A estrada.

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Estávamos em uma situação delicada, presos em meio a um congestionamento e com o carro de Dale sofrendo uma avaria no radiador. A tensão pairava no ar enquanto buscávamos soluções para sair daquela enrascada. Glenn estudava o mapa, procurando por um atalho, enquanto o restante do grupo inspecionava os carros em busca de combustível e maneiras de nos tirar dali.

Enquanto isso, na estrada, dividíamos o pouco que tínhamos para comer. Entreguei um pacote de biscoitos que encontrei para Carl e Sophia, compartilhando a refeição improvisada com eles. Era pouco, mas pelo menos nos mantinha ocupados enquanto esperávamos por uma solução.

De repente, o clima mudou bruscamente quando Rick surgiu correndo em nossa direção. Sua expressão tensa e urgente deixou claro que algo estava errado. Ele ordenou que nos escondêssemos debaixo dos carros imediatamente, e todos obedeceram sem hesitação.

Sem fazer barulho, nos abaixamos e nos escondemos embaixo dos veículos, enquanto os horríveis grunhidos dos zumbis ecoavam pelo ar. Eu segurei a respiração, sentindo o medo gelado percorrer minha espinha enquanto os mortos-vivos passavam tão perto que podíamos sentir o cheiro podre de suas peles em decomposição.

Os minutos pareciam horas enquanto os zumbis se moviam ao nosso redor, suas presenças sinistras ameaçando revelar nossa posição a qualquer momento. Sophia estava à beira das lágrimas, e Carol também parecia à beira do colapso emocional, mas Lori a silenciou com um gesto firme, tampando sua boca.

Finalmente, com a maioria dos zumbis já afastados, Sophia cometeu um erro fatal. Em um momento de imprudência, ela tentou sair de seu esconderijo, apenas para atrair a atenção de um zumbi sedento por carne fresca. Outro morto-vivo apareceu, e ela correu para a floresta em pânico.

Rick, surpreso e determinado, seguiu Sophia para ajudar ela. Enquanto a situação se desenrolava ao nosso redor, eu me vi observando a movimentação com uma mistura de curiosidade e apreensão. O desespero de Carol era enorme e cada um estava buscando uma maneira de lidar com a situação da melhor forma possível.

Foi então que Shane apareceu em nossa linha de visão, sua expressão tensa e determinada deixando claro que ele estava preocupado com a situação.

Decidindo agir, Carl e eu nos afastamos da companhia de Lori e nos aproximamos de um carro próximo. Encontramos um saco preto, e ao abrir ele, achamos um arsenal de machados e facas, úteis em uma situação onde não podíamos confiar apenas em armas de fogo.

Shane nos ordenou que levássemos o conteúdo do saco até Dale, e Carl, empolgado, perguntou se podia ficar com uma das facas. No entanto, Lori se meteu, recusando seu pedido. Carl saiu para entregar as facas enquanto eu me sentava ao chão, observando a interação entre ele e Lori com curiosidade.

Percebi o olhar áspero de Shane e a preocupação evidente de Lori. Ela o questionou sobre o que havia acontecido, e Shane respondeu de maneira simples mencionando que ela havia pedido para ele se afastar de sua família e que o que aconteceu no CDC tinha sido um erro dele. Em sua defesa, Shane apontou que todos cometem erros, inclusive ela.

Enquanto eu observava a troca de palavras entre os dois, não pude deixar de me sentir confusa. Era como se estivesse presenciando um jogo de pingue-pongue emocional, onde Lori mandava meu pai se afastar e, em seguida, o chamava de volta. A confusão era inevitável, e eu me vi tentando entender os motivos por trás das atitudes de cada um.

— Será que seu pai e o Daryl acharam a Sophia?— Perguntei para Carl que se sentou ao meu lado a algum tempo.

— Provavelmente não. Se não já teriam voltado.— Respondeu de maneira áspera.

— Adoro como você é positivo.— Sorri falso e voltei a encarar a floresta.

