramos no quarto, eu falei tudo.

- Eu ouvi desde a parte do bolo que é meu sabor preferido até o fim.

- Não devia ficar ouvindo as minhas conversas.

- Por que não me diz as coisas também? Por que não consegue se abrir totalmente para mim?

- Não é por mal. Eu só tenho vergonha... - ela baixou o olhar.

- Vergonha? Não tenha vergonha de mim. - eu segurei seu queixo. - Essa barreira tem que ser quebrada entre nós.

Eu fixei nosso olhar.

- Eu te amo meu marido. - ela disse de uma forma natural.

- Você sempre me surpreende. Nos momentos que eu tenho dúvida, você me dá certeza. Te amar é a coisa mais certa da minha vida. - selei nossos lábios e depois a abracei.

Juliette precisava saber que eu tinha me encontrado com Theodora, então fui logo lhe dizendo.

- Rodolffo não devia ter nem falado com ela.

- Não precisa ter medo de nada. Eu não quero nada além de nós dois e a minha mulher será só você para sempre. Eu não me vejo sendo de mais ninguém.

- Ela não vai desistir por que você quer. Claro que não. Essa mulher é incansável.

- Ela não tem poder sobre nada. Deveria me agradecer por eu não ter deixado ela na miséria.

- O quê você deu a ela?

- Dei dinheiro e jóias.

Juliette se afastou de mim.

- Ela era mesmo uma prostituta. Você pagava pelo seu corpo. Isso é muito imoral.

- Eu sei. Tenho muitos defeitos, alguns incuráveis, mas eu não me orgulho das coisas erradas que já fiz na vida e olha que foram muitas coisas.

- Por que tentou o suicídio?

Aquela pergunta me pegou de surpresa.

- O padrinho te contou isso?

- Contou, mas não disse o motivo. Talvez ele não saiba. Por que não fala mais da sua vida comigo?

- Não me sinto bem falando do meu passado. Ele mostra o meu lado mais fraco e eu não gosto de ser fraco.

- Não tem problema em ser fraco. Ninguém é forte o tempo todo e a sua vida não foi fácil. Eu compreendo a sua.

- Eu vivia um momento muito difícil. Meu padrinho tinha me entregado umas cartas do meu pai e depois de ler tudo que ele escreveu, eu coloquei na cabeça que meu pai não era o meu pai de verdade.

- Eu li as cartas do seu pai. E confesso que elas são muito pesadas. Chorei com algumas por que ela relata tanta coisa triste.

- Quando leu?

- Quando você estava em Paris. Desculpa por eu não ter dito antes, mas eu não me sentia bem em guardar esse segredo.

- Não tem problema. Eu as guardo, mas não leio. Prefiro assim para não ter rancor do meu pai. Saiba que eu o acho um covarde e que sempre tive medo de ser igual a ele. Eu não quero ser igual.

- Não é igual. Só precisa tirar essas coisas da sua cabeça.

- Mesmo que não me quisesse e eu te amasse, nunca teria coragem de te fazer mal. Meu pai não tinha amor no coração. Minha mamãe estava grávida, ela não merecia que uma bala fria acabasse com a sua vida. Isso é tão injusto.

Eu não contive as lágrimas e Juliette chorou comigo.

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