Eu caminhava nas ruas de Paris. Precisava comprar algumas coisas para meu padrinho e aproveitei para comprar uma jóia a minha esposa. Depois da nossa primeira noite de amor, eu acabei não dando o conjunto que eu lhe daria nas nossas núpcias. No fundo, eu fiquei inseguro e com medo dela não aceitar. Então ele está guardado e eu penso em presenteá-la em um outro momento especial.
Sai da joalheira animado e já me preparava para voltar para a casa do meu padrinho. Ele estava melhor e hoje Juliette me disse que ia preparar umas coisas especiais para comemorar o nosso primeiro mês de casados que aconteceu a seis dias atrás.
Eu achava incrível ela se dedicar a fazer uma comemoração por isso. Me arrependo tanto de ter me embriagado no dia mais importante para nós, mas vou tentar compensar.
- Mon amour (meu amor)! - escutei a voz de quem eu não gostaria de encontrar.
Me virei e atrás de mim estava Theodora.
- Como está lindo. E como eu sinto saudades de você.
- Theodora quando me encontrar na rua, faça o favor de trocar de calçada.
- O quê aconteceu com o meu homem?
- Essa pessoa que está a sua frente é um novo homem. E agora sou um homem de verdade.
- Que feitiço aquela desgraçada fez?
- A desgraçada é você. Ela é a minha esposa.
- Ela vai para a cama contigo por medo que você a machuque. Você é um homem horrível Rodolffo. É frio e doente da cabeça.
- Com ela eu não sou assim e ela não é assim comigo.
- Ela já disse que te ama? Eu tenho certeza que não, por que ela está sendo coagida por você. - Theodora me provocou.
- Não estou coagindo ninguém.
- Está tão iludido. A única pessoa que te ama nesse mundo sou eu, mas já que não acredita, você vai descobrir isso da pior forma.
- Saia do meu caminho.
- Eu ainda vou me vingar de você, mas eu vou esperar o momento certo.
- Vá viver a sua vida e esqueça a minha.
Sai de perto daquela mulher venenosa e voltei para casa de meu padrinho com uma insegurança que eu não queria sentir. Eu tinha que confiar no amor que sentia e mesmo que Juliette não falasse que me amava, seus gestos demonstravam amor.
Mas eu sou paranóico e pessimista, então qualquer coisa me leva a pensar bobagens e coisas que só me fazem mal. Eu sou rodeado de fantasmas e por causa deles faço coisas estúpidas.
...
Cheguei na casa do meu padrinho e ele estava no quarto dormindo. Enquanto isso ouço risadas que vem da cozinha e caminhei a passos lentos até lá. Juliette estava com a criada do meu padrinho cozinhando. Fiquei quieto e observando o quê elas conversavam.
- Eu quero que esse bolo fique gostoso. É o sabor preferido de Rodolffo. - ela disse sorridente.
- Quando se apaixonou por ele? - a criada perguntou.
- É tão estranho dizer isso, mas hoje eu consigo entender que foi no primeiro dia que eu o vi.
- Sério?
- Emma eu não sabia nada sobre muitas coisas nessa vida. Fui criada pelo meu pai e vi todas as meninas da minha idade casarem e terem seus filhos, mas eu não iria viver aquilo por que aparentemente ninguém me queria. Quando eu vi Rodolffo a primeira vez e ele disse que viria me levar para casar com ele, eu queria tanto comemorar, mas as coisas não eram tão simples e não foram nada amigáveis no início.
- Você se encantou por ele?
- Sim, mas o repeli e fui agressiva com ele. Se meu corpo queria minha mente não deixava, até que resolvi só escutar o meu sentimento.
- Isso foi no dia do seu casamento?
- Não. As coisas foram complicadas demais nesse dia. Dias depois foi que saiu o nosso primeiro beijo e a nossa primeira noite juntos.
Juliette suspirou e eu continuei atento. Eu queria ouvir mais dela. As coisas que ela não me contava.
- Você teve medo?
- Um pouco, mas eu fui tão feliz também. Eu deixei de ser uma menina e passei a ser mulher. Foi natural e Deus nos mandou um sinal. Acabei chorando pela bobagem de achar que ele não iria mais me procurar, que tudo tinha tido fim.
- Que bobagem. Ele te ama muito, dá para ver no rosto do senhor Rodolffo, está quase escrito na testa.
- Eu também o amo muito. - ela confessou a Emma.
Senti meus olhos queimarem e quis sair dali, mas acabei trombando num objeto e fiz barulho, Juliette me viu e veio até mim.
...