A noite havia caído sobre nós, e a preocupação com Sophia ainda pairava no ar. Eu e Carl decidimos ir até Rick e Daryl, esperando encontrar alguma pista sobre o paradeiro da nossa amiga perdida. No entanto, nossos corações afundaram quando eles nos informaram que não haviam encontrado Sophia.

O dia seguinte trouxe consigo uma sensação de desespero coletivo. Todos estavam sem esperanças de reencontrar Sophia, e a angústia se espalhava como uma sombra sobre o acampamento. Foi então que Rick e Shane decidiram fazer uma varredura no local sozinhos, em uma última tentativa desesperada de encontrar Sophia. Surpreendentemente, concordaram em nos deixar acompanhar eles.

Na floresta, enquanto seguíamos os passos cautelosos de Rick e Shane, avistamos um veado entre as árvores. Carl, sempre curioso, se aproximou dele, determinado a fazer carinho.

—Eu duvido você fazer carinho nele.— Sussurrei e ele me olhou com um sorriso desafiador, indo até o animal.

Rick e Shane ficaram felizes, esperando o contato amigável entre Carl e o veado. Eu também estava ansiosa para ver se ele conseguiria. No entanto, antes que Carl pudesse estender a mão para acariciar o veado, um tiro ecoou pela floresta, rasgando o ar e interrompendo o momento de tranquilidade.

O veado caiu no chão, e o grito de dor de Carl me fez estremecer até a alma. Corri para o lado dele, enquanto Rick e Shane se aproximavam rapidamente, gritando desesperadamente. Eu me vi paralisada, em choque com tudo o que estava acontecendo.

A cena foi uma montanha-russa de emoções, da esperança à tragédia em questão de segundos. Enquanto Rick e Shane se aproximavam de Carl, eu me sentia impotente, incapaz de fazer qualquer coisa para ajudar ele. O sangue pulsava em meus ouvidos enquanto eu olhava para o rosto desmaiado de Carl, minha mente girando em busca de uma solução para aquela terrível situação.

O tiro tinha sido certeiro, o atingindo no estômago, e eu podia ver o sangue se espalhando rapidamente pela sua camiseta.

— Vai ficar tudo bem, Carl. Vai ficar tudo bem. — Eu repetia para ele, mais para mim mesma do que para ele, enquanto Rick pegava ele no colo e começava a correr na direção que o homem que atirou em Carl disse que acharíamos ajuda.

O ar estava carregado de tensão enquanto seguíamos para a fazenda. Otis, o homem que atirara em Carl, parecia determinado a abater o veado e acertou Carl sem querer.Rick corria à nossa frente, segurando Carl nos braços, enquanto eu lutava para acompanhar eles, meus passos vacilantes na grama.

Tudo aconteceu tão rápido, como se estivéssemos presos em um pesadelo do qual não conseguíamos escapar. Meu pai e Rick entraram apressadamente na casa, buscando ajuda para Carl, enquanto eu me vi parada do lado de fora, atordoada e impotente, observando o mundo ao meu redor girar em um turbilhão de caos.

Sentada no chão ao lado da porta de entrada, abracei minhas pernas, tentando conter o tremor que percorria meu corpo. As lágrimas ameaçavam transbordar de meus olhos, mas eu as segurei com determinação, me recusando a ceder ao desespero que ameaçava me consumir.

Foi então que uma voz suave quebrou o silêncio angustiante ao meu redor. Levantei os olhos e vi uma garota loira, alguns anos mais velha do que eu, me olhando com compaixão em seus olhos.

— Ele vai ficar bem — ela disse, sua voz transmitindo uma calma reconfortante.

— Você não sabe disso — respondi, minha voz saindo num sussurro carregado de emoção.

A garota se aproximou, se sentando ao meu lado no chão de madeira . Seu gesto era reconfortante, uma demonstração silenciosa de solidariedade em meio ao caos que nos cercava.

— Eu sei que parece assustador agora, mas vocês vão ficar bem— ela disse, sua voz suave como um sussurro reconfortante.

Eu queria acreditar nela, queria acreditar que tudo ficaria bem no final mas aquilo parecia impossível.

Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora