Capítulo 48

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- Me conte sobre isso Juliette. Agora!

Eu disse tudo ao meu marido. Desde os maus tratos que eu vinha sofrendo com aquela parteira, até o comportamento desprezível de minha criada de quarto. Ele ouviu tudo e parecia furioso.

Saiu do quarto sem nada me dizer e não demorou para que eu ouvisse seus gritos ecoarem na casa. Tampei os ouvidos de Elisa e fechei a porta para abafar, mas tinha um medo absurdo dele cometer uma besteira.

...

Na área dos criados.

- Não neguem suas duas vagabundas. - eu disse esmurrando a mesa. - Estavam querendo o quê com isso que minha esposa tivesse ódio de mim? Andaram perto, mas nem tanto.

Eles estavam tremendo de medo só com o meu modo falar.

- Um dia, um professor meu no internato me disse que eu era um psicopata e sabe que eu concordo com ele. Eu estou com muita vontade de matar vocês duas e amarrar o corpo pelos pés, sangrar vocês como dois animais. Isso que vocês são. - eu me armei de uma faca.

- Senhor Bernard, por Deus.

- Na hora de envenenar minha esposa e judiar dela no resguardo ninguém pensou em Deus. Também o esqueci nesse instante. - amoeli a arma branca na parede. - Quem vem primeiro?

As mulheres choraram muito e se ajoelharam diante de mim.

- Saiam da minha casa e nunca mais voltem aqui. Se eu sonhar, vocês estão mortas. Entenderam?

Elas não responderam. Correram dentro do mato como loucas e meu padrinho veio se aproximando de mim.

- Que coisa mais terrível. Como tiveram coragem?

- Isso não me dói mais padrinho. Ninguém gosta de mim. Sou cercado de inimigos desde pequeno, mas achei que a mulher que eu amo acreditasse em mim. Ela não confia, isso está claro.

- Filho... Tenha paciência. Agiram na fragilidade dela e você sabe disso.

- Padrinho não quero mais falar. Estou exausto. Vou sair...

- Sair? - meu padrinho estranhou. - Para onde?

- Não sei. Qualquer lugar. Preciso andar a cavalo.

Ele segurou firme o meu braço.

- Olhe aqui, se for a zona e fizer sua esposa chorar vou lhe dá uma surra que nunca lhe dei naqueles tempos todos que mereceu. Não me importa que seja um homem jovem e eu um velho, vou te massacrar.

Me soltei e não respondi. Eu sai de casa e fui buscar meu cavalo. Fui cavalgar sem sentido e sem rumo.

...

Enquanto eu tinha Elisa no colo, ouvi alguém bater na porta.

- Entre! - achei que fosse Rodolffo, mas era o Constantino.

- Oi filhas. Como estão?

- Estamos bem e o meu marido?

- Filha... Rodolffo teve mais um rompante de fúria e acho que nunca viveu isso.

- Acho que no casamento padrinho.

- Não sei se foi tudo isso. Mas hoje deve ter ouvido os seus gritos furiosos. Ele ameaçou as mulheres e elas correm atrás agora, mas não ficou só nisso.

- Ele fez o quê?

- Saiu de casa.

Eu fiquei arrasada.

- Tudo pode acontecer Juliette. Ele tá desiludido, eu o conheço. Está magoado por sua desconfiança.

- Agora tem a Elisa. Ele não fica longe dela muito tempo. Tenho certeza que ele foi apenas dá uma volta.

- Filha... Eu queria tanto lhe dizer que está certa, mas... - ele balançou a cabeça.

- Ele jurou para mim.

- Mas entendeu que você não confia nele. Rodolffo tem muitos traumas, dores que considero incuráveis. Ele é todo ferido e a qualquer pancada, isso sangra. Fique bem. Estou aqui, qualquer coisa me chame.

O padrinho saiu do quarto e me aproximei da nossa menina. Lhe dei beijinhos e cheirei.

- O papai não vai longe amorzinho. Daqui a pouco ele volta pra gente. Agora ele tem para quem voltar.

...

A esposa Onde histórias criam vida. Descubra agora