Em algum lugar próximo a igreja.
- A carruagem dela Charlie. Lá vem a noiva.
- Theodora a senhora não deveria tá aqui. Se o senhor descobrir, estou em maus lençóis.
- Olhe para ele Charlie. Está tão lindo. Ele vai pegar ela na carruagem Charlie.
- Estou vendo. Ela é uma senhora muito distinta. Os empregados a adoram.
- Eu só queria um revólver para matar essa maldita. Charlie se ele se apaixonar por essa mulher, eu vou tirar a vida dela. E vou esperar o justo momento que ela estiver grávida.
- A senhora bata na boca. Isso é um pecado terrível. Esse homem já sofreu demais nessa vida, seu pai acabou com a sua família. Só restou o senhor Rodolffo.
- Só restará ele e eu. Não precisamos de mais ninguém. Ele será só meu.
...
A carruagem chegou na lateral da igreja e eu fui ajudar a minha noiva a descer. O véu que ela usava era lindo e cobria todo o seu rosto.
As pessoas saíram de seus assentos para ver a sua chegada. A curiosidade sobre o seu rosto era enorme. Acomodei sua mão junto ao meu braço e eu a olhei da cabeça aos pés.
- Está tudo bem? - perguntei antes de entrar na igreja.
Ela só balançou a cabeça.
Entramos. Tinha muito ruído. Alguns riam e outros comentavam. Esperavam um noiva feia e eu sabia que eles iriam tremer quando visse a minha noiva.
Quando ficamos de frente ao padre, eu levantei o seu véu e revelei o seu lindo rosto. Toda a igreja fez silêncio e eu vi que finas lágrimas molharam sua pele tão bem cuidada.
- Estamos aqui para celebrar a união desse casal... - o padre começou e eu entrelacei meus dedos nos seus.
Sua mão estava quente. E tudo nela era harmônico. Seu cheiro invadia meu nariz de um jeito que eu nunca senti.
A cerimônia seguia e o padre falava muito. Eu prestava pouca atenção. Pensava em muitas coisas e deitar com essa mulher era o quê mais dominava os meus pensamentos.
- A senhorita Juliette Leroy aceita Rodolffo Bernard, como seu legítimo esposo? - o padre me chamou a atenção.
- Sim. Eu aceito. - ela disse sem esboçar nenhuma reação.
Ela parecia dopada. Alguém que não demonstra nada, nem para o bem e nem para o mal.
- Senhor Rodolffo Bernard, aceita a senhorita Juliette como sua legítima esposa?
- Aceito senhor padre.
- Agora troquem as alianças e digam vossos votos perante Deus e os homens.
Juliette começou e colocou a aliança no meu dedo. Ela respirou fundo e me olhou nos olhos, coisa que nunca fez nos ensaios.
- Receba essa jóia como prova da nossa aliança. Estamos perante Deus e perante os homens confirmando o desejo do nosso coração. Agora sou sua esposa e juntos somos uma família. Eu prometo te amar, te honrar, ser fiel a nossa união e estar contigo em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins.
Chegou a minha vez.
- Essa aliança é a prova de que somos um só a partir de hoje. Estaremos juntos em todos os momentos e eu juro perante Deus e perante os homens que serei um provedor para a nossa família. Eu prometo te amar, te proteger, ser fiel ao nosso casamento e estar contigo em todos momentos, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza e na riqueza e na pobreza. - eu coloquei a jóia no seu dedo e beijei sua mão.
Juliette me olhou séria e eu sabia que era por que o beijo não estava no ensaio.
- Agora pode beijar a noiva.
O nosso combinado era que tudo seria convincente, então eu a beijaria.
Me aproximei devagar e dei um beijo no canto da boca de Juliette. Era o certo, o nosso primeiro beijo na boca seria entre quatro paredes.
A cerimônia terminou e fomos abençoados. As pessoas estavam nos olhando e eu sorri. Juliette acenava aos presentes e saímos dali indo diretamente para a nossa festa.
- Está muito calada hoje. Devo me preparar?
- Preparar para quê? Não se prepare para nada. A vida é imprevisível.
A charrete foi interrompida nesse momento e sofremos um tombo.
- Felicidades aos noivos. - Theodora disse junto de Juliette.
- O quê faz aqui? - falei alarmado.
- Vim parabenizar os bombinhos. - ela disse ironizando.
Juliette me olhou contrariada.
- É ela? É a sua amante?
- Sou eu e é comigo que ele dorme. É o meu corpo que ele usa e ama. Você só é um útero fértil para esse homem.
Desci da charrete e tirei Theodora de perto de Juliette.
- Saia daqui sua infeliz. Depois conversamos.
Meus homens tiraram ela do caminho e eu voltei a ficar junto de Juliette.
- Não diga nada. - ela disse erguendo uma mão.
- Eu não sei o quê ela estava fazendo aqui.
- Não tente explicar, por favor me poupe. - ela me olhou com um olhar indignado. - Mas eu nunca pensei que ia me sentir tão ferida vendo essa mulher.
Aquilo me fez olhar admirado para Juliette.
...