Outros olhos

119 10 0
                                    


Carl Grimes.

Estava sentado na varanda de casa, observando o movimento de Alexandria, quando finalmente vi os portões se abrirem. Minha memória havia voltado, e com ela, a clareza do que eu sentia por Isabella. Apesar de todas as vezes que ela fugira de mim, hoje eu sabia com mais certeza do que nunca que a amava.

Quando o grupo entrou, meus olhos encontraram Isabella imediatamente. Havia algo no seu olhar, uma tristeza ou talvez confusão, que me fez sentir um aperto no peito. Maggie estava logo atrás dela, parecendo igualmente perturbada.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei, me aproximando deles, tentando entender o que estava errado.

— Não, tá tudo bem. — Maggie respondeu, mas a falsidade em sua voz era evidente. Algo claramente não estava certo.

Antes que eu pudesse pressionar mais, meu pai apareceu e colocou a mão no meu ombro.

— Vem, Carl, vou te explicar. — Ele disse, me puxando para dentro da casa e me tirando dos meus pensamentos sobre Isabella.

Nos sentamos na mesa da cozinha, e ele começou a falar.

— Hilltop se uniu a nós, mas há um preço. — Ele disse, olhando-me nos olhos. — Eles têm uma comunidade inimiga, os Salvadores. Esses caras exigem metade de tudo o que Hilltop produz. Comida, armas, suprimentos... tudo. Hilltop nos pediu ajuda para lidar com eles.

Eu franzi a testa, tentando processar a informação.

— Então, vamos comprar uma briga que não é nossa? — Perguntei, sentindo um nó de preocupação se formar no meu estômago.

Meu pai assentiu, parecendo firme na sua decisão.

— É mais complicado do que isso. É uma ótima oportunidade para ganharmos força.

Esse conflito parecia perigoso, e eu não queria perder mais ninguém. Mas meu pai sempre soube o que fazer, então confiei nele, mesmo com minhas dúvidas.

— Certo, pai. Vamos fazer o que precisa ser feito. — Concordei, tentando manter minha voz firme.

Mas enquanto ele continuava a discutir os detalhes do plano, minha mente vagava de volta para Isabella. Precisava descobrir o que estava acontecendo com ela. Assim que tivesse uma chance, iria procurar ela e garantir que estivesse bem. Mesmo que ela tentasse se afastar de mim novamente, eu não desistiria. Não agora.

Durante todo o dia, não vi Isabella. Tentei procurar por ela, mas ela parecia ter desaparecido. Quando a noite caiu, decidi sair para caminhar e clarear a mente. Enquanto andava pelas ruas silenciosas de Alexandria, vi uma luz acesa em uma janela e percebi que era o quarto dela. Mesmo com a visão limitada de um olho, consegui reconhecer sua silhueta.

Subi em uma árvore próxima, fazendo o possível para não fazer barulho. Com um esforço silencioso, entrei no quarto dela sem aviso.

— Você tá maluco? — Isabella perguntou, se virando assustada para mim.

— Eu tô procurando por você o dia inteiro. — Disse, enquanto ela se sentava na cama, parecendo cansada. Me sentei ao lado dela, preocupado. — O que tá acontecendo com você?

— Um dia cansativo, só isso. — Respondeu, mas eu sabia que havia mais. Suspirei, tentando encontrar a coragem para dizer o que estava em minha mente.

— Isabella, eu... — Comecei, mas fui interrompido quando ela me olhou, seus olhos cheios de água. Antes que eu pudesse terminar a frase, ela me abraçou com força.

Fiquei surpreso por um momento, mas logo retribuí o abraço, sentindo o quão frágil ela parecia. Não sabia exatamente o que estava acontecendo com ela, mas podia sentir a dor e a tristeza emanando dela.

Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora