Capítulo 42

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Quando a noite caiu na nossa propriedade, veio acompanhada de uma forte chuva. Eram muitos raios e trovões, ventos que apagavam as velas dos lustres e apenas as lâmpadas mais resistentes nos iluminavam.

Juliette estava com medo e eu a tranquilizei.

- Toda tempestade tem fim meu amor... Não precisa ter medo.

- Eu não gosto de chuvas tão violentas. Elas são tão perigosas. - ela disse temerosa.

- Não fique agitada. Lembre-se do nosso bebê e da sua saúde. Venha... Eu te faço carinho, te dou beijinhos e afasto os medos.

- Obrigada por cuidar de nós. Por cuidar de mim.

- Eu já falhei muito na minha missão, mas não quero falhar mais.

- Se não fosse por você, eu teria sido violentada pelo seu primo.

- Aquele verme. Por Deus foi embora sem olhar para trás. Acho que meu tio não ficou sabendo do ocorrido por que a tempos se dão muito mal, porém ele é tão maldoso quanto seu pai.

- Sua aparição, me fez ter meios de me defender. Se não fosse por isso eu teria sido atacada.

- Deus dá a cada pessoa um destino e ele sabia que o seu não era aquele.

- Me perdoa por ter sido tão má contigo no dia do nosso casamento? - ela falou com uma voz triste.

- Perdôo, se também me perdoar por eu não ter te elogiado em um dia tão especial. - eu segurei o seu queixo. - Estava tão linda. A mulher mais linda do mundo.

- Eu nunca tinha vestido uma roupa tão bonita. Chorei tanto frente ao espelho. Por tudo que passei na vida e também por remorso. Fui levada pelo ciúmes e não permite que me tocasse.

- Ciúmes? Sentiu ciúmes de mim?

- Eu odeio aquela mulher. Por mim ela deveria nem viver mais... - minha esposa não dizia palavras em vão. - Ela é uma desgraçada. Achava que era sua dona.

- Eu nunca amei a Theo... - Juliette me impediu de continuar. - Nunca foi nada além de carência.

- Para ti não foi... Para ela foi isso e muito mais. Nunca mais fale o nome dela, por favor.

Juliette terminou de dizer essa frase e gritou. Um raio aparentemente caiu muito perto da nossa propriedade e nos assustou.

- Por Deus. Pareceu uma bomba. - eu disse beijando o topo da cabeça da minha amada.

Resolvi que falar menos era necessário, então ficamos calados, enquanto a chuva caia lá fora com tamanha violência e rapidez.

...

O dia amanheceu e os resultados da chuva da noite inteira começaram a aparecer.

- Senhor, foi uma tempestade muito devastadora. - me comunicou meu mordomo. - Por Deus essa casa está intacta, mas muitas no vale não.

- Meu Deus. Todos que estavam em minha propriedade estão bem?

- Sim. Sua propriedade só teve muitas árvores derrubadas e uma ponte levada, mas tirando isso tudo vai bem.

- Foi uma noite complicada. Tive muito medo por Juliette. Ela teve muito medo e seu estado inspira cuidados.

Enquanto sai para ver o exterior da casa, um funcionário corre em minha direção.

- Senhor Bernard... - ele disse ofegante.

- Pois não...

- Muita coisa aconteceu ontem a noite. Só Deus na causa.

- Seja mais específico. O quê houve?

- O senhor viu que a chuva foi forte e trouxe muitos estragos.

- Mas me falaram que tudo vai bem por aqui. Só danos materiais e não humanos.

- Mas o senhor não sabe o quê houve depois de suas terras...

- Então conte homem.

- A casa de seu tio foi atingida em cheio por um raio senhor. Foi terrível.

- Sério?

- Sério e o pior não foi isso...

- E o quê foi?

Eu sabia que raios são violentos e que muitas vezes foram considerados como punição divina pela maldade dos homens.

- A casa dele pegou fogo. Olha a fumaça que vem de lá até agora. -ele apontou em direção a uma fumaça que tinha no horizonte.

- E como meu tio conseguiu escapar de lá?

- Senhor ele não conseguiu. Vosso tio está morto. Morreu queimado e além dele dentro da casa tinham várias pessoas. Eles estavam se reunindo para fazer alguma coisa, até que seu fim chegou.

Aquela notícia me abalou mais do que deveria. Eu fiquei chocado.

...

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