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Esse rapaz é simplesmente o Gabriel. Joaquim não surtou ainda porque está entretido em uns brinquedinhos que tinham ali.

— Tá me seguindo, Barbosa? -me viro de frente para o rapaz

— Ainda não! Cadê o moleque? -ele diz olhando por sua volta

— Ali! -aponto pra onde Joaquim estava sentado e ele vai até lá

Eu fico observando a cena, é espontâneo o sorriso que Joaquim abre ao vê o jogador.

Eles se abraçam e meu filho vem correndo em minha direção.

— Mamãe, olha só...

— Eu já vi meu amor! -rimos

— Eu não tô nem acreditando, dois dias a gente vendo o Gabigol mamãe! -ele diz animado

— Pois é! -digo pegando os pedidos que estavam prontos- Vamos Joca?

— Eu queria ficar mais conversando com o Gabi

— É, mas o Gabi -repito o tom do moleque- já está de saída né?

— Não estou não, acabei de chegar. -ele debocha da minha cara

— Viu mamãe!

— Sua tia está esperando o açaí. -digo tentando convencê-lo porque de fato a Marcella está esperando

— A senhora leva pra ela e eu fico! -diz como se fosse simples

— Óbvio que não! -digo firme

— Qual problema, Margot? Deixa o menino, você volta ou eu levo ele até a areia -o jogador diz agora como se fosse natural

— Meu amor -me abaixo ficando de frente para o Joaquim- O que nós combinamos, hum?

— Que a gente ia só dar um mergulho e voltar pra casa, porque a senhora tá cheio de trabalho -diz tristinho

— Então, a gente vai comer e ir embora! A mamãe precisa trabalhar, tá bom? -pergunto e ele concorda

— A mamãe vai trabalhar, tchau tio Gabi! -ele vai saindo devagar

Tio Gabi. Tio Gabi.

— Ei! -Gabriel chama sua atenção- Você não vai nem me dar um abraço? -Joaquim volta-

— É porque eu quero chorar! -Joaquim diz já deixando uma lágrima escorrer e o Gabriel pega ele nos braços

— Garotão, não precisa chorar! A gente pode se encontrar outras vezes.

Ué. Pode? Desde quando um jogador tem amizade com uma criança aleatória?

Ou ele está falando isso só para o Joaquim parar de chorar? Porque se foi, deu certo, o moleque armou um sorrisão.

— A gente pode combinar de tomar um sorvete ou posso te levar pra conhecer o tio Arrasca que você também gosta! -o jogador continua

— Você está falando sério? -Joaquim diz feliz

— Claro que sim!

— Já se despediram, então agora nós já vamos Joaquim! -digo apressando os dois

Eles se abraçam novamente e o jogador coloca ele no chão que vai indo andando na frente.

— O moleque ficou todo tristinho, Margot! -ele diz me acompanhando até a saída

— Você queria que eu fizessem o que? Deixasse meu filho com uma pessoa que eu nem se quer conheço? Só faltou pedir meu endereço então pra entregá-lo depois. -digo um tanto quanto revoltada

— O endereço agora não, mas o telefone por favor! Eu prometi sair com o moleque. -jogador diz pegando o celular

— Ah, não me enche! -aperto o passo, deixando ele pra trás

Quando chegamos na areia ainda senti ele nos olhando, mesmo que de longe.

— Titia, você não vai acreditar quem a gente viu! -o menino dizia animado

— Acredito que alguém bem legal, porque o tanto que vocês demoraram, nossa! -Marcella diz colocando o boné e pegando o copão de açaí

— O tio Gabi de novo! -diz se jogando na areia

— Gabi. Gabigol? -ela diz em choque

— Sim! Além do mais, ele disse que vai me levar pra tomar sorvete e conhecer o tio Arrasca.

É filho, de repente eu tenho estragado a possibilidade se realmente tiver existido. Porque não tem como o jogador nos achar de novo, seria coincidência demais.

— Margot, esse menino está alucinando ou isso realmente aconteceu? -minha irmã quer saber

— Realmente aconteceu! -digo me sentando na cadeira

— Maluco! Onde eu errei?

— Se você tivesse ido comprar o açaí, teria visto! -digo dando de ombros

— Eu sou uma lesada! -concordei- Eu vou lá agora, calma aí!

— Não minha querida, nem ouse se levantar. Você vai manter a postura e continuar com o rabo sentado na areia! -digo impedindo-a de se mexer

— É o Gabigol, Margot! -ela implora

— Problema! -dou de ombros e ela fecha a cara

Fomos pra casa, almoçamos e em seguida fomos para o ateliê.

— O jogador teve a audácia de pedir meu número, acredita? -digo pegando um tecido e a Marcella engasgou com o gole de água que estava bebendo bem na hora

Eu ainda não tinha contado detalhes de nenhum dia.

— Como é, Margot? Você deu né? -ela diz ansiosa pra saber do desfecho

— Não!

— Mona, você é maluca?

— Ele disse que era pra marcar o sorvete e as coisas que prometeu ao Joaquim, mas sei lá, tudo isso muito estranho Marcella. Pra que ele vai querer agradar tanto um moleque que viu dois dias?

— Problema Margot! Agora tá explicado, ele quer você.

— Ah, para né. Não viaja! O Joaquim encheu a cabeça do cara, deve ser por isso que ele prometeu as coisas, pra se vê livre. Não faz sentido! -digo com desdém- E outra coisa, ontem, eu disse que nem sabia como agradecer por ele ter me ajudado a encontrar a área que vocês estavam né! -ela concordou- Fui gentil e ele me disse que tinham várias maneiras de agradecer.

— MARGOT, ELE TÁ MUITO NA SUAAAA -minha irmã vibra

— Para de gritar e vamos acordar! Ta cheio de trabalho por aqui. -joguei um pedaço de tecido nela

— Essas sortes não caem sobre minha vida, impressionante! -minha irmã diz indignada- Era pra você ter dado o número, a probabilidade de vocês se encontrarem agora, é baixíssima.

— Vem cá, tu acha que eu tô ligando? -me ouço perguntar

— Eu ligaria, ligaria muito. Ele é um gato, fala!

— Chega de falar disso! Já foi. Já passou.

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Olha o tamanho desse capítulo! Vocês me valorizam ein ahahahaha

A(mar) você | Gabriel Barbosa Onde histórias criam vida. Descubra agora