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— Quer me ouvir ou tá com sono? -ele pergunta

— Pode começar!

Nossos olhares se encontram.

— O jogo ontem foi uma merda, tive uma discussão com o pessoal de frente após o término.

— Mas você fez o gol -falo olhando pra ele

— Você assistiu?

— Sim! Posso não ter entendido nada, mas estava vendo, eu vi a hora que entrou, a hora que fez o gol!

Automaticamente ele abriu um sorrisão lindo.

Ele respira fundo.

— Mas não se resume só no gol, sabe! -confirmo com a cabeça- Eu tô sendo cobrado pra caralho, entendo isso, mas é como se eu nadasse, nadasse e morresse na praia, to numa fase horrorosa e por mais que eu esteja me esforçando e fazendo de tudo pra mudar isso, não é suficiente! Outra coisa que pouquíssimas pessoas sabem, só minha família mesmo, é que eu fico um porre após o jogo, independente de resultado, seja ganhando ou perdendo, eu fico chato pra porra.

— E por que aceitou em vir pra cá? Era só dizer que não, eu entenderia

— Porque eu sabia que iria me sentir melhor quando te encontrasse!

Ok, essa confissão me deixou fraquinha.

— E ontem, pela primeira vez, mesmo depois de ter discutido eu não me senti como me sinto sempre pós jogo -ele continua- e tudo foi por água abaixo quando eu cheguei aqui e vi...

— O pai do Joaquim aqui! -interrompo concluindo o que tenho certeza que ele iria dizer

— É! Quando cheguei em casa, tudo veio a toda novamente e aconteceu o que você já sabe

— Você não quis me ouvir, você não me deixou explicar

— E tinha explicação para o que eu vi? -ele quer saber

— Claro Barbosa! Ou você acha que do contrário eu te chamaria pra vir pra minha casa?

Ele ficou em silêncio.

— Joaquim estava com o pai e a princípio viria embora hoje de tardinha. Pouco antes de você chegar aqui, eles chegaram, João disse que surgiu imprevisto e por isso trouxe aquela hora! Eu tinha pedido pizza e o Joaquim ingênuo chamou o pai pra comer também. Foi só isso!

— Vocês tem alguma coisa? Sei lá, se pegam de vez em quando? -o jogador pergunta

— Não! Não temos nada e não nos pegamos há meses.

— Entendi! Eu desenvolvi um carinho muito grande pelo Joaquim, fiquei com medo de não vê-lo mais!

— Fico feliz em saber disso, ele gosta demais de você! -eu sorrio lembrando- Antes mesmo de te conhecer. É... João disse que não quer ficar sabendo que tem outro homem com o Joca, mas eu já coloquei ele no lugar dele, mas mesmo assim, não sei se ele é capaz de fazer algo!

— Eu não vou me afastar do menino por ciuminho bobo do pai, ao menos que você diga que é isso que eu tenha que fazer!

— Não, eu não tenho medo dele! Ele se gaba por ter conhecidos no morro, mas eu nunca tive medo. Ele não é maluco de fazer nada -dou uma pausa- eu acho. Mas é só pra você tomar cuidado! Pode vir vê o Joaquim aqui em casa, sempre que você quiser -ele concorda-

Respirei fundo e continuei.

— Eu tinha medo de você usar meu filho só pra conseguir chegar até mim! -ele me olha surpresa

— Eu entendo, você é uma mãozona do caralho! Eu não seria filho da puta a esse ponto -ele acaricia meu rosto- pode ficar tranquila que eu amarro na dele de verdade!

Eu fiquei muito aliviada em ouvir isso.

— Posso te fazer uma pergunta, talvez um pouco invasiva? -concordo- Mas fica a vontade se não puder e nem quiser responder. Qual teu lance com o L7?

— Do nada? -eu sorri- Lennon é meu melhor amigo, eu conheço ele há anos, antes mesmo dele ter fama. Fomos criando um vínculo de amizade, que ficou ainda mais forte quando ele abdicou de muitas coisas pra ficar ao meu lado na pior fase da minha vida!

— Ficar ao seu lado você diz, namorando?

— Não, como amigo mesmo! A gente nunca teve nada assim, sabe? -concordo- Ja ficamos obviamente, mas nunca confundimos as coisas.

— Qual foi a pior fase da sua vida?

— A gestação!

— Entendi! E o pai do Joaquim?

— Esse aí, nós nunca tivemos um relacionamento. Ninguém deu o braço a torcer pra admitir que estava apaixonado, assumir um namoro! A gente vivia como um casal, mas não era um. Sabe? -ele concorda- Quando descobri a gravidez, ele falou que assumiria, mas sumiu uns meses e voltou em seguida querendo reparar os erros. Eu gostava dele, então aceitei de boa e voltamos a ficar.

— Que filho da puta! Vocês ainda ficam?

— Não! A última vez deve ter sido há uns 7 meses atrás, quando cai na real e decidi acabar com o que nem existia.

Uma pausa!

— E você? -pergunto

— Eu o que?

— Seu lance com a Júlia, seu lance com a sua ex! -digo

— Ê Margot, tá sabendo demais da minha vida né? -reviro os olhos rindo- Júlia e eu ficamos algumas vezes, nada sério e a Rafaella -pausa- é complicado

— Complicado por que? Você ainda a ama? -quero saber

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Antes tarde do que nunca! Demorei, mas cheguei. Cadê vocês me pedindo mais? Tô sentindo faltaaaa

A(mar) você | Gabriel Barbosa Onde histórias criam vida. Descubra agora