Eu estava aflito e Juliette estava afetada por tantas dores que vinha sentindo.
- Vou chamar a parteira. - eu dizia de minuto em minuto, mas não tinha coragem de ir e deixar minha mulher sozinha.
Ela se contorcia porém nunca reclamava.
- Vai meu amor... Eu tô sentindo que vai nascer. - ela pediu.
- Eu vou. Mas espera.
Eu enxuguei seu rosto e beijei suas bochechas.
- Ôh meu amor. Eu te amo tanto. - me declarei e ela sorriu enquanto sentia dores.
Ela segurou firme na minha mão e trincou os dentes. Vi ela fazendo força.
- Como posso sair daqui e te deixar? Eu não consigo.
- Me mande fazer força... - ela pediu.
- Porquê?
- Mande!
- Faça força meu amor! Força Juliette!
Ela abriu bem os olhos e fez força uma, duas e na terceira vez eu vi a cabeça do nosso filho apontar. Minhas mãos estavam trêmulas e eu fiquei um pouco em pânico.
Juliette fez mais força e o chorinho tomou todo o quarto. Segurei e ajudei no nascimento da nossa menina. Chorei tanto que não conseguia me conter e olhei para a pequena que eu segurava nos braços.
- Meu Deus... - a parteira entrou invadindo o quarto. - São loucos? Como puderam não me chamar?
Ela entrou correndo, saiu correndo e voltou correndo de novo. Juliette pediu a bebê e ficamos ali nós três juntos por instantes inesquecíveis.
- Minhas menininhas. Eu as amo muito.
Logo depois disso, fui expulso do quarto e xingado exaustivamente pela parteira. Me chamou de inconsequente e tudo mais. Mas sai dali com a sensação inexplicável de felicidade.
Meu padrinho me parabenizou e quis saber como tive coragem para tanto. Eu não soube lhe explicar, mas contra fatos não necessitam explicações.
...
Quando vi a parteira deixar o quarto, quis retornar para vê como estava a minha mulher e minha filha, mas minha entrada foi barrada.
- Não vai entrar aqui de jeito nenhum.
- Por que não?
- Sua mulher está de resguardo. A deixe em paz.
- E por acaso acha que vou tirar a paz dela?
- Acho. Aqui o senhor não entra.
- Entro sim. A senhora saia do meio se não passo por cima.
- Você é um carrasco. Não faça barulho, a neném está mamando.
Entrei devagar e vi Juliette mudar a neném de seio. Seu semblante parecia preocupado.
- Não tenho leite. - ela disse assim que me aproximei. - Nossa filha não terá alimento.
- Calma. - disse lhe beijando a testa. - Ainda é cedo.
A neném permanecia junto ao seio da mãe e como não tinha alimento?
- Não vai saciar ela.
- Vai sim. Ela é pequena. Por hora é suficiente.
A bebê logo estava satisfeita. E o primeiro arroto ela deu nos meus braços. Enquanto isso minha esposa dormiu, estava exausta.
Fiquei com a bebê no colo e ela também dormiu. Fiquei a vigiar as duas. Eu estava plenamente grato, feliz e me sentindo um homem digno de amor.
...