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— Senhora Margot, o Senhor Lennon está aqui, pode liberar a entrada dele?

Porteiro interfone para comunicar a chegada dele que eu nem sabia que viria. O bonito nem pra avisar. Abri a porta, nos abraçamos!

— O que devo a honra da sua visita?

— Saudade né, se eu não venho até aqui não te vejo. Cadê o Joca? -ele diz se jogando no sofá

— Tá com o João! -me deito jogando os pés pra cima dele

— Bora colar no Maracanã mais tarde? Jogão do mengão, sei que você está de primeira dama

— Tá sabendo errado, preto! -digo olhando o celular

— Ué, tão junto mais não?

Respirei fundo.

— Nunca estivemos Lennin, foi só um lance!

— Que isso! O que aconteceu? Tá na cara que tu gosta dele pô

— Também não me humilha né, eu tava curtindo, só isso!

— Abre o jogo pra mim, mano

— Tá, tá bom! Eu gosto de ficar com ele, gosto da forma com que temos -dou uma pausa- ou tínhamos intimidade, gosto da nossa conexão, mas é só isso!

— Só isso! -ele gargalha me fazendo rir também- Por isso eu acho que você deveria ir mesmo!

— Tá doido! Eu já levo o Joaquim obrigada.

— Você vai e está decidido! Isso não é um convite, é uma ordem.

...

Adivinhem o que estou fazendo?

Isso mesmo, me arrumando pra ir para o Maracanã. L7, dessa vez eu juro que não pediria pra me esperar.

Abri o closet e dei de cara com o que? A camisa do Flamengo que ele me deu.

Droga, a promessa!

Eu posso simplesmente fingir que foi um surto e não usar essa bosta dia nenhum. Margot, sua palavra então não vale de nada?

Meu subconsciente me questionou isso.

Ta ok, estou com a camisa.

— Pra quem não queria ir, vestiu até a camisa! -diz me olhando quando eu entro no carro

— Eu vou voltar! -a gente ri

— Tem um Gabi e o número dez aí? -ele quer saber

— Deus me livre, não tem nada! Foi uma promessa boba que eu fiz com o dito cujo, que pensei mil vezes em não cumprir, mas lembrei que se tem uma coisa que eu tenho, é palavra!

— Essa é minha menina! -ele diz rindo

Pelos acessos do Maraca, já estávamos no nosso lugar. Aceitei vir, mas com a condição de não ficar em camarote de ninguém, era arquibancada ou arquibancada. Lennon que lute.

O jogo começou, Gabriel estava no banco. Desculpa Gabigol, mas eu agradeci a Deus por isso, te ver hoje nem está nos meus planos.

Não precisa ser torcedora pra entender que isso aqui é a maior torcida do mundo. Todo mundo cantando o tempo todo, vibrando cada passe. Eu tô arrepiada e nem sou torcedora.

Ao segundo tempo, Gabriel começou a se aquecer para possivelmente entrar no campo.

E eu não sei em que momento senti o meu corpo esquentar porque ele estava olhando na minha direção. Não é possível que tenha me visto. Tem milhares de pessoas aqui. Tudo bem, que na parte onde estamos tá mais vazio. Mas e daí?

— Sabe que ele te viu né? -Lennon me cutucou

— Tomara que não, tem milhares de pessoas! -dou de ombros

E a partir daí, ele olhou na minha direção várias e várias vezes antes de começar a jogar. Não demorou muito tempo e adivinha quem chegou?

Fábio, Fabinho.

— Por que não avisou que viria? -ele diz se sentando e me abraçando de lado, após cumprimentar a galera

— Eai Fabão! -abraço de volta- Eu não ia vir.

— Mas veio, podia avisar pra subir para o camarote! Ele não vai gostar de saber que você ficou aqui embaixo.

— Não vim por ele, na real não quero nem saber dele. Só vim porque Lennon me encheu a paciência.

— Ah porra, vocês brigaram? -ele quer saber

— Pergunte pra ele, eu tô de boa Fabinho! -dou de ombros

— Vocês são fodas!

Fabinho voltou para o camarote, insistiu pra gente subir, mas eu neguei.

O jogo terminou e até agora eu nem sei quem é o adversário, só sei que o Flamengo ganhou de 2x1.

— Você não vai me matar se eu disser que nós vamos no vestiário agora né? -Lennon pergunta, me puxando

— Nós quem? Eu não vou pra lugar nenhum. Te espero fora.

GABRIEL BARBOSA
~ Vestiário, pós jogo

Tava a maior zoação do mundo nesse lugar. Uma festa, e eu só quero minha casa. Por mais que a gente tenha ganhado, eu não consigo ficar na vibe. Gosto de ficar na minha e de chegar na minha paz.

Eu tenho um leve pressentimento de que era a Margot, mas ela me disse que não viria.

Tenho certeza de que era ela quando o Lennon chega com os meninos no vestiário.

Nos cumprimentamos, fiquei um pouco ali, mas logo me despedi do pessoal pra ir embora.

Quando saí, dei de cara com o Fabinho conversando com ela.

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Eu falei que voltaria né? Voltei.

A(mar) você | Gabriel Barbosa Onde histórias criam vida. Descubra agora