Capítulo 17

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Sorri involuntariamente para Rodolffo. Ele massageava os meus pés, mas seus olhos estavam nos meus e eu senti vergonha. Eu sentia que era errado olhar para ele e imaginar coisas que poderiam ter acontecido entre nós se no dia do casamento eu tivesse cedido. Baixei meu olhar e desfiz a conexão.

- Ei... - ele chamou minha atenção.

Eu voltei a olhar para o meu marido e agora ele massageava a planta do meu pé direito com maestria. Comecei a sentir calor e tudo em mim estava mais vivo. Depois ele fez o mesmo no meu pé esquerdo e eu não desviei mais o olhar. Até que vi ele tocar meus calcanhares. O combinado era os pés, mas ele já tinha elevado a saia do meu vestido até os joelhos. Cada mão dele alisou uma perna minha e eu sabia que aquilo era uma porta que eu estava abrindo para um homem que não merecia.

- Você é linda demais. - ele disse cobrindo novamente os meus pés. - se sente melhor?

- Sim. Eu me sinto.

Eu não tive forças para discutir. Poderia lhe dizer que ele passou dos limites, mas preferi não falar.

Rodolffo veio se sentar junto a mim e percebeu que eu estava suada. Realmente estava sentindo calor.

- Que bom que a febre está te deixando. É o efeito do remédio. - ele segurou minha mão e me falou com atenção. - Não precisa sentir vergonha de olhar nos meus olhos. Mas agora eu quero que descanse, assim seu corpo ficará bom logo.

Não respondi e Rodolffo saiu do quarto. Sozinha eu me livrei das cobertas, me desfiz da parte apertada da roupa e fiquei mais livre na cama. Ela era tão macia e tão confortável. Só fechei os olhos e nada mais me impediu de dormir.

...

Fui até o meu escritório e fiquei lá por um tempo, até que o mordomo veio me trazer um lanche.

- O senhor sabe tocar piano? - perguntei enquanto tomava um café.

- Sim senhor. Aprendi em Paris.

- Acredita que pode ensinar minha mulher a tocar?

- A sua senhora já toca muito bem. Só necessita de mais treino.

- Mas para ela é importante aprender tudo e eu não quero mais o antigo professor a ensinando.

- Então eu posso senhor. Só é mais necessário que ela aprenda a ler as partituras, no mais ela vai muito bem. Porém acredito que ela realmente não estava muito satisfeita com aquele professor. Vi ela dando umas respostas um tanto que...

- Agressivas?

- Isso mesmo senhor. Respostas agressivas as perguntas do professor.

- Eu sabia. - respirei aliviado. - Juliette tem o temperamento difícil, mas não é má pessoa. Aliás, o senhor acha que eu também conseguiria aprender a tocar piano?

- Creio que sim senhor.

- Começamos amanhã. Primeiro estará com Juliette, depois comigo.

- Sim senhor.

Fiquei no escritório até o horário que se aproximava do jantar. Então resolvi que era hora de ver como estava Juliette. Se ela estivesse dormindo, era hora de acordar e comer.

Subi as escadas e quando abri a porta do quarto, ela já não estava mais deitada. Mas Juliette estava no quarto, eu ouvi o seu canto e perseguindo ele a encontrei no meu quarto de banho, precisamente na minha banheira.

Aquela cena fez tudo em mim despertar. Ela tinha os cabelos presos num coque e ensaboava os braços, com uma das minhas espumas de banho.

Juliette se divertia com o banho, assim como sorria e cantava. Assim era a sua essência, algo que ela escondia muito bem de mim. Vi ela limpar o rosto e também dizer a si própria: cheirosa!

Eu não conseguia conter a minha admiração, mas quando percebi que ela deixaria a banheira, sai imediatamente do quarto. Não era o momento de eu ver a sua nudez, seria covardia da minha parte e esperar pelo momento certo é a melhor escolha.

...

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